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INTERNACIONAL --\\-- ECONOMIA & MERCADOS -.- ZONA DO EURO -- [ DE NOVO A CRISE ]
Diretor do Banco Central Europeu defende união bancária da região e diz que Brasil é exemplo de como se emerge de uma crise
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PARIS — Para o Banco Central Europeu (BCE), as perspectivas em questão de estabilidade financeira na zona do euro permanecem “bastante difíceis”. O diretor do BCE Benoît Coeuré — que participa amanhã, no Rio, de reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) — defende a necessidade urgente da criação da União Bancária Europeia. Ele acredita que o Brasil está no caminho certo para um crescimento durável, embora deva estar atento às armadilhas do presente.
O GLOBO: O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse recentemente que o BCE, incluído “no centro da zona do euro”, deveria ter uma ação maior na sustentação da demanda e na partilha do peso dos ajustes econômicos. O senhor concorda?
BENOÎT COEURÉ: O BCE tem fornecido bastante apoio para a economia da zona do euro, dentro de seus limites e de seu mandato, que é o de garantir estabilidade de preços a médio prazo. O banco recorreu a medidas de política monetária não tradicionais, algumas vezes bastante audaciosas. Isto proporcionou e tem continuado a proporcionar liquidez para sólidas instituições financeiras na zona euro, mediante garantias adequadas. Mas estamos em um estágio da crise em que questões fundamentais devem ser enfrentadas. Quais são as raízes da crise? São os desequilíbrios econômicos e fiscais, e uma insuficiente integração econômica e financeira. Isto exige uma ação resoluta nos níveis nacional e europeu nas áreas de política fiscal, medidas estruturais e supervisão financeira.
Em relação à supervisão do setor bancário, o BCE prega a criação da União Bancária Europeia. Qual é a urgência deste organismo para a Europa?
COEURÉ: União fiscal é uma questão de urgência por duas razões. Primeiro, para consertar um dos mecanismos chave da crise, o círculo vicioso entre o crédito bancário e o crédito soberano. Segundo, para combater a fragmentação do mercado na zona do euro. A união financeira vai ajudar a colher os benefícios totais da integração financeira, ao mesmo tempo reduzindo seus riscos inerentes, e vai, deste modo, ser útil para a estabilidade financeira. Mas não se deve confundir: a maior ameaça para o mercado único não é a união financeira, mas a fragmentação e a tentação de supervisores nacionais de proteger seus domínios.
Como o senhor vê o atual debate que opõe a adoção de medidas para favorecer o crescimento e as políticas de austeridade?
COEURÉ: É um engano ver a consolidação fiscal e o crescimento como objetivos de política exclusivos. Finanças públicas estáveis e gastos públicos eficientes são precondição para um crescimento sustentável. Eu não ouço cidadãos europeus aprovarem elevados níveis de dívida, nem vejo investidores querendo comprar esta dívida. Políticas de crescimento são um complemento indispensável à consolidação fiscal e espero decisões concretas do Conselho Europeu nesta área.
Os eurobônus são uma boa solução?
COEURÉ: Os eurobônus não são a salvação para Europa. Podem trazer benefícios econômicos e financeiros, mas ao fim só podem ser considerados como um passo para a união fiscal se houver um controle conjunto de dívidas e déficits e forte responsabilidade democrática.
Que ameaças existem hoje ao crescimento brasileiro?
COEURÉ: O Brasil tem se saído notavelmente bem ao longo dos anos e tem resistido a seguidos ciclos de crises muito melhor do que no passado. Obviamente aprendeu as dificuldades e os benefícios de uma estrutura sólida de políticas. Esta é uma questão de esperança para a zona do euro, e mostra como se pode emergir de uma crise.
Em que medida a crise europeia pode afetar os emergentes?
COEURÉ: Não se pode ver os emergentes como um grupo homogêneo nesta análise. Alguns países têm sofrido mais por causa de trocas comerciais ou ligações financeiras mais estreitas com a zona do euro. As repercussões negativas são uma razão adicional para que medidas decisivas sejam necessárias na Europa. Dito isto, a queda mundial não se origina na zona do euro. Há outras fontes de incertezas, como a volatilidade dos preços de commodities e os altos níveis de déficits em outras importantes economias desenvolvidas.
O GLOBO: O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse recentemente que o BCE, incluído “no centro da zona do euro”, deveria ter uma ação maior na sustentação da demanda e na partilha do peso dos ajustes econômicos. O senhor concorda?
BENOÎT COEURÉ: O BCE tem fornecido bastante apoio para a economia da zona do euro, dentro de seus limites e de seu mandato, que é o de garantir estabilidade de preços a médio prazo. O banco recorreu a medidas de política monetária não tradicionais, algumas vezes bastante audaciosas. Isto proporcionou e tem continuado a proporcionar liquidez para sólidas instituições financeiras na zona euro, mediante garantias adequadas. Mas estamos em um estágio da crise em que questões fundamentais devem ser enfrentadas. Quais são as raízes da crise? São os desequilíbrios econômicos e fiscais, e uma insuficiente integração econômica e financeira. Isto exige uma ação resoluta nos níveis nacional e europeu nas áreas de política fiscal, medidas estruturais e supervisão financeira.
Em relação à supervisão do setor bancário, o BCE prega a criação da União Bancária Europeia. Qual é a urgência deste organismo para a Europa?
COEURÉ: União fiscal é uma questão de urgência por duas razões. Primeiro, para consertar um dos mecanismos chave da crise, o círculo vicioso entre o crédito bancário e o crédito soberano. Segundo, para combater a fragmentação do mercado na zona do euro. A união financeira vai ajudar a colher os benefícios totais da integração financeira, ao mesmo tempo reduzindo seus riscos inerentes, e vai, deste modo, ser útil para a estabilidade financeira. Mas não se deve confundir: a maior ameaça para o mercado único não é a união financeira, mas a fragmentação e a tentação de supervisores nacionais de proteger seus domínios.
Como o senhor vê o atual debate que opõe a adoção de medidas para favorecer o crescimento e as políticas de austeridade?
COEURÉ: É um engano ver a consolidação fiscal e o crescimento como objetivos de política exclusivos. Finanças públicas estáveis e gastos públicos eficientes são precondição para um crescimento sustentável. Eu não ouço cidadãos europeus aprovarem elevados níveis de dívida, nem vejo investidores querendo comprar esta dívida. Políticas de crescimento são um complemento indispensável à consolidação fiscal e espero decisões concretas do Conselho Europeu nesta área.
Os eurobônus são uma boa solução?
COEURÉ: Os eurobônus não são a salvação para Europa. Podem trazer benefícios econômicos e financeiros, mas ao fim só podem ser considerados como um passo para a união fiscal se houver um controle conjunto de dívidas e déficits e forte responsabilidade democrática.
Que ameaças existem hoje ao crescimento brasileiro?
COEURÉ: O Brasil tem se saído notavelmente bem ao longo dos anos e tem resistido a seguidos ciclos de crises muito melhor do que no passado. Obviamente aprendeu as dificuldades e os benefícios de uma estrutura sólida de políticas. Esta é uma questão de esperança para a zona do euro, e mostra como se pode emergir de uma crise.
Em que medida a crise europeia pode afetar os emergentes?
COEURÉ: Não se pode ver os emergentes como um grupo homogêneo nesta análise. Alguns países têm sofrido mais por causa de trocas comerciais ou ligações financeiras mais estreitas com a zona do euro. As repercussões negativas são uma razão adicional para que medidas decisivas sejam necessárias na Europa. Dito isto, a queda mundial não se origina na zona do euro. Há outras fontes de incertezas, como a volatilidade dos preços de commodities e os altos níveis de déficits em outras importantes economias desenvolvidas.
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