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País inicia o segundo semestre do ano com menor índice de desemprego desde 2015, puxado pela informalidade. Pressionado pelo recuo da inflação, rendimento real cresceu novamente.<<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Por Daniel SIlveira, g1
Postado em 01 de outubro de 2022 às 11h40m
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Carteira de Trabalho e Previdência Social — Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O Brasil começou o segundo semestre deste ano com índices de desemprego mais baixos em sete anos, consolidando tendência de recuperação do mercado de trabalho. Em contrapartida, bateu recorde histórico o número de trabalhadores sem carteira assinada no país. É o que apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, realizado por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), a taxa de desemprego em agosto caiu para 8,9%, a menor desde julho de 2015, quando ficou em 8,7%.
Esta foi a sexta queda seguida da taxa de desemprego no país, que já mantinha uma trajetória de declínio desde março do ano passado. De acordo com a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy, o resultado de agosto consolida a tendência de recuperação do mercado de trabalho no Brasil.
Em números absolutos, o país encerrou agosto com um contingente de, aproximadamente, 9,7 milhões de desempregados - o menor nível desde novembro de 2015 - cerca de 4,2 milhões a menos que em agosto do ano passado, o que representa uma queda de 30,1% em um ano.
Na comparação com o trimestre terminado em julho, o recuo foi de aproximadamente 2%, o que representa cerca de 200 mil trabalhadores a menos na fila do desemprego.
Também diminuiu o número de pessoas subutilizadas no mercado de trabalho, cujo total foi estimado em 23,9 milhões de trabalhadores - 1,5 milhão (ou 5,8%) a menos na comparação trimestral e 7,4 milhões (ou 23,6%) a menos no confronto anual.
O contingente de subutilizados é formado por:
- 9,7 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuraram empregos nos últimos 30 dias;
- 6,4 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;
- 7,9 milhões de pessoas na força de trabalho potencial: que poderiam trabalhar, mas não trabalham, grupo que inclui 4,3 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 3,6 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
Com isso, a taxa composta de subutilização ficou em 20,5%, a menor desde o trimestre terminado em maio de 2016.
Principais destaques da pesquisa:
- Desemprego caiu para 8,9%, menor índice da série desde o trimestre encerrado em julho de 2015
- Número de desempregados recuou para 9,7 milhões de pessoas, patamar mais baixo desde novembro de 2015
- Contingente de pessoas ocupadas bateu novo recorde: 99 milhões
- População subutilizada caiu para 23,9 milhões de pessoas, 23,6% a menos que em agosto do ano passado
- Pessoas fora da força de trabalho se manteve estável em 64,6 milhões de pessoas
- População desalentada (que desistiu de procurar trabalho) foi estimada em 4,2 milhões, estável na comparação trimestral, mas 18,5% menor no confronto anual
- Taxa de informalidade foi de 39,7% da população ocupada
- Número de trabalhadores informais chegou a 39,3 milhões
- Número de empregados sem carteira assinada foi o maior da série: 13,2 milhões
- Número de empregados com carteira de trabalho assinada subiu para 36 milhões
- Trabalhadores por conta própria atingiram 25,9 milhões de pessoas
- Número de trabalhadores domésticos subiu para 5,9 milhões de pessoas
- Número de empregadores foi de 4,3 milhões de pessoas
- Rendimento real habitual ficou em R$ 2.713 - 3,1% a mais que no trimestre anterior, mas estável na comparação anual
A melhora nos índices de desemprego, no entanto, não foi puxada pela redução do número de desempregados, mas pelo aumento da população ocupada no mercado de trabalho brasileiro, que bateu novo recorde da série histórica, iniciada em 2012, somando cerca de 99 milhões de pessoas.
Em um ano, o contingente de ocupados aumentou em 7,3 milhões de trabalhadores, o que corresponde a um crescimento de 7,9% no período. Já na comparação com o trimestre terminado em julho, a alta foi de 1,2 milhão, pouco mais de 1%. Com isso, o contingente de pessoas ocupadas chegou a 99 milhões, batendo novamente o recorde na série histórica, iniciada em 2012.
O nível de ocupação, ou seja, o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 57,1%, com crescimento tanto no confronto trimestral, sobretudo no anual - em agosto do ano passado era de 53,4%.
Segundo o IBGE, três atividades influenciaram o aumento da ocupação e consequente queda no desemprego: comércio, administração pública e outros serviços, que tiveram o número de ocupados aumentado em, respectivamente, 566 mil, 488 mil pessoas e 211 mil pessoas.
O ingresso da maior parte dos 7,3 milhões de trabalhadores que se ocuparam no mercado desde agosto do ano passado se deu por meio da carteira assinada no setor privado - foram assinadas 3 milhões de carteiras em um ano, o que corresponde a 41% do contingente dos novos ocupados e a um aumento de 7,9% na comparação com igual período de 2021.
Outros 1,8 milhão de trabalhadores foram ocupados sem carteira assinada. Embora em menor número, este incremento de informais fez com que o contingente de trabalhadores nesta condição atingisse o maior patamar da série histórica iniciada em 2012, de 13,2 milhões de pessoas, 16% a mais que no mesmo período do ano passado.
Já a quantidade de trabalhadores por conta própria ficou estável em 25,9 milhões de pessoas, enquanto o número de empregados no setor público cresceu 4,1% e chegou a 12,1 milhões.
Aumento do rendimento real
A Pnad mostrou, também, que o rendimento real habitual cresceu pelo segundo mês consecutivo, após dois anos sem crescimento. Esse resultado se deu, sobretudo, por conta da pressão inflacionária.
Em agosto, o salário médio do trabalhador brasileiro chegou a R$ 2.713 – estável na comparação com agosto do ano passado, mas 3,1% acima do apurado no trimestre anterior
“Esse crescimento está associado, principalmente, à retração da inflação. Mas a expansão da ocupação com carteira assinada e de empregadores também são fatores que colaboram”, diz Beringuy.
O maior aumento percentual do rendimento real se deu entre os empregadores – subiu 11,5%, cerca de R$ 689 a mais. Entre o grupo de empregados com carteira de trabalho assinada, o crescimento foi de 2% (mais R$ 51).
Entre os setores, se destacaram “agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura”, com alta de 7,2% (R$ 123 a mais), “Indústria”, que subiu 4,4% (R$ 111), “Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas”, com 3,5% (R$ 77), “Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas”, com alta de 5,5% (R$ 205).
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