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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

PIB do Brasil cresce 0,9% no 2° trimestre de 2023, diz IBGE

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Resultado vem depois de uma alta de 1,8% no primeiro trimestre deste ano.
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Por Raphael Martins, g1

Postado em 01 de setembro de 2023 às 09h30m

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PIB do Brasil: Setor de serviços volta a puxar resultado positivo no 2º trimestre — Foto: Fábio Tito/g1
PIB do Brasil: Setor de serviços volta a puxar resultado positivo no 2º trimestre — Foto: Fábio Tito/g1

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% no 2º trimestre de 2023, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (1º).

Este é o oitavo resultado positivo consecutivo do indicador em bases trimestrais. O saldo vem depois de a atividade econômica brasileira crescer 1,8% no 1º trimestre, com uma forte expansão da agropecuária.

No segundo trimestre, a agropecuária seguiu em alto patamar. Houve um leve recuo de 0,9%, vindo de uma base de comparação alta do período anterior, quando havia disparado 21%, na maior alta para o setor desde 1996. Os resultados do período foram revisados pelo IBGE nesta sexta-feira.

Mas o desempenho positivo do PIB veio espalhado também nos demais setores, puxado por bons desempenhos dos serviços (0,6%) e da indústria (0,9%). Considerando que o setor de serviços equivale a 70% do PIB, seu desempenho tem o maior peso no resultado total de crescimento no período.

Variação trimestral do PIB brasileiro — Foto: g1
Variação trimestral do PIB brasileiro — Foto: g1

Em relação ao mesmo trimestre de 2022, o PIB brasileiro teve alta de 3,4%. Na janela anual, a alta acumulada em quatro trimestres é de 3,2%. E, no semestre, a alta acumulada foi de 3,7%. (Saiba mais abaixo)

Por fim, em valores correntes, o PIB totalizou R$ 2,651 trilhões, com R$ 2,315 trilhões vindos de Valor Adicionado (VA) a preços básicos, e R$ 335,7 bilhões de Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

Principais destaques do PIB no 2º trimestre:

  • Serviços: 0,6%
  • Indústria: 0,9%
  • Agropecuária: - 0,9%
  • Consumo das famílias: 0,9%
  • Consumo do governo: 0,7%
  • Investimentos: 0,1%
  • Exportações: 2,9%
  • Importação: 4,5%

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Melhora para o trimestre

O comparativo com o 2º trimestre de 2022 mostra resultados fortes em todos os setores, exceto os investimentos. O resultado geral do PIB foi de alta de 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

A agropecuária tem crescimento relevante em relação ao ano passado, com alta de 17% entre um trimestre e outro. É o melhor resultado entre todos os setores analisados.

De acordo com o IBGE, houve bons desempenhos especialmente em culturas de soja, o milho, o algodão e café. A agropecuária representa cerca de 8% do PIB nacional.

No interanual, o grande destaque é a agropecuária, com a safra de soja concentrada no primeiro semestre. O PIB continua acelerando, mas já se nota uma desaceleração com a política monetária fazendo efeito na economia.
— Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

A indústria teve alta de 1,5% no mesmo comparativo entre os 2º trimestres. O instituto destaca a indústria extrativa, que subiu 8,8% entre um período e outro, apoiada na cadeia de petróleo e minérios ferrosos.

Já os serviços tiveram alta de 2,9% e foram beneficiados pelas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (6,9%). Os seguros foram destaque por aumento de demanda por parte da sociedade, enquanto houve redução de sinistros, afirma o IBGE.

Análise do PIB por oferta — Foto: g1
Análise do PIB por oferta — Foto: g1

Consumo das famílias em destaque

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias teve destaque em comparação com o trimestre anterior (0,9%) e com o mesmo período do ano passado (3%).

O mercado de trabalho continua forte e a inflação deu uma arrefecida. Apesar de os níveis de endividamento continuarem altos, tivemos medidas governamentais que incentivaram o consumo.
— Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Os incentivos fiscais em questão vêm tanto do governo anterior como do atual.

Um dos efeitos é resultante do programa de descontos para carros populares do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que concedeu descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil para carros de pequeno porte, com valor total de até R$ 120 mil. Foram mais de 125 mil veículos vendidos em um mês, entre junho e julho.

Ao todo, foram liberados R$ 650 milhões dos R$ 800 milhões previstos em descontos para essa modalidade. Os R$ 150 milhões restantes serão usados para compensar a perda de arrecadação em impostos, causada pelo desconto no preço final dos veículos.

Outros destaques deste ano são o reajuste de valores do programa social Bolsa Família, que impulsiona o consumo no setor de alimentos, e do aumento real do salário mínimo.

Vindos do ano passado, do governo de Jair Bolsonaro (PL), ainda se arrastam efeitos, por exemplo, da desoneração de combustíveis. Em especial nos preços do diesel, a iniciativa conteve o preço da cadeia de transportes, que deságua em bens e alimentos.

Outro ponto: a bandeira verde nas contas de energia elétrica também favorece o consumo, aponta o instituto. Na comparação interanual, o período de 2022 ainda contava com majoração de preços por conta do período de escassez hídrica. Palis, do IBGE, comenta que o consumo de energia cresceu 6,6% neste trimestre em relação ao ano passado e o ganho entra no consumo das famílias.

Especialista analisa resultado do PIB que cresceu 0,9% no 2º trimestreEspecialista analisa resultado do PIB que cresceu 0,9% no 2º trimestre

Investimentos em queda

Ainda sob ótica da demanda, houve também alta do consumo do governo, que cresceu 0,7% na margem — o quarto resultado positivo seguido — e subiu 2,9% na comparação anual.

De acordo com Rebeca Palis, houve aumento dos investimentos em saúde pública e começaram a entrar nos resultados o efeito das obras públicas, um desembolso tradicional em anos anteriores àqueles de eleições municipais.

Já os investimentos (chamados pelo IBGE de Formação Bruta de Capital Fixo) tiveram estabilidade no trimestre (0,1%), mas apresentam uma queda de -2,6% no ano. É o único setor do PIB com resultado negativo.

Palis, do IBGE, explica que o resultado é ligado à queda da produção interna de bens de capital (itens usados para produção de outros produtos, como máquinas e equipamentos). A taxa de investimento foi de 17,2% do PIB, inferior à do mesmo período de 2022 (18,3%).

Análise do PIB da ótica da demanda — Foto: g1
Análise do PIB da ótica da demanda — Foto: g1

Resultado acima das expectativas

As projeções do mercado financeiro para o PIB neste trimestre eram de uma alta de 0,3%. Já para o resultado econômico em 2023, as projeções apontam para um crescimento de 2,31%. As informações são do último boletim Focus, relatório do Banco Central (BC) que reúne as expectativas das principais instituições financeiras.

Pelo governo, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirma que a demanda interna surpreendeu e comemorou que a indústria veio com dados positivos.

"Conclusão desse número é que, se não houver mais crescimento neste ano, o PIB já cresceu 3,1% em 2023. Abro com esse número, que é positivo, mas é importante dizer: o ceticismo com o crescimento do PIB vem sendo superado e estamos agora com um dado bastante positivo do PIB do país", disse Durigan.

Na análise da CM Capital, o crescimento muito acima da expectativa faz com que as projeções para o PIB se tornem ainda mais positivas para 2023. Mas os analistas pontuam que a composição do crescimento segue "preocupando em função dos vetores que a impulsionam".

"Vimos alguma reação dos motores domésticos de crescimento no segundo trimestre, muito embora ela tenha sido causada por motivos que não necessariamente um crescimento orgânico da nossa economia", diz Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, diz que as expectativas estão sendo superadas, em momento muito positivo no 2º semestre, que teve avanço de medidas econômicas importantes, como a aprovação do arcabouço fiscal e o início de andamento da reforma tributária, além de um momento de redução da taxa básica de juros, a Selic.

"A queda da taxa de juros deve se intensificar agora, aliado a programas como o Desenrola, que objetiva restabelecer os canais de crédito das famílias, e a desoneração da folha de pagamento, que pode ajudar as empresas. É um cenário doméstico bastante positivo", afirma Agostini.

"Claro será preciso continuar atento à economia global, e ao que acontece com os Estados Unidos, China e Europa. O risco de recessão no hemisfério norte está cada vez mais diminuindo, mas precisa ser acompanhado de perto", diz.

Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, diz que a agropecuária trouxe surpresa especial ao cair menos que 1% em relação ao aumento expressivo que teve no 1º trimestre deste ano. Ela destaca também o desemprenho do consumo das famílias, também impulsionado por medidas governamentais.

"Tem um componente atípico, mas, por outro lado, também se vislumbra uma maior resiliência do consumo no Brasil", afirma.

PIB brasileiro em segundos trimestres — Foto: g1
PIB brasileiro em segundos trimestres — Foto: g1

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