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Transportes registram deflação mesmo com alta dos preços do diesel e da gasolina. No acumulado em 12 meses, IPCA-15 tem alta de 2,7%, ainda abaixo do piso da meta.
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O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou de 0,21% em abril para 0,14% em maio, apesar da forte valorização recente do dólar, conforme divulgado nesta quarta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
"Essa foi a menor taxa para um mês de maio desde o ano 2000, quando o índice registrou 0,09%", destacou o IBGE. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,25% para o período.
No acumulado no ano, até maio, o IPCA-15 ficou em 1,23%, menor nível para o período janeiro-maio desde a implantação do Plano Real, em 1994.
Em 12 meses, a variação é de 2,70%, ficando abaixo dos 2,80% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores e ainda abaixo do piso da meta do Banco Central, que é de 3%. A inflação tem permanecido constantemente abaixo de 3% em meio desempenho fraco da economia neste ano e elevado desemprego no país, o que acaba afetando a confiança e o consumo.
Variação mensal do IPCA-15
Em %
Agosto de 2017
0,35
0,35
Fonte: IBGE
Etanol e passagens aéreas seguram inflação
Etanol e passagens aéreas seguram inflação
Segundo o IBGE, o preço da gasolina subiu 0,81% na passagem de abril para maio e o diesel avançou 3,95%. O grupo "Transportes", entretanto, registrou deflação de 0,35% no período, em razão das quedas nos itens etanol (-5,17%) e passagem aérea (-14,94%). Segundo o IBGE, estes dois itens contribuíram com -0,05 ponto percentual para o resultado do IPCA-15, representando "o impacto negativo mais intenso sobre o índice do mês".
No acumulado em 12 meses, os preços da gasolina e do diesel acumulam, respectivamente, alta de 18,97% e 15,45%, bem acima da inflação geral do período (2,7%). Já o etanol subiu 11,65%.
Remédios e planos de saúde em alta
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, outros 2 também apresentaram deflação: alimentação e bebidas (-0,05%) e artigos de residência (-0,11%).
Já a maior variação de preços foi verificada mais uma vez no grupo "Saúde e cuidados pessoais" (0,76%), que teve impacto de 0,09 ponto percentual no índice. A pressão foi exercida pelos itens plano de saúde (1,06%) e remédios (1,04%) , que sofreram reajuste anual, a partir de 31 de março, com variação entre 2,09% e 2,84%, conforme o tipo do medicamento.
Veja as variações dos grupos pesquisados:
- Comunicação: 0,14%
- Alimentação e Bebidas: -0,05%
- Habitação: 0,45%
- Artigos de Residência: -0,11%
- Vestuário: 0,52%
- Transportes: -0,35%
- Saúde e Cuidados Pessoais: 0,76%
- Despesas Pessoais: 0,14%
- Educação: 0,11%
No grupo Habitação, a maior alta registrada foi no item energia elétrica (2,18%). Além da vigência, a partir de 1º de maio, da bandeira tarifária amarela, adicionando a cobrança de R$ 0,01 a cada kwh consumido, foram feitos reajustes nas tarifas e, Salvador, Porto Alegre, Recife e Fortaleza.
Já a queda no grupo Alimentação foi influenciada, principalmente, pela alimentação fora (-0,28%). O grupamento dos alimentos no domicílio apresentou alta de 0,09%. Enquanto cebola (35,68%), hortaliças (6,10%), feijão-carioca (3,75%) e leite longa vida (4,44%) apresentaram alta, outros itens de alto consumo registraram queda de preços: açúcar cristal (-3,90%), pescados (-3,51%), frango inteiro (-1,60%), arroz (-1,35%) e frutas (-0,97%).
Nos artigos de residência, a deflação foi impulsionada pelo item TV, som e informática (-1,47%).
Índices regionais
Índices regionais
Quanto aos índices regionais, a região metropolitana de São Paulo registrou deflação (-0,19%), favorecida pela quedas nos itens etanol (-5,56%) e passagem aérea (-28,39%). As regiões do Rio de Janeiro e Goiânia também registraram variação negativa no mês. Já a região metropolitana de Salvador apresentou a maior inflação no mês (0,77%), influenciado pela energia elétrica (15,47%), devido ao reajuste de 16,95% nas tarifas em vigor desde 22 de abril, e da cebola, que registrou alta de 44,84%.
Meta de inflação
Meta de inflação
Nesta terça-feira (22), o Ministério do Planejamento reduziu de 3,64% para 3,11% a projeção de inflação neste ano. Se confirmado, o resultado ficará abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,5% em 2018, com intervalo de tolerância entre 3% e 6%.
Após 12 cortes seguidos, o BC decidiu na semana passada manter a taxa básica de juros em 6,50% e sinalizou que não vai mexer na Selic tão cedo. O BC informou na véspera que o "choque externo", com alta dos juros nos Estados Unidos – que tem pressionado o dólar no Brasil – pesou a favor da manutenção dos juros básicos da economia em 6,5% ao ano na semana passada na economia doméstica.
De acordo com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), esse choque reduziu as chances de a inflação permanecer abaixo da meta no horizonte relevante (até 24 meses). Para este ano, a meta central é de 4,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, de modo que pode oscilar entre 3% e 6%. Em 2017, a inflação ficou abaixo do piso da meta de 3%.
Metodologia
Metodologia
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 14 de abril a 15 de maioe comparados com aqueles vigentes de 16 de março a 13 de abril de 2018 . O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.
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