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sexta-feira, 6 de maio de 2011

O resgate de corpos do voo 447 divide as famílias envolvidas no acidente

Por outro lado, a identificação pode acelerar as indenizações e a obtenção de certidões de óbito das vítimas.


## = ## O resgate do primeiro corpo submerso no Atlântico reabriu o luto e dividiu opiniões entre os familiares das vítimas do voo 447. Quase dois anos depois do acidente que deixou 228 mortos, a notícia traz conforto para uns e indignação para outros, que preferiam que os corpos fossem "deixados em paz".

Em 2009, logo após a queda do avião, 50 corpos foram resgatados. Ainda faltou a identificação - e posterior sepultamento - de 178. Para o presidente da Associação de Familiares de Vítimas do Voo AF-447, Nelson Faria Marinho, a localização de um novo corpo e a promessa de que as buscas vão continuar representam a chance de encerrar um ciclo. "Muitas famílias ficaram frustradas e agora finalmente vão poder ter um enterro."
Nelson, que é pai de uma das vítimas, conta que a notícia também é importante do ponto de vista legal, uma vez que os familiares vão conseguir a certidão de óbito de seus parentes. "É o pontapé inicial para indenizações, aposentadoria, movimentações bancárias. Para conseguir a certidão de morte presumida, leva-se de seis meses a dois anos. Até hoje não consegui a do meu filho", disse.
O presidente da associação só criticou o envio dos corpos a França, dizendo que isso contraria a vontade dos familiares brasileiros. "Os primeiros 50, quando foram encontrados, vieram para o Brasil. Pedimos que estes viessem também, mas não fomos atendidos", afirmou. Marinho ainda voltou a defender que a caixa-preta seja analisada em um "país neutro", como os Estados Unidos, e não na França.
Em Paris, a operação também reavivou a dor das famílias. Robert Soulas, pai de uma jovem e sogro de outra vítima, reconheceu que havia impasse entre as famílias. Ele próprio era contra a retirada dos corpos do fundo do mar, mas aceitou a decisão da Justiça francesa. "Não havia solução que satisfizesse a todos", confirmou. "Era preciso tomar uma decisão e não adiantaria o governo consultar as famílias, já sabendo que não haveria unanimidade."


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