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segunda-feira, 3 de julho de 2023

Pesquisadores da Unicamp criam filme biodegradável a partir de casca de laranja e exoesqueleto de crustáceos

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Material é capaz de preservar as características dos alimentos, como cheiro, cor e sabor, por mais tempo. Grupo agora estuda outras possibilidades relacionadas ao poli(limoneno), substância usada para criar a embalagem.
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Por Gabriella Ramos, g1 Campinas e Região

Postado em 03 de julho de 2023 às 08h35m

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Pesquisadores da Unicamp desenvolvem filme biodegradável a partir de casca de laranja e exoesqueleto de crustáceos — Foto: FEQ-Unicamp/Agência FAPESP
Pesquisadores da Unicamp desenvolvem filme biodegradável a partir de casca de laranja e exoesqueleto de crustáceos — Foto: FEQ-Unicamp/Agência FAPESP

Em busca de alternativas sustentáveis às embalagens de plástico, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu um filme biodegradável a partir do limoneno e da quitosana, substâncias presentes na casca da laranja e no exoesqueleto de crustáceos, respectivamente.

A criação também é capaz de preservar as características dos alimentos, como cheiro, cor e sabor, por mais tempo. Segundo o professor Roniérik Pioli Vieira, coordenador da pesquisa, ambos os componentes já são explorados em pesquisas, mas encontram entraves para a produção industrial.

"O grande diferencial no nosso caso que a gente utilizou o poli(limoneno), que é um derivado do limoneno mais estável, não volátil e a ideia é que ele atue como esse aditivo antioxidante, antimicrobiano, e com um potencial maior de eventualmente ser utilizado em larga escala", afirma.

Para criar o "novo" limoneno, mais estável e adequado à indústria, os pesquisadores utilizaram um processo de polimerização, que consiste em unir várias moléculas da substância para criar uma molécula maior, chamada de oligômero.

"A nossa ideia é que o poli(limoneno) seja considerado um aditivo multifuncional, que a gente possa aplicar desde a fabricação de embalagens. Pensamos em utilizar ele como um aditivo bloqueador de luz ultravioleta, antioxidante e antimicrobiano", explica Vieira.
Estágio inicial

O professor ressalta que a pesquisa está em um estágio inicial, mas a ideia é que, futuramente, o poli(limoneno) seja utilizado como aditivo de origem renovável em escala comercial. Para que isso seja possível, os pesquisadores têm testado a compatibilização do componente com materiais diferentes da quitosana.

"A ideia é que a gente prepare os filmes também em uma escala um pouco maior e em processos que simulem o industrial, ou seja, aqueles que envolvem altas temperaturas e taxas de deformação. [...] Com base nos dados preliminares, em termos de não volatilidade e estabilidade, a gente acredita que esse comportamento possa ser favorável no processo industrial", diz.

Em relação à quitosana, Vieira afirma que o uso em larga escala não deve ocorrer tão cedo, já que ela tem um custo mais elevado em relação aos plásticos tradicionais. "A quitosana é muito utilizada na área biomédica, então em materiais que tem um valor agregado um pouco maior, obviamente seria mais fácil, mais rápido desse material ir para a sociedade", ressalta.

Frasco com poli(limoneno); componente é estável e pode ser usado em larga escala — Foto: Roniérik Pioli Vieira/Arquivo pessoal
Frasco com poli(limoneno); componente é estável e pode ser usado em larga escala — Foto: Roniérik Pioli Vieira/Arquivo pessoal

Possibilidades

Além do uso em embalagens biodegradáveis, as equipes do Departamento de Engenharia de Materiais e Bioprocessos da Faculdade de Engenharia Química e do Centro de Tecnologia de Embalagem do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) também estudam outras possibilidades relacionadas ao poli(limoneno).

Há, por exemplo, uma linha de pesquisa que investiga as interações do aditivo com outros materiais biodegradáveis e compostáveis que já são industrialmente competitivos, e outra que explora estratégias para aumentar o rendimento do processo produtivo. Já uma terceira linha de pesquisa analisa aplicações do material na área biomédica.

"Como ele tem características antioxidantes e antimicrobianas, a ideia é incorporar esse aditivo na formulação de, por exemplo, polímeros para curativos, para que a gente possa ter curativos avançados, com características antioxidantes e antimicrobianas, que possam auxiliar no processo de cicatrização de lesões, evitando a proliferação de micro-organismos", afirma Vieira.
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