No mesmo período, número de trabalhadores ocupados teve queda de 3,5%.
Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro
20/08/2020 09h23 Atualizado há 20 horas
Postado em 21 de agosto de 2020 às 08h00m
Desemprego diante da pandemia tem alta de 20,9% entre maio e julho, aponta IBGE
A pandemia do coronavírus fez o número de desempregados no Brasil aumentar em 20,9% entre maio e julho. É o que apontam os dados divulgados nesta quinta-feira (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Além do aumento do desemprego, a pesquisa mostrou que:
- Caiu em 3,5% o número de trabalhadores ocupados na comparação com maio
- O país perdeu 1,9 milhões de trabalhadores informais em três meses
- Houve queda de 42,6% no número de trabalhadores afastados devido ao isolamento social
- 3,2 milhões de trabalhadores afastados ficaram sem remuneração em julho
- 4 milhões de brasileiros recorreram a empréstimos financeiros na pandemia
De acordo com o levantamento, o país encerrou o mês de julho com 12,2 milhões de desempregados, cerca de 2,1 milhões a mais que o registrado em maio, quando somavam, aproximadamente, 10,1 milhões de pessoas.
Com isso, a taxa de desemprego passou de 12,4% em junho para 13,1% em julho.
Ainda segundo o levantamento, o número de trabalhadores ocupados teve queda de 3,5% entre maio e julho, passando de 84,4 milhões para 81,4 milhões. Ou seja, em três meses caiu em 2,9 milhões o número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho.
O levantamento foi feito por meio da Pnad Covid19, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada
com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da
pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com
sintomas associados à síndrome gripal no Brasil.
De acordo com a Pnad Contínua, em junho o país somou 12,8 milhões de desempregados, deixando a taxa de desemprego em 13,3%. No mesmo mês foi registrada nova queda recorde no número de trabalhadores ocupados. Os dados do mercado de trabalho referente ao mês de julho deverão ser divulgados somente no final de setembro.
Desemprego chega a 13,3% e atinge 12,8 milhões no segundo trimestre, diz IBGE
Sudeste e Norte lideram alta do nº de desempregados
Entre as grandes regiões do país, a maior alta no desemprego foi
observada no Sudeste, onde o contingente de desempregados passou de 4,7
milhões em maio para 5,8 milhões em julho - uma alta de 25% em três
meses.
A segunda maior alta ocorreu no Nordeste, onde os desempregados somavam
2,9 milhões em julho, 23% a mais que o registrado em maio, quando eram
2,4 milhões.
No Norte, a alta foi de 21% no mesmo período, passando de 786 mil
desempregados em maio para 949 mil em julho. Já no Sul, a alta foi de
14% em três meses, com o número de desempregados passando de 1,4 milhões
para 1,5 milhões.
Já a menor alta foi observada no Centro-Oeste, onde o número de
desempregados passou de 927 mil em maio para 973 mil em julho - um
aumento de 5%.
Queda na informalidade
O trabalho informal, apontado pelo IBGE como a via que seguro a
ocupação no mercado de trabalho, também foi afetado pela pandemia. Na
comparação com maio, diminuiu em 1,9 milhão o número de pessoas atuando na informalidade no país, o que corresponde a uma queda de 6,4% no período.
De acordo com o levantamento, o país tinha cerca 29,3 milhões de
trabalhadores informais em maio. Em junho, esse número caiu para 29
milhões e chegou a 27,4 milhões em julho.
Com isso, a taxa de informalidade ficou em 33,6% em julho - em maio, ela era de 34,7%.
"O trabalhado informal é uma mão de obra que entra e sai do mercado de trabalho com muita volatilidade. Então, como estamos fazendo análises de um tempo muito curto, é possível que esse número oscile com mais intensidade", apontou a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.
O IBGE considera como trabalhador informal aqueles empregados
no setor privado sem carteira assinada, trabalhadores domésticos sem
carteira, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem
CNPJ, além de pessoas que ajudam parentes.
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Cai o nº de trabalhadores afastados e sem remuneração
A pesquisa mostrou que, em julho, cerca de 6,8 milhões de pessoas trabalhadores que estavam afastados do trabalho devido ao isolamento social promovido pela pandemia. Na comparação com junho, houve queda de 42,6% do número de trabalhadores nesta condição.
“Isso corresponde a menos da metade das pessoas que estavam afastadas em maio, quando a pesquisa começou. Elas retornaram ao trabalho ou podem ter sido demitidas”, explicou Maria Lúcia.
O levantamento mostrou, também, que cerca de 3,2 milhões de trabalhadores ficaram sem a remuneração do trabalho em julho,
o que representa 32,4% do total de pessoas afastadas do trabalho. Em
junho, quase metade dos afastados (48,4%) havia ficado sem remuneração.
No grupo dos não afastados do trabalho, 8,4 milhões estavam trabalhando de forma remota,
o que corresponde a 11,7% da população ocupada que não estava afastada.
Na comparação com maio, diminuiu em cerca de 300 mil o número de
trabalhadores em home office.
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