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Brasil Agência cita crescimento fraco e 'repetidos episódios de instabilidade política'.
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A agência de classificação de risco Fitch anunciou nesta sexta-feira (19) que decidiu manter a nota de crédito soberano do Brasil em "BB" - dois degraus abaixo do grau de investimento (selo de bom pagador). Ao mesmo tempo, reafirmou a perspectiva negativa para o rating do país.
Ao manter inalterada o rating do Brasil, a agência destacou o crescimento fraco da economia e "repetidos episódios de instabilidade política" como riscos.
"O rating do Brasil é contido pela fraqueza estrutural em suas finanças públicas, peso crescente da dívida do governo, perspectivas fracas de crescimento, indicadores mais fracos de governança em relação a outros, e repetidos episódios de instabilidade política que afetam a política e têm implicações negativas para a economia", apontou a Fitch em nota.
Por outro lado, a agência destaca que as fraquezas são compensadas pela diversidade econômica do país e instituições consolidadas, citando ainda como motivo para não alterar a nota do Brasil a queda da inflação e reformas como a do teto dos gastos.
Governo diz ter compromisso com consolidação fiscal
Em nota, o Ministério da Fazenda disse estar compromissado com a busca da consolidação fiscal do país e a sustentabilidade da dívida pública.
"A avaliação da agência reforça a importância das iniciativas que visam à recuperação da economia brasileira e à construção das bases para o crescimento sustentado", disse a Fazenda, destacando que a decisão da agência faz menção "à importância e ao desafio da aprovação das reformas em curso, as quais ajudarão na reversão do cenário fiscal, contribuindo para uma trajetória benigna de endividamento público".
(Foto: Arte G1)
Incertezas
"A perspectiva negativa reflete incertezas continuadas em torno das perspectivas de recuperação econômica do Brasil, de estabilização da dívida pública e aos avanços na agenda legislativa, em especial a reforma da Previdência", acrescentou.
A Fitch prevê crescimento de 0,5% PIB do Brasil em 2017 e de 2,5% em 2018.
"Entretanto, recentes eventos políticos relacionados ao presidente Temer elevaram a incerteza em relação ao processo de reformas e podem afetar a confiança e as perspectivas de recuperação econômica", completou a agência.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou abertura de investigação contra Temer depois que Joesley Batista, dono da JBS, gravou um diálogo com o presidente. Segundo o jornal "O Globo", Joesley informou aos investigadores que, nessa conversa, ele e Temer discutiram a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Lava Jato, com o objetivo de evitar que ele fizesse delação.
Fitch segue S&P
A nota do Brasil e a perspectiva seguem a mesma na classificação da agência desde maio de 2016.
A Fitch repete movimento também feito pela agência Standard and Poor's (S&P), que em fevereiro também decidiu manter inalterada a nota do Brasil e a perspectiva negativa, citando incertezas políticas e fraqueza da economia.
Atualmente, a nota do Brasil está na mesma posição nas escalas das 3 principais agências de classificação de risco: dois degraus abaixo do grau de investimento, considerado uma espécie de selo de país bom pagador.
Na Moody´s, perspectiva foi elevada de negativa para estável em março. Em comunicado nesta sexta, entretanto, a agência afirmou que "as alegações envolvendo o presidente Michel Temer prejudicam a perspectiva de crédito do Brasil ameaçando paralisar ou reverter o positivo momento político e econômico observado recentemente".
O Brasil conquistou o grau de investimento pelas agências internacionais Fitch Ratings e Standard & Poor’s pela primeira vez em 2008. Em 2009, conseguiu a classificação pela Moody’s.
A S&P foi primeira a tirar o selo de bom pagador do Brasil, em setembro de 2015, ação que foi seguida pelas outras duas grandes agências internacionais: Fitch e Moody´s.
Segundo analistas de mercado, historicamente, países costumam levar cerca de 5 a 10 anos para recuperar o selo de país bom pagador.
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