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Brasil
Em maio, indicadores recuaram a níveis próximos aos da crise mundial.
Avanço da inflação e indefinição sobre eleição são os principais motivos.
Inflação preocupa consumidores
(Foto: Reprodução/TV Acre)
O avanço da inflação, a indefinição do governo depois das eleições de outubro e até os protestos contra a Copa têm abalado a confiança de forma generalizada, atingindo tanto o humor dos consumidores quanto dos empresários.
“A percepção é que a situação piorou e está piorando. Diante da inflação alta, as pessoas ficam pessimistas, o poder de compra diminui. O pessoal tem a noção de estar num limbo”, diz o professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Davi Simão Silber.
Entre todos os indicadores que mostraram retração, o que mede a confiança do consumidor, calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou uma das maiores baixas. Em maio, os brasileiros ficaram mais preocupados com a situação financeira da família e, com isso, o índice caiu 3,3%, passando de 106,3 para 102,8 pontos – o menor nível desde abril de 2009. Com esse resultado, o indicador manteve-se abaixo da média histórica, de 116,4 pontos, pelo 16º mês consecutivo.
Os indicadores de confiança têm como referência o valor 100. Quanto mais acima dele estiver o índice, mais positiva é a percepção da população.
“Percebemos esse clima de insatisfação em todas as metrópoles. As manifestações acabam influenciando o humor das pessoas. Para se chegar ao trabalho, a um hospital é uma luta. Além disso, a percepção, principalmente aqui em São Paulo, de que os preços dos alimentos estão cada vez maiores afeta o consumidor, afeta as empresas”, afirma Silber.
Percepção dos empresários
No caso do comércio, a queda da confiança foi ainda maior. Nos três meses encerrados em maio, o indicador recuou 4,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Com a queda, o índice médio do trimestre ficou em 117,4 pontos – o menor desde março de 2010, quando a FGV iniciou os cálculos.
A piora do indicador, segundo a FGV, foi resultado da menor satisfação com a situação presente e também da diminuição de otimismo em relação aos próximos meses. Os mais pessimistas são os vendedores de automóveis.
Os empresários da indústria também estão menos confiantes quanto à situação presente e futura dos seus negócios. De acordo com a FGV, entre abril e maio, o indicador recuou 5,1%, passando de 95,6 para 90,7 pontos – a média histórica é de 105,5 pontos.
Esse resultado mostrou a maior variação negativa na margem desde dezembro de 2008, quando a baixa foi de 9,2%. O que impactou nesse resultado foi a análise dos empresários sobre o nível de demanda de sua produção, que caiu 7,3%, influenciado tanto pela piora no nível de demanda interna quanto externa, atingindo o menor nível desde abril de 2009.
E, segundo a FGV, essa piora sinaliza "desaceleração da atividade no setor e aumento do pessimismo em relação à possibilidade de reversão da tendência nos próximos meses".
A confiança do setor de serviços também piorou de abril para maio. O índice que avalia as opiniões desse setor recuou 5,7%, a maior queda desde dezembro de 2008, segundo a FGV.
Ao passar de 113,3 para 106,8 pontos, o índice chegou ao menor nível desde abril de 2009 (103,5). Em nota, a FGV disse que os resultados sugerem "desaceleração do nível de atividade no segundo trimestre e diminuição do otimismo em relação à possibilidade de recuperação do setor nos próximos meses".
A piora das avaliações sobre o presente e o futuro também atingiram o agronegócio brasileiro. O índice que mede a confiança desse setor recuou nos três primeiros meses de 2014, em comparação ao último trimestre de 2013, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Na escala de 0 a 200, o IC Agro geral (que abrange os segmentos “antes” e “depois da porteira” mais o “produtor agropecuário”) variou de 104,5 para 102,7 pontos, "indicando uma percepção ainda mais cautelosa em todos os elos da cadeia".
“Um fator importante que, na minha opinião, tem contribuído para a queda de confiança é a eleição. Quando passar a eleição, haverá um saco de maldades. Não dá para represar preços por tanto tempo, se não a Petrobras quebra, a Eletrobras quebra.
As prefeituras também não poderão continuar dando subsídios para que os preços de transporte, por exemplo, não sofram reajuste. As empresas terão de saber como lidar com isso”, analisa Davi Simão Silber, da USP.
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