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Acesso é maior em casas com chefes de família com ensino
superior.
Pesquisa também encontrou municípios que fogem da média
nacional.
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25/01/2013 08h27 - Atualizado em 25/01/2013 09h50
Postado às 11h20
A pesquisa Target Group Index avaliou o comportamento de consumo de 20 mil pessoas entre 12 e 75 anos. O estudo foi feito de fevereiro de 2011 até o mesmo mês de 2012 em dez regiões metropolitanas do Brasil e cidades com mais de 50 mil habitantes do Sul e Sudeste, que apresentam uma melhor infraestrutura de acesso à internet.
Conforme José Calazans, analista do Ibope, a pesquisa foi aplicada em cidades maiores, pois elas sofrem menos influência da infraestrutura. “Quando a infraestrutura é eficiente, a influência da escolaridade fica mais clara”, explicou.
Dados do Censo
Para comprovar a influência da escolaridade no acesso à internet no Brasil, o Ibope aplicou esse conhecimento sobre todos os municípios por meio dos dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa concluiu que quanto maior for a renda e a escolaridade da cidade maior será a penetração da web. Segundo Calazans, a cada R$ 50 acrescentados à renda média da população do município, cresce um ponto percentual o índice de adesão à rede.
No entanto, o Ibope encontrou cidades que fogem da média nacional – apesar de renda ou escolaridade baixa, a penetração à internet é maior do que a esperada. Municípios pequenos do Nordeste conseguem ter um acesso à web maior do que seus vizinhos pela população mais escolarizada, conforme a pesquisa. Essas cidades têm como principal característica a presença de uma universidade próxima.
Lucrécia (RN) | |
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População | 3.633 habitantes |
Área | 31 km2 |
Número de escolas | 5 (ensino fundamental) e 1 (ensino médio) |
Internet | 156 casas tinham PC com acesso à internet em 2010 |
|
Internet via rádio
Primeiro da família a ter curso superior completo, Wellisson Costa, de 24 anos, acessa a internet todos os dias da casa onde mora em Lucrécia. Filho de trabalhadores rurais, ele comprou seu primeiro computador em 2010 para fazer pesquisas para a faculdade. Wellisson se formou em março de 2012 na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), na unidade de Patu (RN), a 30 minutos de Lucrécia.
Wellisson, de 24 anos, comprou seu primeiro
computador em 2010 para a faculdade (Foto: Arquivo Pessoal)
Logo depois de adquirir o netbook, ele contratou um plano de internet de R$
50 em conjunto com uma vizinha. “Não é das melhores, mas quebra o galho. Como a
internet é via rádio, tem muita interferência à noite ou durante o dia quando
chove”, disse Wellisson, que deixou de morar com os pais quando entrou para a
faculdade.“Minha família sempre me incentivou a estudar. Meus pais moram em outra casa numa zona rural. Fui morar com meus avós porque era mais fácil para ir para a faculdade”, conta. O pai de Wellisson é analfabeto e a mãe estudou apenas até a 4ª série do ensino fundamental. Na casa dos avós moram também outros familiares. A renda é de dois salários mínimos para 13 pessoas. Ele é o único que usa o computador e acessa o Facebook diariamente.
Hoje, Wellisson está desempregado, mas, desde que começou a estudar, trabalha na área da educação. “Não tenho nada fixo, mas faço alguns trabalhos às vezes, como substituir um professor”, conta. Wellisson comprou seu computador com o dinheiro que juntou com uma bolsa do governo. Pagou R$ 1,3 mil à vista pela máquina. Ele conta que Lucrécia é uma cidade muito pequena, com pouca oferta de emprego. “As famílias se mantêm por meio da agricultura e de programas do governo federal”.
Wellisson, de Lucrécia, influenciou o
irmão
Wandeson a comprar um computador
(Foto: Andison Araújo/Arquivo Pessoal)
InfluênciaWandeson a comprar um computador
(Foto: Andison Araújo/Arquivo Pessoal)
Wellisson influenciou o irmão Wandeson Van Alves, de 21 anos, a comprar um computador. Ele mora com os pais na zona rural, mas começou a cursar letras na UERN em 2010 e viu a necessidade de ter um PC. Três meses depois de entrar na faculdade, o pai de Wandeson, que ganha um salário mínimo, comprou um netbook para ele.
Durante alguns meses, o estudante usava a máquina apenas para trabalhos acadêmicos. Porém, há 7 meses, resolveu comprar um modem da única operadora na região para se conectar à rede. "Quando preciso fazer algo mais pesado, que exige mais da internet, como baixar vídeos, eu uso o computador do meu irmão", conta Wandeson, que ganha R$ 200 em uma bolsa da faculdade. "Uso o chip do meu celular pré-pago para acessar a internet pelo computador. Pago R$ 0,50 por dia".
Wandeson tem perfil no Facebook há 3 anos e gosta de visitar portais de notícias, blogs e checar e-mails. "Quando coloco crédito no chip, acesso a internet todos os dias. Gasto cerca de R$ 15 por mês". O estudante conta que quando chega o inverno, a internet fica muito ruim por causa da chuva. "A página do Facebook demora uns 5 minutos para abrir", disse. Os pais nunca usam o seu computador. Quando eles precisam de algo que o PC pode ajudar, Wandeson faz para eles.
Nova Roma do Sul (RS) | |
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População | 3.343 habitantes |
Área | 149 km2 |
Número de escolas | 4 (ensino fundamental) e 1 (ensino médio) |
Internet | 213 casas tinham PC com acesso à internet em 2010 |
|
Na região da Serra Gaúcha, o Ibope descobriu uma série de municípios que têm renda média alta, em comparação às outras cidades brasileiras, mas cuja penetração à internet é menor do que a esperada. Aplicando o conhecimento da escolaridade, o estudo identifica outros fatores para o baixo acesso, que interferem no interesse pela internet: são regiões muito rurais ou com grande parte da população idosa, por exemplo.
É o caso de Nova Roma do Sul (RS), a 160 km de Porto Alegre. A renda média da população é de R$ 2,4 mil, o que levou o Ibope a projetar 48% dos domicílios com internet. Na prática, entretanto, apenas 21% das casas têm acesso à web. Nessa cidade da Serra Gaúcha, 65% das pessoas não têm instrução, e apenas 5% têm curso superior completo.
Sem computador em casa, Luciano Sartori, de 30 anos, acessa a internet em Nova Roma do Sul pelo smartphone. Ele decidiu comprar um Galaxy SII, da Samsung, por influência dos amigos, que também têm bons celulares. Sartori pagou R$ 700 pelo aparelho em uma loja em Caxias do Sul, cidade de mais de 400 mil habitantes que fica a 50 km de Nova Roma do Sul. O município onde Sartori mora tem menos de 4 mil habitantes e a população vive basicamente da agricultura, principalmente do cultivo de uvas.
Luciano, de 30 anos, tem uma chácara e gosta
de acessar a internet pelo smartphone para ver
informações sobre cavalos (Foto: Arquivo Pessoal)
Sartori mora com a mãe e trabalha em uma balsa da prefeitura que transporta
carros entre sua cidade e Nova Pádua (RS). Para completar a renda mensal que
varia entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil, ele cria cavalos e bois em uma chácara que
tem há cerca de 8 anos. Sartori não fez faculdade, mas tem ensino médio
completo, diferente da mãe, que não chegou a completar o ensino
fundamental.de acessar a internet pelo smartphone para ver
informações sobre cavalos (Foto: Arquivo Pessoal)
Antes do Galaxy, Sartori tinha o modelo C3, da Nokia. Ele começou a acessar a internet pelo celular há quase 2 anos, mas não tem muito interesse em entrar na rede. A irmã, que mora em uma casa ao lado da sua, tem computador e internet em casa e era onde Sartori acessava antes do smartphone.
“Tenho Facebook há pouco mais de um ano. Como gosto de cavalos e rodeios, sempre acesso o site da ABBC – Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos – para ver notícias, além de pesquisar sobre cavalos”, conta. “Mas não uso muito [a internet]. Acesso todos os dias, mas fico pouco tempo”. No smartphone, Sartori também tem o aplicativo do Banco do Brasil, para acessar sua conta bancária.
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