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BRASÍLIA - Após 13 anos de superávits anuais ininterruptos, a balança comercial brasileira caminha para um déficit em 2014. A principal razão desse cenário pouco promissor é a falta de controle sobre 65,3% do total de exportações, o equivalente a US$ 158 bilhões de tudo que foi vendido no exterior em 2013.
São as chamadas commodities, cujos preços são formulados de acordo com os humores do mercado internacional. A conta inclui itens como soja, minério de ferro, celulose, suco de laranja, etanol, óleos combustíveis, gasolina, café e açúcar, entre outros.
A vulnerabilidade do país às oscilações internacionais de preços já era evidente no ano passado. O saldo da balança comercial, de US$ 2,56 bilhões, foi o pior desde 2000. O desempenho só não foi pior em razão de uma manobra contábil, com a inclusão na conta de exportações de sete plataformas vendidas a empresas estrangeiras e alugadas para a Petrobras. Na prática, elas nunca deixaram o país.
Problemas com vizinhos
Especialistas e técnicos do governo acreditam que os preços das commodities continuarão caindo este ano, devido à possibilidade de desaceleração do consumo na China e à recuperação da economia americana. Para piorar, a indústria está à mercê da concorrência chinesa e de outros asiáticos, não só no mercado interno, mas em outros países.
— Há pouco o que se fazer para melhorar esse cenário — disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Assim como já ocorre com a Venezuela, a Argentina ameaça atrasar pagamentos, desestimulando exportações para aquele país, principalmente de pequenas e médias empresas, que não têm fôlego para esperar meses pelo dinheiro. Ao mesmo tempo, crescem as importações de bens de consumo, entre os quais alimentos, automóveis, calçados e móveis. A avaliação geral é que o governo está apático.
— Essa apatia pode estar ocorrendo porque o governo espera algum efeito da desvalorização cambial que ocorreu na segunda metade de 2013. Outro fator é que estamos em ano eleitoral — disse o economista Fábio Silveira, da GO Consultores.
Até semana passada, havia queda generalizada nas cotações de commodities. Os preços do milho e do café, por exemplo, caíram 32,5% e 28,2%, respectivamente, ante fevereiro de 2013. O óleo de soja apresentou redução de 29,4% e do frango, 15,1%. Essas variações precisam ser compensadas pelo aumento do volume embarcado desses produtos, para que o valor exportado não caia, diz o presidente da AEB.
A situação fica ainda pior, porque o Brasil precisa conviver com vizinhos problemáticos: Argentina e Venezuela, terceiro e sétimo parceiros comerciais, foram responsáveis pela compra, no ano passado, de quase US$ 25 bilhões em produtos brasileiros. A Venezuela mantém um câmbio artificial desde a época do então presidente Hugo Chávez, que morreu no ano passado.
Ameaça a manufaturados
A Argentina já impôs inúmeras barreiras às importações, deve atrasar pagamentos de mercadorias compradas do exterior e depende fortemente do mercado brasileiro. No ano passado, o país registrou um superávit comercial acima de US$ 3 bilhões no intercâmbio com o Brasil.
— O problema crônico que tínhamos com a Venezuela passamos a ter com a Argentina. Além de não vendermos por causa das barreiras, agora não conseguimos receber. O nosso grande parceiro começa a desestimular qualquer relação comercial — disse o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Abijaodi.
Um integrante do governo revelou que existe grande preocupação com a exportação de produtos manufaturados. Somente o setor de eletroeletrônicos e bens de informática e de comunicações teve déficit de US$ 35 bilhões no ano passado.
— O setor industrial precisa lidar com juros altos e carga tributária elevada. A indústria brasileira está muito enfraquecida. Sem a desvalorização do real frente ao dólar, em torno de 17%, a situação estaria bem pior para os manufaturados — ressaltou Fábio Silveira.
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São as chamadas commodities, cujos preços são formulados de acordo com os humores do mercado internacional. A conta inclui itens como soja, minério de ferro, celulose, suco de laranja, etanol, óleos combustíveis, gasolina, café e açúcar, entre outros.
A vulnerabilidade do país às oscilações internacionais de preços já era evidente no ano passado. O saldo da balança comercial, de US$ 2,56 bilhões, foi o pior desde 2000. O desempenho só não foi pior em razão de uma manobra contábil, com a inclusão na conta de exportações de sete plataformas vendidas a empresas estrangeiras e alugadas para a Petrobras. Na prática, elas nunca deixaram o país.
Problemas com vizinhos
Especialistas e técnicos do governo acreditam que os preços das commodities continuarão caindo este ano, devido à possibilidade de desaceleração do consumo na China e à recuperação da economia americana. Para piorar, a indústria está à mercê da concorrência chinesa e de outros asiáticos, não só no mercado interno, mas em outros países.
— Há pouco o que se fazer para melhorar esse cenário — disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Assim como já ocorre com a Venezuela, a Argentina ameaça atrasar pagamentos, desestimulando exportações para aquele país, principalmente de pequenas e médias empresas, que não têm fôlego para esperar meses pelo dinheiro. Ao mesmo tempo, crescem as importações de bens de consumo, entre os quais alimentos, automóveis, calçados e móveis. A avaliação geral é que o governo está apático.
— Essa apatia pode estar ocorrendo porque o governo espera algum efeito da desvalorização cambial que ocorreu na segunda metade de 2013. Outro fator é que estamos em ano eleitoral — disse o economista Fábio Silveira, da GO Consultores.
Até semana passada, havia queda generalizada nas cotações de commodities. Os preços do milho e do café, por exemplo, caíram 32,5% e 28,2%, respectivamente, ante fevereiro de 2013. O óleo de soja apresentou redução de 29,4% e do frango, 15,1%. Essas variações precisam ser compensadas pelo aumento do volume embarcado desses produtos, para que o valor exportado não caia, diz o presidente da AEB.
A situação fica ainda pior, porque o Brasil precisa conviver com vizinhos problemáticos: Argentina e Venezuela, terceiro e sétimo parceiros comerciais, foram responsáveis pela compra, no ano passado, de quase US$ 25 bilhões em produtos brasileiros. A Venezuela mantém um câmbio artificial desde a época do então presidente Hugo Chávez, que morreu no ano passado.
Ameaça a manufaturados
A Argentina já impôs inúmeras barreiras às importações, deve atrasar pagamentos de mercadorias compradas do exterior e depende fortemente do mercado brasileiro. No ano passado, o país registrou um superávit comercial acima de US$ 3 bilhões no intercâmbio com o Brasil.
— O problema crônico que tínhamos com a Venezuela passamos a ter com a Argentina. Além de não vendermos por causa das barreiras, agora não conseguimos receber. O nosso grande parceiro começa a desestimular qualquer relação comercial — disse o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Abijaodi.
Um integrante do governo revelou que existe grande preocupação com a exportação de produtos manufaturados. Somente o setor de eletroeletrônicos e bens de informática e de comunicações teve déficit de US$ 35 bilhões no ano passado.
— O setor industrial precisa lidar com juros altos e carga tributária elevada. A indústria brasileira está muito enfraquecida. Sem a desvalorização do real frente ao dólar, em torno de 17%, a situação estaria bem pior para os manufaturados — ressaltou Fábio Silveira.
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