Planeta de indignados
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Manifestantes se mobilizam para protestar por mudanças em 952 cidades de 85 países
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Intelectuais como o escritor iraniano Salman Rushdie e o romancista americano Michael Cunningham já anunciaram sua adesão à onda de protestos. Articulado pelas redes sociais, o movimento ganhou contornos ainda em maio, na Espanha, quando milhares de pessoas ocuparam as praças do país em repúdio à crise econômica, ganhando o apelido de "indignados". Com a convocação feita - pelo grupo Democracia Real Já (DRY, na sigla em espanhol) - indignados dos quatro cantos do planeta juntaram-se a uma página no Facebook, além de acompanhar no Twitter a articulação para transformar o 15 de outubro num dia de repúdio. Sem líderes ou estrutura definida, assim como os movimentos populares da Primavera Árabe e do Ocupe Wall Street, em Nova York.
Segundo Jon Aguirre, porta-voz do grupo espanhol DRY, os protestos são contra os quatro poderes. O financeiro, incluindo bancos, paraísos fiscais e agências de risco; o político, com dirigentes distantes do povo; o militar, entre Exércitos locais e a Otan; e a mídia, com seus grandes grupos e censores da internet.
- Esses poderes atuam em benefício de poucos, ignorando a vontade da maioria, sem se importar com os custos humanos ou ecológicos que temos de pagar. Temos de pôr fim a esta situação intolerável - disse Aguirre. - Unidos em uma só voz, faremos com que políticos e as elites financeiras que lhes servem saibam que agora somos nós que decidiremos o futuro.
Na Espanha, até o príncipe Felipe foi convidado a entrar no movimento, apelidado de 15-O. Apesar de motivado, em grande parte, pela crise financeira mundial, a falta de representação política também é um dos pontos-chaves dos indignados, que não se identificam com o governo de seus respectivos países.
Em Londres, a polícia britânica está mobilizada para acompanhar a concentração, em frente à Catedral de St. Paul, de ao menos 15 mil pessoas que prometem marchar e acampar junto à bolsa de valores, na Praça Paternoster, no centro financeiro da capital.
- O policiamento adequado está sendo preparado - limitou-se a informar um porta-voz da Scotland Yard.
Munidos de ideologia e indignação, os ativistas não se intimidam.
- A ideia é ficar o máximo de tempo possível para conseguir mudanças substanciais. Ninguém disse que será fácil - avaliou Spyro Van Leemnen, de 28 anos, ao "Guardian".
No Brasil, estão programadas manifestações em Rio de Janeiro, São Paulo e várias outras cidades. Os protestos também mobilizam a polícia da França, que sedia neste sábado um encontro dos ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G-20, o grupo dos 20 países mais desenvolvidos do mundo. Ontem, numa manifestação inusitada, um ativista da ONG denominada Robin Wood fez um protesto solitário - e seminu - em frente à antiga Bolsa de Paris.
Apesar do caráter pacífico das manifestações, precavidos, os ativistas cibernéticos difundiram, ainda, aplicativos de celular para alertar os companheiros em caso de detenções. Desenvolvido por um americano o "I'm getting arrested!" (Estou sendo preso!) é instalado gratuitamente em smartphones e configurado para enviar mensagens de alerta a um ou vários números de contato. Caso o dono do aparelho seja detido pela polícia, basta apertar um botão para avisar a todos os amigos e aos pais. Ou ao advogado.
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