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Dispositivo pode vir a mover perna e braço biônicos em vítimas de paralisia.
Tecnologia relativamente pouco invasiva funcionou em teste com animais.
O "stentrode", implante cerebral criado por cientistas australianos (Foto: Reuters/Universidade de Melbourne)
A dispositivo, do tamanho de um palito de fósforo, já foi testado em animais, implantado em vasos sanguíneos próximos ao cérebro. O produto foi batizado de stentrode, porque é essencialmente um stent (uma malha microscópica em forma de tubo) com eletrodos (terminações metálicas que captam eletricidade).
A ideia é usar os sinais elétricos que o dispositivo capta para convertê-los em informações que possam ser usadas para controlar algo como um braço biônico, afirmam os cientistas.
"A grande inovação é que agora nós temos um dispositivo de interface cérebro-computador minimamente invasivo que possivelmente é prático para uso no longo prazo", afirma Terry O'Brien, chefe do Departamento de Medicina e Neurologia da Universidade de Melbourne (Austrália), que desenvolveu o stentrode.
O método atual para acessar sinais cerebrais precisos requer cirurgias complexas com abertura do crânio e se torna menos eficiente após alguns meses.
O stentrode é menos invasivo porque pode ser inserido por uma veia no pescoço do paciente e posicionado em um vaso sanguíneo perto do cérebro.
O teste em animais foi feito para averiguar a capacidade do stentrode de captar sinais neurais, não para convertê-los em sinais eletrônicos para movimentar membros biônicos, que já são tecnologia estabelecida.
Ganesh Naik, professor da Universidade de Tecnologia de Sydney, não envolvido no projeto, afirma que nem sempre testes em animais se traduzem em sucesso nos experimentos com humanos.
"Se isso funcionar como deve em testes com humanos, será um avanço extraordinário", disse.
Outros potenciais usos para o stentrode incluem o monitoramento de sinais cerebrais de pessoas com epilepsia para antecipar a ocorrência de uma convulsão.
Caso tenha sucesso, o dispositivo também pode permitir a um paciente se comunicar por computador, afirma Clive May, professor do Instituto Florey de Neurociências e Saúde Mental, que trabalha no projeto.
"As pessoas teriam de ser treinadas a pensar os pensamentos certos para fazer isso funcionar, assim como se aprende a tocar música", afirmou. "É algo que é preciso aprender, mas uma vez feito, se torna natural."
Além Universidade de Melbourne e do Instituto Florey, o Hospital Real de Melbourne também participa do projeto que desenvolve o stentrode.
Os recursos usados no projeto foram fornecidos pelo Governo da Austrália e pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, que ajuda tecnologias que possa vir a ajudar veteranos de guerra paraplégicos.
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