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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Brasil não aceitou 'jogo' de Biden e vai insistir em negociações sobre conflito Israel-Hamas

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O texto proposto pelo Brasil recebeu 12 votos favoráveis
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Por Valdo Cruz
Comentarista de política e economia da GloboNews.

Postado em 19 de outubro de 2023 às 10h10m

#.*Post. - N.\ 10.983*.#

Ministro das Relações Exteriores lamenta veto americano à resolução apresentada pelo Brasil no Conselho de Segurança
Ministro das Relações Exteriores lamenta veto americano à resolução apresentada pelo Brasil no Conselho de Segurança

A equipe do Brasil à frente da presidência do Conselho de Segurança da ONU, sob orientação do presidente Lula, não aceitou entrar no "jogo" do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e insistiu na votação da resolução que determinava uma pausa humanitária entre Israel e Hamas.

O texto proposto pelo Brasil recebeu 12 voto favoráveis, mais do que o necessário para a aprovação, mas foi vetado pelos Estados Unidos. Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia) têm poder de veto.

Biden não queria a votação da proposta enquanto estava em viagem a Israel. Sua estratégia era tentar fazer negociações diretamente com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e acertar um corredor humanitário, evitando medidas contra Israel e um cessar fogo.

O Brasil foi contra. Aceitou adiar a votação de terça (17) para quarta-feira (18), mas não mais do que isso. No final, o bloqueio dos EUA ao texto se tornou alvo de críticas praticamente unânimes no Conselho de Segurança.

Países como França e China não só criticaram os Estados Unidos, como fizeram questão de elogiar a condução das negociações pela equipe de diplomatas do Brasil. Os dois países destacaram que o texto acertado era o melhor e o possível neste momento.

Por sinal, depois da votação da resolução, a avaliação do Palácio do Planalto é que as negociações mostraram que o país ganhou um papel de destaque e de importância dentro da organização.

E tornou muito mais explícita a necessidade de se reformular o atual modelo do conselho da ONU, em que apenas um dos cinco membros permanentes tem o poder de vetar algo que os demais 14 integrantes possam autorizar.

O Brasil sabe que hoje não há muito espaço para fazer essa mudança. Mas pelo menos ganhou munição para futuras discussões. Em meio a um grave conflito, mudar as regras de funcionamento do Conselho de Segurança da ONU é praticamente impossível.

Sobre o veto dos Estados Unidos, diplomatas brasileiros reforçam críticas que estão sendo feitas ao governo norte-americano: no caso da guerra da Rússia na Ucrânia, Biden tem acusado Putin de cometer crimes de guerra, mas no caso de Israel e Hamas, ele não tem falado no excesso e na reação desproporcional israelense, punindo também civis palestinos na região da Faixa de Gaza.

Apesar do veto à resolução brasileira, o Brasil, como presidente do Conselho de Segurança da ONU, vai insistir em negociações que discutam um cessar-fogo entre Israel e Hamas e a criações de corredores humanitários.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viajou para Nova York nesta quarta-feira e vai presidir, no próximo dia 24, um debate aberto de Alto Nível do Conselho de Segurança sobre a temática do Oriente Médio, com discussões sobre o conflito na Palestina.

Segundo a equipe de Mauro Vieira, o Brasil não vai dar-se como vencido e seguirá buscando construir acordos que aliviem a "dramática situação humanitária" e a solução de dois Estados, Israel e Palestina.

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