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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Eficácia das máscaras contra a Covid-19 é comprovada pela ciência; veja o que dizem 4 estudos

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A máscara voltou a ser tema de debate após a PGR botar em dúvida o grau de eficiência do equipamento e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se posicionar contra a obrigatoriedade do uso. O G1 reuniu quatro estudos que apontam os benefícios da máscara no controle da pandemia. 
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Por G1

Postado em 19 de agosto de 2021 às 15h00m


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Além disso, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse em entrevista a um site bolsonarista nesta semana que é contrário à obrigatoriedade do uso de máscaras e que o uso tem que ser "um ato de conscientização", sem aplicação de multas.

A fala é diferente da promessa feita pelo ministro à Organização Mundial da Saúde (OMS) em abril. Na época, ele se comprometeu a incentivar o uso de máscara no Brasil. No mês passado, Queiroga disse que não tinha pressa para liberar o uso de máscaras no país e que a medida seria tomada com base na ciência.

Tanto a decisão da PGR quanto a fala de Queiroga ao canal bolsonarista vão na contramão do que mostra a ciência. As máscaras protegem contra a Covid-19. Vários estudos publicados ao longo da pandemia já comprovaram que o seu uso é fundamental para diminuir a possibilidade de transmissão do coronavírus.

Isso porque o vírus é transmitido principalmente pelo ar. Ou seja, uma pessoa pode ser contaminada ao inalar aerossóis produzidos quando alguém infectado exala, fala, grita, canta, espirra ou tosse. Para evitar a inalação desses aerossóis, o uso da máscara é essencial, assim como o distanciamento social, a ventilação e evitar aglomerações (principalmente em ambientes fechados).

O G1 reuniu quatro estudos (dos vários que existem) que mostram a importância da máscara. Eles foram publicados nas revistas Science, The Lancet e no site do Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia (NCBI) dos Estados Unidos.

Pesquisa australiana demonstra como máscaras evitam propagação do vírus
Pesquisa australiana demonstra como máscaras evitam propagação do vírus

Máscaras barram o vírus

Nós já sabemos que nem todas as pessoas apresentam sintomas quando infectadas pelo coronavírus. São as chamadas assintomáticas. Esses indivíduos, assim como os que têm sintomas, estão transmitindo o vírus. E qual medida importante pode ajudar a barrar a contaminação? A máscara.

Um estudo publicado pela revista Science em 25 de junho reforçou que as máscaras protegem as pessoas de duas maneiras:

  • Se a pessoa está infectada com o coronavírus, a máscara reduz a emissão e disseminação do vírus.
  • Se a pessoa está em contato com alguém infectado, a máscara faz uma barreira, reduzindo a inalação do vírus respiratório transportado pelo ar.
Os pesquisadores analisaram três cenários diferentes com dois tipos de máscaras: PFF2/N95 e cirúrgicas. A proteção é maior quando todos usam máscara, menor quando só infectados usam e menor ainda quando apenas não infectados estão protegidos.

Novo estudo comprova eficiência do uso de máscara na redução da pandemia
Novo estudo comprova eficiência do uso de máscara na redução da pandemia

O estudo destaca que a maioria dos ambientes tem baixa concentração de vírus - aí os modelos cirúrgicos já funcionam bem na prevenção. As máscaras mais avançadas são necessárias em ambientes fechados, que podem ter alta concentração de vírus, como centros médicos e hospitais. E se tornam ainda mais eficazes quando combinadas com outras medidas, como ventilação e distanciamento.

Os pesquisadores fazem um alerta importante: se a maioria das pessoas na comunidade em geral usar até mesmo máscaras cirúrgicas simples, a probabilidade de um encontro com uma partícula de vírus será ainda mais limitada.

E existe uma máscara melhor? Especialistas têm repetido que a PFF2 é a mais indicada. Ela tem uma boa capacidade de filtragem e um bom ajuste ao rosto.

Quanto mais pessoas usam, menos o vírus se dissemina

Um outro estudo, publicado na revista The Lancet em janeiro, constatou que um aumento de 10% no uso de máscaras foi associado a uma probabilidade de mais de três vezes nas chances de manter a taxa de transmissão (Rt) abaixo de 1.

O "ritmo de contágio" é um número que traduz o potencial de propagação de um vírus: quando ele é superior a 1, cada infectado transmite a doença para mais de uma pessoa e a doença avança. Se ele está abaixo de 1, é um sinal de que a transmissão do vírus está diminuindo.

O estudo utilizou modelagem matemática para investigar a associação entre uso de máscaras, distanciamento físico e transmissão SARS-CoV-2 nos EUA e analisou o comportamento de mais de 350 mil pessoas.

Segundo os pesquisadores, comunidades com alto uso de máscaras e distanciamento físico têm a maior probabilidade de controlar a transmissão. "Máscaras faciais podem ajudar a prevenir a transmissão de Covid-19, protegendo o usuário de se infectar ou impedindo que o usuário passe o vírus se ele estiver infectado."

"Nossos achados, com base em dados observacionais, sugerem um benefício da comunidade por usar máscaras faciais para retardar a transmissão do Covid-19", explicou John Brownstein, autor sênior do estudo.

O que devemos saber sobre as máscaras PFF2/ N95
O que devemos saber sobre as máscaras PFF2/ N95

Máscara, ventilação e distanciamento

Desde o começo da pandemia, os especialistas alertam que as medidas não farmacológicas são fundamentais para conter a Covid-19. E o que são essas medidas? Máscaras, distanciamento físico, ventilação de ambientes e higiene das mãos.

Com a vacinação, muitas pessoas começaram a abandonar algumas dessas medidas, incluindo a máscara. Mas precisamos lembrar que os imunizantes previnem as formas graves e hospitalizações da doença. Ainda não há 100% de certeza que as vacinas também previnem a Covid-19.

Um estudo publicado no site do Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia (NCBI) dos Estados Unidos, alertou que, além da vacinação, as estratégias contra a Covid-19 devem enfatizar o uso de máscaras e garantir ventilação adequada.

Para os pesquisadores, as máscaras têm duas principais funções: limitar a saída de gotículas respiratórias potencialmente infecciosas; e proteção do usuário da máscara, reduzindo a entrada de aerossol carregado de vírus.

"Considerando que este último pode ser considerado uma escolha pessoal, não limitar a saída coloca em risco a saúde de outras pessoas e, portanto, deve ser regulamentado em uma sociedade civilizada", alertam os cientistas.

Uma outra pesquisa, feita em Barcelona e publicada na revista The Lancet em maio, avaliou o risco de transmissão da Covid-19 em um concerto de música ao vivo em espaço aberto, em dezembro de 2020. Todos os 465 participantes fizeram testes e usaram máscaras N95.

Oito dias depois, os participantes fizeram o teste PCR e ninguém testou positivo para o Sars-Cov-2.

O principal autor do estudo, Josep Llibre, alertou que o estudo foi feito em um momento de baixa circulação do vírus, mas que as medidas de prevenção são essenciais.

"Nosso estudo fornece evidências precoces de que eventos de música podem ocorrer sem aumentar o risco de transmissão quando medidas abrangentes de segurança estão em vigor, mas é importante que nossas descobertas sejam consideradas à luz da situação na Espanha na época – quando os casos não eram altos e muitas restrições estavam em vigor. Como resultado, nosso estudo não significa necessariamente que todos os eventos de massa são seguros."

VÍDEO: Comparativo de máscaras, segundo estudo publicado na 'Science'
VÍDEO: Comparativo de máscaras, segundo estudo publicado na 'Science'

O que diz o Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde disse, em nota, que trabalha desde o começo da pandemia para divulgar amplamente todas as medidas de prevenção contra a doença.

"Entre as ações não farmacológicas estão o uso de máscaras de proteção, a higienização das mãos, além do distanciamento social. Medidas que, juntamente com a ampliação da campanha de vacinação, são necessárias para acabar com o caráter pandêmico da doença", afirma a pasta.

Sobre o estudo para flexibilizar o uso da máscara no Brasil, a pasta disse que o documento passa por uma revisão sistemática encomendada pelo ministério à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O G1 questionou o Ministério da Saúde sobre a atual recomendação do governo e qual a base da orientação (pesquisa, ou estudos), mas não obteve respostas até a publicação da reportagem.

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