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Agronegócios foi destaque positivo e, sem ele, PIB teria crescido cerca de 0,3%, estima IBGE; crescimento ainda não repõe perdas da crise e economia volta ao patamar de 2011.
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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,0% em 2017, na primeira alta após dois anos consecutivos de retração. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o PIB em 2017 foi de R$ 6,6 trilhões.
O resultado mostra que a economia brasileira começou a se recuperar em 2017, mas ainda não repõe as perdas da atividade econômica na crise. Em 2016 e 2015, o PIB recuou 3,5% sobre o ano anterior, na maior recessão da história recente do país.
De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Rocque Palis, com resultado de 2017 o PIB retorna ao patamar observado no primeiro semestre de 2011. "Isso considerando o valor adicionado em termos reais, já descontada a inflação", enfatizou a pesquisadora.
Para Rebeca, o grande impulsionador do PIB de 2017 foi o agronegócio, que avançou 13% em 2017, puxado pela safra recorde. "Em tese, o crescimento seria de 0,3% (sem o agronegócio). Mas temos que lembrar que a agropecuária tem influência em todos os outros setores."
O consumo das famílias avançou 1% no ano passado e também contribuiu para a recuperação da economia (leia mais abaixo).
No quarto trimestre, o PIB cresceu 0,1% em relação ao trimester anterior, na quarta alta consecutiva nessa base de comperação. Frente ao mesmo período de 2016, o avanço foi de 2,1%.
O PIB per capita cresceu 0,2% no ano passado, alcançando R$ 31.587, já considerando a inflação. O PIB per capita é definido como a divisão do valor corrente do PIB pela população residente no meio do ano.
Resultado por setores
A coordenadora do IBGE enfatizou que o grande destaque é, incontestavelmente, o da agropecuária. "A agropecuária tem um peso de apenas 5,3% na composição do PIB, mas o setor respondeu por 0,7% do valor adicionado ao PIB", disse.
A safra recorde levou o setor agrícola a crescer 13% em 2017, no melhor desempenho desde o inicio da série histórica do IBGE, em 1996, superando o avanço de 8,4% registrado em 2013.
“Principalmente com recorde da safra de soja, que é o produto agrícola mais pesado do Brasil, e do milho, cuja safra cresceu mais de 55% na comparação com o ano anterior”, disse Rebeca.
O resultado positivo ocorre após um dos piores anos do agronegócio -em 2016, o setor encolheu 4,3%.
O setor de serviços também se recuperou, com avanço de 0,3% no ano. Esse setor é beneficiado pela expansão do consumo das famílias brasileiras, que voltaram a gastar. O comércio cresceu 1,8%, seguido por atividades imobiliárias (1,1%) e pelos transportes.
A indústria brasileira ficou estagnada em 2017, após três anos consecutivos de queda. A última vez que o setor apresentou avanço no PIB foi em 2013, quando cresceu 2,2%.
Entre os segmentos, o destaque positivo foi a alta na atividade extrativa (4,3%), enquanto o negativo foi a construção civil, que encolheu 5% no ano.
Segundo Rebeca, o resultado da indústria foi negativamente impactado pelo acionamento das termelétricas. “A produção fica mais cara, já que você consome mais insumos para a mesma produção.”
Famílias gastam mais, governo menos
Os brasileiros voltaram a gastar e ajudaram a puxar o PIB em 2017. O consumo das famílias é responsável por 63,4% do PIB brasileiro e cresceu 1% no ano, estimulado pela baixa inflação e recuperação do emprego.
Por outro lado, os gastos do governo encolheram 0,6%, em meio à crise fiscal de governos federais, estaduais e municipais, puxaram o PIB pra baixo.
"Quando a gente olha, sob a ótica da despesa, comparando 2017 a 2016 o que mais chama a atenção é o consumo das famílias. De uma queda de 4,3% no ano anterior, ele cresceu 1% e foi a principal responsável pela reversão do PIB", disse Rebeca.
Segundo ela, a retração dos gastos públicos afetou o volume de investimento na economia, que permaneceu em queda em 2017. “Como houve tentativa de contenção dos gastos públicos e os mais fáceis de serem cortados são os de investimentos, realmente o investimento sofreu mais."
Menor investimento da história
O volume de investimentos na economia recuou 1,8% em 2017, para cerca de R$ 1 trilhão. Com isso a taxa de investimento, ou seja, o percentual do valor investido sobre o PIB, ficou em 15,6% em 2017, a menor da série histórica do IBGE. No ano anterior, o índice foi de 16,1%.
Rebeca enfatizou que 52,2% do investimento na economia brasileira vem da construção civil, que ainda não se recuperou da crise e continua a encolher. "Por isso o resultado da taxa de investimento ter sido a menor da série."
Apesar do redução do investimento no ano, Rebeca apontou que houve crescimento do investimento no quarto trimestre, após 14 quedas consecutivas. “Foi o principal destaque do trimestre. A taxa de investimento foi de 15,7%, acima da taxa de 15,3% observada no 4º trimestre de 2016”.
Segundo ela, esse crescimento está relacionado, sobretudo, com o aumento da importação de bens e serviços (8,1% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior). “Mas é bom lembrar que no resultado anual, a taxa de investimento ainda continua muito baixa.”
Poupança maior
A recuperação da economia também levou a um aumento da taxa de poupança na economia, que fechou o ano em 14,8% em 2017, contra 13,9% no ano anterior.
“Ou seja, aumentou o poder de consumo. Dinheiro na mão do consumidor é usado para gastar e também para poupar. Tanto que a gente observa que também houve crescimento da taxa de investimento na poupança.”
Balança comercial ajudou
O setor externo também contribuiu para o PIB de 2017. A balança comercial registrou um superávit de US$ 67 bilhões, o melhor resultado em 29 anos.
“As exportações foram um pouquinho maior que as importações”. Dentre as exportações, os destaques, segundo a pesquisadora foram agricultura, petróleo e gás, indústria automotiva e máquinas e equipamentos.
“São justamente os destaques que tivemos na produção”, salientou.
Repercussão
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, comemorou o resultado do PIB. "Já é um avanço grande e mostra que a economia está acelerando", declarou Meirelles.
Para Dyogo Oliveira, ministro do Planejamento, a alta de 1% em 2017 inaugura “um novo ciclo de crescimento”.
*Com Marta Cavallini, Olívia Henriques, Gabriela Sarmento, Darlan Alvarenga, Karina Trevizan, Alexandro Martello, Laís Lis e Fábio Amato.
PIB 2017
Post.N.\8.177
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