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Após nove altas, Banco Central já havia sinalizado interrupção do processo.
Com decisão, BC confirma aposta dos economistas do mercado financeiro.
28/05/2014 21h02 - Atualizado em 28/05/2014 21h41
Postado às 23h05m
Alexandro Martello Do G1, em Brasília
Quando o ciclo de elevação começou, em abril do ano passado, os juros estavam na mínima histórica de 7,25% ao ano. Desde então, avançaram 3,75 pontos percentuais. Durante os 13 meses desse processo de alta, houve nove elevações seguidas da Selic.
A decisão do BC confirmou a expectativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro, que se formou após sinalizações da própria instituição, contidas na ata da última reunião do Copom, e também depois de indicações do presidente do BC, Alexandre Tombini.
O Banco Central tem avaliado que parte "relevante" do aumento de juros implementado desde abril do ano passado ainda não surtiu o efeito desejado na inflação.
Depois do encontro, o BC divulgou a seguinte frase: "Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11,00% a.a., sem viés".
Metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.
Para 2014 e 2015, a meta central para o aumento dos preços é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Com taxas de juros maiores, o Banco Central consegue reduzir o crédito disponível e, assim, o dinheiro em circulação. Dessa forma, diminui a quantidade de pessoas e empresas dispostas a consumir bens e serviços, e os preços tendem a cair ou ficar estáveis.
Apesar de já ter previsto que o processo de alta dos juros seria interrompido na reunião de hoje do Copom, a estimativa dos analistas do mercado financeiro é de que o IPCA some 6,47% neste ano, ou seja, muito próximo do teto de 6,5% do sistema de metas de inflação.
"O mercado faz um jogo cínico. De um lado, aposta que não haverá alta de juros agora e, do outro, diz que a inflação vai bater no teto e que o Banco Central vai subir os juros no final de 2014 e em 2015. É como se dissesse: o Banco Central não tem independência e vai obedecer a agenda eleitoral como se fosse um órgão do governo", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Para o economista, que avalia o trabalho do BC como "ótimo" e discorda da avaliação do mercado sobre a suposta falta de independência da instituição, o "mais correto", porém, seria o Copom subir a taxa de juros para 11,25% ao ano nesta quarta-feira para "antecipar o movimento que o próprio mercado entende como inevitável".
Para Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a preocupação do BC é que a desaceleração observada na economia se transforme em estagnação ou recessão. "Esperamos, também, que o governo colabore para o controle da inflação com uma política fiscal mais austera, baseada na redução dos gastos de custeio, para que o incremento da arrecadação possa ser canalizado para investimentos", disse.
Inflação resistente
No fim de março, o BC avaliou, por meio do relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano, que a inflação ainda mostrava "resistência" e que uma "fonte relevante de risco para a inflação" estava no comportamento das expectativas dos analistas dos bancos e do setor produtivo, impactadas pela dispersão de aumentos de preços e pelas incertezas que cercam a trajetória de preços com grande visibilidade, como o da gasolina e os de alguns serviços públicos, como eletricidade".
O Banco Central também subiu, no fim de março, de 4,5% para 5% sua projeção para os chamados "preços administrados", que contemplam, entre outros, ônibus interestaduais, energia elétrica residencial, água, planos de saúde, serviços farmacêuticos e telefonia e gasolina. Em 2013, os preços administrados subiram bem menos: 1,5%.
Juros reais mais altos do mundo
Mesmo com a manutenção dos juros em 11% ao ano, o Brasil permaneceu na primeira posição no ranking mundial de juros reais (com 4,25% ao ano) feito pelo MoneYou. Os juros reais são calculados após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses.
Em segundo e terceiro lugares, aparecem a China (3,41% ao ano) e a Índia (2,66% ao ano). A taxa média de juros real em 40 países pesquisados está negativa em 1,1% ao ano.
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