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Ondas gigantes arrastaram centenas de objetos para o mar -- de pequenos pedaços de plástico a barcos de pesca --, que serviram de transporte para centenas de espécies de criaturas marinhas.
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Uma espécie marinha do Japão chegou à costa do Oregon, seis anos após tsunami (Foto: John Chapman)
Cientistas identificaram centenas de espécies marinhas japonesas na costa dos Estados Unidos. Elas cruzaram o Oceano Pacífico após o tsunami causado pelo terremoto de 2011.
Mexilhões, estrelas do mar e centenas de outras famílias de criaturas marinhas foram transportadas pelas águas, muitas vezes pegando carona em resíduos plásticos.
Os pesquisadores ficaram surpresos com o fato de que muitos sobreviveram à longa jornada, com novas espécies desembocando nas praias ainda em 2017.
Em março de 2011, um forte terremoto abalou o nordeste do Japão, desencadeando um enorme tsunami que atingiu quase 39 metros de altura, varrendo a costa do país. Mais de 15 mil pessoas morreram.
As ondas gigantes arrastaram centenas de objetos para o mar - de pequenos pedaços de plástico a barcos de pesca.
Um ano depois, os cientistas começaram a encontrar destroços do tsunami, com criaturas vivas agarradas a eles, desembocando no Havaí e na costa oeste dos EUA, do Alasca à Califórnia.
"Centenas de milhares de criaturas foram transportadas e chegaram à América do Norte e às ilhas do Havaí - a maioria dessas espécies nunca esteve no nosso radar como seres transportados pelo oceano em detritos marinhos", afirmou à BBC James Carlton, do Williams College e Mystic Seaport, principal autor do estudo.
Barco levado pelo tsunami chegou ao Oregon colonizado por espécies (Foto: John Chapman)
"Muitos dos destroços ainda estão por aí e pode ser que algumas dessas espécies japonesas ainda cheguem. Não ficaria surpreso se um pequeno barco de pesca japonês perdido em 2011 aparecesse 10 anos após o evento".
A pesquisa, publicada na revista Science, descobriu 289 espécies diferentes até o momento. Os mexilhões são os mais comuns, mas há também caranguejos, mariscos, anêmonas e estrelas do mar.
Os cientistas ainda estavam identificando novas espécies quando o estudo chegou ao fim, em 2017, seis anos após o tsunami.
De acordo com os pesquisadores, muitas outras espécies provavelmente fizeram a jornada e até agora não foram descobertas. Atualmente, nenhuma colônia de invasores foi estabelecida, mas a equipe acredita que isso pode acontecer.
"Quando vimos espécies do Japão chegarem ao Oregon, ficamos chocados. Nunca pensamos que pudessem viver tanto tempo, em condições tão difíceis", disse John Chapman, da Universidade de Oregon, coautor do estudo.
"Não me surpreenderia se houvesse espécies do Japão que estão por aí vivendo ao longo da costa do Oregon. Na verdade, me surpreenderia se não houvesse".
O elemento chave que tornou isso possível, de acordo com os pesquisadores, é a presença na água de plástico, fibra de vidro e outros produtos que não se decompõem.
Estrela do mar asiática encontrada na costa do Oregon por cientistas após o tsunami (Foto: Oregon State University)
"A madeira levada pelo tsunami durou pouco tempo em comparação com a natureza duradoura do plástico", disse Carlton.
"Por muito tempo, se uma planta ou um animal fosse transportado por uma jangada pelos oceanos, seu barco literalmente se dissolveria por baixo deles. O que fizemos agora é fornecer a essas espécies jangadas bastante duradouras, mudamos a natureza de seus barcos".
Movendo-se muito mais devagar do que as embarcações, as balsas de plástico ou de fibra de vidro deram tempo às espécies para se adaptar gradualmente ao seu novo ambiente, tornando mais fácil a reprodução e para suas larvas se prenderem aos detritos.
Pequena amostra dos detritos plásticos levados para a costa oeste dos EUA após o tsunami (Foto: John Chapman)
Os pesquisadores estão preocupados com o fato de que, com tanto plástico nos oceanos, e com a mudança climática tornando os ciclones e as tempestades mais intensas, a ameaça de invasão de espécies marinhas nunca foi tão grande.
A pesquisa sobre o tsunami apenas mostra o impacto que esse transporte pode ter.
"Não há nada comparável em escala do que já vimos antes na história da ciência do mar", afirmou Carlton.
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