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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

O que é a Passagem de Drake, complexa zona marítima onde avião militar chileno desapareceu

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Região de cerca de 800km fica no encontro entre os oceanos Atlântico e Pacífico; a grande profundidade de suas águas e seu sistema de circulação atmosférica produzem mudanças climáticas repentinas.
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 Por BBC  

 Postado em 11 de dezembro de 2019 às 17h30m  
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Passagem de Drake é uma região marítima que divide a Antártida da parte sul da América do Sul — Foto: Getty Images/BBCPassagem de Drake é uma região marítima que divide a Antártida da parte sul da América do Sul — Foto: Getty Images/BBC



É uma região onde a temperatura varia entre 0ºC e -25ºC durante todo o ano.
A Passagem de Drake, também chamada de Mar de Drake, é a região marítima que divide a Antártida da parte sul da América do Sul, e também é o epicentro das buscas pelo avião chileno Hércules C-130 que desapareceu na noite da segunda-feira (9) com 38 pessoas a bordo.

"As condições são extremamente difíceis" e "a situação é muito adversa" são alguns dos diagnósticos fornecidos pelas autoridades chilenas desde que o desaparecimento da aeronave foi confirmado.

O diagnóstico foi feito com base nas dificuldades sentidas pelas equipes de busca e salvamento durante a procura pela aeronave.

Além disso, um especialista na região considera a Passagem de Drake como uma das regiões marítimas "mais complicadas do mundo", com enormes dificuldades para navegação e ondas com alturas que variam de seis a dez metros.

"São áreas muito complicadas do sistema. Ali também convergem o Oceano Atlântico e o Pacífico, onde os dois mares estão entrelaçados", disse Nicolás Butorovic, diretor de climatologia da Universidade de Magalhães, ao jornal chileno "El Mercurio".

Magalhães é a Província do sul do Chile onde fica a cidade de Punta Arenas, o local de decolagem do Hércules que perdeu contato às 18:13 de segunda-feira e que aterrissaria na base militar Presidente Eduardo Frei Montalva, na Antártida.

A área
Os ventos, a baixa visibilidade e as fortes correntes da Passagem de Drake são algumas das características da área marítima de cerca de 800 km, onde o Pacífico e o Atlântico se encontram.

Além disso, a grande profundidade de suas águas e seu sistema de circulação atmosférica produzem mudanças de tempo repentinas e muito difíceis de prever, deixando aqueles que a atravessam - navegando ou voando - à mercê desses fenômenos.

"São mudanças bruscas nas condições de temperatura, visibilidade e principalmente do vento, em um período muito curto. É um desafio para a navegação e tráfego aéreo enfrentar essas latitudes. Tanto pilotos quanto comandantes de aeronaves e navios passam por processos de treinamento especial para operar nessas áreas extremas, com processos de adaptação e treinamento muito rígidos", explicou o vice-almirante da Marinha do Chile e atual senador Kenneth Pugh.

Em uma entrevista ao jornal chileno "La Tercera", a autoridade acrescentou que "normalmente nessas latitudes não há cobertura completa e permanente de satélites de comunicações geoestacionárias, por conta das características dessa órbita equatorial".

Pugh disse ainda que essas condições marítimas dificultam o uso de radares e reduzem a probabilidade de detecção de aeronaves.

Diferentes especialistas consultados pela imprensa chilena concordaram que no dia do desaparecimento do Hércules C-130 as ondas podiam atingir até 10 metros de altura com ventos de cerca de 100 km/h.

Essas condições podem significar que a área de buscas tenha de ser ampliada.

Quem foi Francis Drake
Francis Drake foi um navegador e corsário inglês que no final do século 16 que conseguiu atravessar o estreito de Magalhães.
Os historiadores apontam que outras expedições cruzaram as águas do que hoje é conhecido como Passagem de Drake décadas antes da jornada inglesa.

O corsário foi um dos primeiros financiados pela coroa inglesa a atacar as embarcações espanholas que transportavam a riqueza obtida na América para a Europa, algo que ele fez tanto no Peru quanto no Chile.
Francis Drake era corsário inglês que no final do século 16 que conseguiu atravessar o estreito de Magalhães — Foto: Getty Images/BBCFrancis Drake era corsário inglês que no final do século 16 que conseguiu atravessar o estreito de Magalhães — Foto: Getty Images/BBC

Séculos depois, os mais de 800 km da Passagem de Drake são compartilhados pela Argentina e pelo Chile, além de uma parte importante ser considerada águas internacionais.

Hoje, esses dois países, junto com o Uruguai e o Brasil, também compartilham o trabalho de procurar o avião danificado na segunda-feira. A tarefa, como já alertou o ministro da Defesa chileno Alberto Espina, é bastante difícil.

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