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No trajeto, baixa um game no smartphone. Numa estação pública de Wi-Fi, numa das principais avenidas de Seul, acessa a programação dos cinemas, o mapa do bairro e ainda tira um biscoito da sorte online, que recomenda: "Não perca tempo. Aproveite o dia". Na saída de um café, também com rede wireless, como todos os cafés da capital, participa de uma promoção rápida: tira sua própria foto com celular, posta no Facebook e ganha uma garrafa de água vitaminada. É quase impossível acompanhar o ritmo dos sul-coreanos, o povo mais conectado do planeta.
Velocidade da internet é exemplo até para os EUA
A Coreia do Sul fez da inclusão digital uma de suas alavancas econômicas, liderando o último ranking mundial de tecnologia da informação e comunicação da União Internacional de Telecomunicações, um órgão da ONU. Noventa e sete por cento dos domicílios têm internet e a penetração da banda larga (91%) é a maior do planeta. O novo milagre econômico sul-coreano, como mostrou reportagem publicada ontem no GLOBO, é movido por pesados investimentos do país em tecnologia, inovação e educação. Para especialistas, o modelo do país asiático deve inspirar o Brasil a perseguir um desenvolvimento mais globalizado, com destaque para o ensino e avanços tecnológicos.
Um dos grandes investimentos do governo é a smart education — sistema que permite aos alunos estudar onde e quando quiserem. Até 2015, todo o currículo escolar estará digitalizado, com conexão sem fio em 100% das escolas. A substituição gradual dos livros pelos notebooks ou tablets não será problema para as novas gerações sul-coreanas, que desde cedo têm acesso à tecnologia. Hiperconectadas, elas estão prontas para um futuro sem lápis.
Na Avenida Gangnam, no Centro de Seul, a enfermeira Kwon Eun Jung, de 23 anos, analisa num tablet as imagens dos instrumentos cirúrgicos que usará dentro de algumas horas no hospital onde trabalha.
— Não preciso mais de livros — diz ela, sentada num ponto de ônibus Wi-Fi. — Mas estou apenas seguindo o fluxo. É assim que meus colegas estudam.
No eficiente metrô de Seul, que transporta seis milhões de pessoas por dia, os usuários também podem acessar a web de graça de qualquer vagão. Os sul-coreanos têm a rede mais rápida do mundo — citada pelo presidente Barack Obama como um exemplo a ser seguido pelos EUA. A média é de 17,5 Mbps (megabits por segundo), de acordo com pesquisa da empresa de tecnologia Akamai. O mesmo relatório indicou que a velocidade média da web brasileira é de 1,8 Mbps.
Até o fim deste ano, o governo sul-coreano quer todas as casas conectadas a um gigabit por segundo. O projeto Smart Seul, um investimento de US$ 800 milhões, prevê a expansão dos serviços online e da segurança digital na capital até 2015, quando 80% da população deverão ter smartphone.
A promoção oficial da banda larga começou na década de 90, enquanto os americanos, por exemplo, apostavam no acesso discado. Incentivos foram dados às empresas e assinaturas foram subsidiadas, assim como a compra de PCs e até aulas para quem queria navegar na web.
Número de usuários de banda larga dobra
O resultado é hoje um país que os especialistas classificam como um "Nirvana tecnológico", onde a alta qualidade das conexões, a convergência de sistemas e a capacidade de adaptação da população a novas tecnologias fazem da Coreia do Sul o palco ideal para o teste de produtos digitais. Só na primeira década do século XXI, o número de usuários da banda larga subiu de 7,8 milhões para 17,2 milhões. A indústria da tecnologia, que inclui produtos como chips e celulares, responde por 33% das exportações nacionais. É um país sempre plugado.
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