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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Dois anos após descoberta, cratera na Bahia chega a 110 metros de comprimento e moradores cobram explicações

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Conforme dados da Dow Química, buraco teve aumento de 20 metros em um ano. No entanto, segundo empresa, situação não oferece risco para comunidade e moradores próximos a cratera.  
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Por Phael Fernandes, G1 BA    
29/05/2020 06h00  Atualizado há 4 horas  
Postado em 29 de maio de 2020 às 10h00m  


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Cratera misteriosa na BA completa dois anos nesta sexta-feira (29).  — Foto: OrtoPixel – Soluções com Drones, Geotecnologias e Arquitetura
Cratera misteriosa na BA completa dois anos nesta sexta-feira (29). — Foto: OrtoPixel – Soluções com Drones, Geotecnologias e Arquitetura

Após dois anos da formação de uma cratera na Ilha de Matarandiba, na Bahia, a preocupação e a falta de informações sobre o que pode ter causado a cavidade ainda são marcas recorrentes para os moradores do local. Eles questionam a demora nos detalhes por parte dos órgãos e da Dow Química, responsável pela área onde o buraco apareceu. Ao G1, a multinacional divulgou dados que apontam aumento de 20 metros de comprimento da cratera em relação ao ano passado.
É um descaso das informações. Estamos com receio em função de não saber o que provocou essa erosão. Estamos sem respostas definitivas das soluções para a erosão. O que a comunidade solicita é esclarecimento, sobre o que provocou essa erosão, e uma solução para a comunidade deitar com a cabeça no travesseiro e não estar mais preocupada em relação a isso, disse Flávia Lima, moradora da comunidade.
A cratera, que fica a 1 km da vila de pescadores de Matarandiba, em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, foi descoberta em maio de 2018 e tinha 46 metros de profundidade, 69 metros de comprimento e 29 metros de largura, na ocasião. O primeiro aumento na estrutura foi divulgado em janeiro do ano passado, quando cresceu quase quatro metros.

Até fevereiro de 2019, última medição divulgada até então ao G1 pela Dow Química, o buraco tinha 90,7 metros de comprimento, além de 40,9 metros de largura e 36,4 metros de profundidade. No entanto, houve um novo crescimento.

Segundo a empresa, as medidas mais atualizadas são: 110 metros de comprimento, 47,4 metros de largura e 32,7 metros de profundidade. Apesar da situação, por meio de nota, a multinacional garantiu que a comunidade não corre perigo e que adotou tecnologias de monitoramento na área. [Confira nota no final da matéria]
Cratera está a 1,1 km da localidade. — Foto: Divulgação/Dow Química
Cratera está a 1,1 km da localidade. — Foto: Divulgação/Dow Química

Conforme o Ministério Público Federal na Bahia (MPF), dois anos depois, as investigações continuam em andamento por meio do inquérito civil público que apura o surgimento do fenômeno, chamado sinkhole.

Disse também que, em perícia técnica, foi averiguado que a Dow adotou medidas para a segurança da população local. [Veja medidas na nota da empresa disponibiliza no final da matéria]

Além disso, o MPF-BA afirmou, com base no Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que a última licença da Dow para exploração na localidade foi até fevereiro deste ano, mas antes do vencimento foi pedida a renovação ao instituto.

O G1 entrou em contato com o Inema para saber se houve liberação da licença para a empresa, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno.

Por fim, o MPF pontuou que aguarda respostas a serem prestadas pelo Inema sobre o fenômeno.
Cratera gigante misteriosa surgiu na BA. — Foto: Reprodução/TV Bahia
Cratera gigante misteriosa surgiu na BA. — Foto: Reprodução/TV Bahia

No ano passado, o MPF chegou a debater com representantes da Dow, integrantes do MPF e do Inema o possível aparecimento de outras crateras que pudessem oferecer risco à população e ao meio ambiente na região, além do aumento da cavidade.

Na ocasião, a Dow apresentou estudos que apontaram que não há risco para a população da vila, ou na área de operação da multinacional.

Os moradores tiveram acesso aos documentos. Apesar dos dados, eles temem que algo de mais grave ocorra.
"Nós solicitamos os documentos do Inema, e estes documentos estão em nossa posse. Pelo que tem nos documentos, não existe, não ocorre esse perigo; não há nenhum tipo de risco para comunidade. Mas é preocupante. A gente não sabe o que vai acontecer. Sempre as pessoas, os moradores, perguntam por isso, contou Elisângela Lopes, conselheira da Associação Comunitária de Matarandiba (Ascoma).
Ela relatou ainda que, por causa da demanda das pessoas, a Ascoma tem procurado com frequência a Dow Química para pedir mais informações, mas a resposta da empresa é sempre padrão.
"A gente vem sempre cobrando da Dow. Sempre via WhatsApp e, em seguida, formaliza via e-mail. Esse ano já fizemos vários contatos desse tipo. A gente sempre está cobrando. A resposta é a de sempre: 'que o processo está em andamento'. E agora veio a pandemia da Covid-19", relatou Elisângela.
Ainda de acordo com Flávia Lima, as pessoas vivem com receio que a cratera se expanda e chegue mais próximo da vila.
A comunidade ainda está com receio. A gente não tem informações se vai expandir. Não temos uma resolução do por quê da cratera. A população está apreensiva", pontuou.
Por causa da pandemia da Covid-19, as atividades da Dow estão suspensas, isso inclui os estudos da cratera. Não há previsão para retomada. A informação foi confirmada também por Elisângela que destacou que um outro problema para a comunidade é o novo coronavírus.
"O problema é de conscientização. Por ser um lugar pequeno, as pessoas estão se refugiando aqui. A comunidade está preocupada com isso. Os donos das casas de praias não estão vindo descansar. Estão fazendo farras. Todos sem máscaras", disse.
Com base no último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde (Sesab), Vera Cruz já tinha mais de 10 casos do novo coronavírus.

O que diz a Dow Química?
Por meio de nota, a empresa falou que os estudos para descoberta das possíveis causas da erosão seguem em andamento, "agora restritas às áreas próximas ao vazio subterrâneo". E que os estudos concluídos até o momento – e já entregues às autoridades competentes nos prazos acordados – reafirmam a segurança da comunidade e das áreas de operação atual da empresa.

Afirmou que, desde a descoberta do sinkhole, a Dow utiliza tecnologias de monitoramento de ponta que oferecem informações em tempo real dos movimentos do solo na área e são capazes de antecipar qualquer evento que possa trazer risco à Comunidade e seus empregados. São elas:
  • Dados de satélite de alta precisão - esta tecnologia permite monitorar e recuperar a história da movimentação do solo em toda a região da ilha com precisão milimétrica. Com este monitoramento, é possível identificar qualquer variação no solo da região. Está em operação desde 26 de junho de 2018, sem nenhuma alteração identificada.
  • Microssísmica – microssensores instalados para monitorar continuamente qualquer movimento e qualquer possibilidade de novas ocorrências de erosões. A capacidade de cobertura de cada equipamento atinge um raio de 4 km, o que faz com que o conjunto dos equipamentos cubra toda a ilha de Matarandiba. O sistema está em operação desde 23 de agosto de 2018, sem nenhuma atividade anormal no solo identificada até o momento.
Além disso, pontuou que o acesso ao local segue interditado por meio de barreiras de segurança. Na mais recente medição, constatou-se que a cratera tem as medidas de 110 metros de comprimento, 47,4 metros de largura e 32,7 metros de profundidade. O aumento do comprimento e largura e redução da profundidade é prevista e é característica deste fenômeno geológico.

Informou também que a tendência deve seguir até a completa estabilização do terreno. Que, na base mais larga, o vazio subterrâneo conta com 120 metros de comprimento. No entanto, disse que ainda não é possível prever quando se estabilizará, uma vez que depende de uma série de fatores geológicos.

Caso
Confira mais informações do estado no G1 Bahia.
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