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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Idosa diz que recebeu aposentadoria em nota manchada e dinheiro é retido

Banco segurou R$ 350 de uma mulher de 83 anos em São Paulo
Agência alegou que cédulas estão danificadas e serão avaliadas.



Carolina Iskandarian Do G1 SP

Notas manchadas (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
A aposentada Madalena, que não quis mostrar o rosto, vê a cópia das notas retidas feita pelo banco (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)

+-&*&-+ A aposentada Madalena Rosa de Jesus, de 83 anos, teve R$ 350 de sua aposentadoria retidos este mês porque o dinheiro sacado de um caixa eletrônico de São Paulo por estar manchado, segundo ela. Quando foi pagar contas no dia seguinte ao saque, a filha de Madalena ouviu do banco que as cédulas não seriam devolvidas e haveria uma investigação para saber a origem do dinheiro. “Falaram que isso pode levar de 20 a 30 dias. Fiquei sem saber o que fazer”, contou Clemência Rosa de Sousa, de 53 anos.


O G1 teve acesso à cópia em preto e branco que o Bradesco fez das sete cédulas de R$ 50. O papel foi entregue à Clemência, que é correntista da agência. Pode-se ver manchas nas bordas laterais do dinheiro, mas não é possível afirmar que se trata da tinta do dispositivo de segurança dos caixas eletrônicos.

Em todo o país, começaram a circular notas pintadas de rosa e elas podem ser produto de furto contra caixas eletrônicos. Alguns equipamentos têm esse dispositivo de segurança, que aciona a tinta quando há ameaça de arrombamento. Para o Banco Central, essas cédulas manchadas são inutilizáveis e precisam ser trocadas. Se for comprovado que o dinheiro partiu de uma ação criminosa, não há ressarcimento para quem estava com ele. A recomendação ao adquirir essas notas marcadas é avisar a polícia.

O problema maior na casa de Madalena é que a família ficou sem R$ 350 dos R$ 540 da aposentadoria usada para ajudar com as despesas do mês. “A mocinha do caixa disse que as notas iam ficar confiscadas para verificar a mancha e o Banco Central vai ver se devolve. Vamos ficar sem comprar remédio, sem levar minha mãe ao médico. Precisamos desse dinheiro”, contou Clemência, nesta terça-feira (7).



Ela também recebe cerca de R$ 500 como aposentada e disse que tentou pagar as contas com o dinheiro da mãe em uma agência do Bradesco próxima de onde mora, na Brasilândia, na Zona Norte. A soma dos dois salários é a renda familiar. A idosa lamentou o episódio. "Eu tenho Chagas (doença que afeta o coração), diabetes e pressão alta. Isso nunca tinha acontecido."
Não viu as manchas
Notas manchadas (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
Cédulas de R$ 50 têm pequenas manchas nas bordas
(Foto: Carolina Iskandarian/ G1)

Tudo começou no dia 1º deste mês, quando o cabeleireiro Willian Pereira de Souza, de 30 anos, sacou R$ 500 para a avó. Como Madalena tem problemas de saúde, é o neto quem fica com o cartão e faz os saques mensais. Ele retirou o dinheiro de um caixa da Rede Banco24Horas perto de casa e contou não ter percebido as manchas nas notas de R$ 50. Só as desse valor estavam marcadas, como informou Souza.


“Com essa onda de assaltos, eu não ia ficar contando cédula por cédula. Fiz o saque e pus no bolso”, relatou o cabeleireiro. No dia seguinte, sem os R$ 350, Clemência voltou para casa com mais um documento do Bradesco informando que as cédulas passarão por análise por estar “danificadas”. Em outro trecho, o ofício diz que “caso seja (m) valorizada (s) pelo Bacen (Banco Central), o (s) valor (es) será (ão) restituído (s) ao seu legítimo portador, sem qualquer acréscimo”.


Outro lado 

A assessoria de imprensa do Bradesco foi acionada para responder se é comum esse tipo de procedimento e se o prazo de uma possível devolução em até um mês é correto, mesmo que o cliente fique sem o dinheiro durante essa averiguação. Por e-mail, o banco informou apenas que “ todos os procedimentos adotados seguem as normativas do Banco Central”.





Já a Rede Banco24Horas, administrada pela empresa TecBan, também responsável pelo dispositivo que solta a tinta nas notas, não soube explicar por que cédulas manchadas poderiam estar em um terminal de saque se ele não tem indícios de que foi violado. Por isso, disse que o caixa de onde Souza retirou o dinheiro passará por avaliação. A TecBan ressaltou que o sistema de segurança “foi amplamente testado e se mostrou eficaz e muito seguro”.

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