23/04/2012-08h55
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GRACILIANO ROCHA
DE SALVADOR
Depois que o conflito fundiário entre índios e fazendeiros no sul da Bahia deixou um morto e um ferido a bala, a Polícia Federal enviou para a região o COT (Comando de Operações Táticas), uma "tropa de elite" que atua na contenção de distúrbios.DE SALVADOR
A operação, deflagrada ontem, visa manter a ordem e coibir tanto novas invasões de terra pelos pataxós hã hã hãe quanto uma reação armada de fazendeiros nos municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia.
Um dos objetivos do reforço policial é tentar deter líderes indígenas e fazendeiros que estejam por trás de atos de violência, segundo a PF.
"Vamos pacificar a região e manter a ordem. É uma operação sem prazo para terminar", disse o delegado da PF de Ilhéus, Rodrigo Reis.
O COT tem experiência em conflitos fundiários. A tropa atuou na Operação Arco de Fogo contra desmatadores na Amazônia e na retirada de arrozeiros da reserva Raposa Serra do Sol (RR). Neste ano, participou do gerenciamento da crise da greve dos PMs da Bahia, quando a Assembleia Legislativa foi tomada.
Cerca de 20 policiais do COT foram deslocados ontem para Pau Brasil. O grupo vai atuar ao lado de unidades de elite da PM baiana. Ao todo, pelo menos 50 policiais vão patrulhar a área.
MILÍCIAS
Índios e fazendeiros disputam uma área de 54 mil hectares. Neste ano, os pataxós invadiram 68 fazendas para pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) a julgar ação de 1982, movida pela Funai (Fundação Nacional do Índio), que tenta anular os títulos de 396 propriedades para criar uma reserva.
Produtores rurais, que contestam a ação no STF, contrataram homens armados para impedir novas invasões.
Na semana passada, a Folha encontrou milícias em uma estrada rural da região.
A situação ficou crítica na sexta-feira, em uma fazenda não invadida em Pau Brasil. O funcionário da fazenda Santa Rita Júlio César Passos da Silva, 31, foi morto com um tiro na cabeça.
No mesmo local, o pataxó Ivanildo dos Santos, 29, foi ferido na coxa por um disparo. Os autores dos crimes ainda não foram identificados.
Ruralistas e índios trocam acusações sobre a contratação de pistoleiros. A Funai alega desconhecer que os pataxós estejam armados e diz que aguarda a investigação da morte do trabalhador rural.
Segundo o delegado Rodrigo Reis, os inquéritos só serão conduzidos pela PF se forem comprovados os vínculos dos crimes com o conflito.
Ele não descarta a possibilidade de o homicídio estar relacionado a questão trabalhista ou passional.
"Podem estar se aproveitando para cometer crimes e colocar na conta dos índios ou fazendeiros."
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