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Autoridade monetária, responsável por controlar a alta dos preços, enfrenta problemas semelhantes aos do ano passado.
Para especialistas ouvidos pelo GLOBO, Copa e eleições tornam o cenário ainda mais difícil.
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Gabriela Valente (Email)
BRASÍLIA - O ano virou, mas o Banco Central continua a ter de lidar com os fantasmas de 2013. O comportamento da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, que orienta o sistema de metas de inflação do governo), que no ano passado atingiu 5,91%, acima dos 5,84% de 2012, levou o BC a aumentar os juros, na semana passada, mais que o esperado pelo mercado financeiro, para 10,5%, e deixou no ar que a escalada deve continuar.
Os problemas que rondam o presidente Alexandre Tombini e sua equipe vão além da inflação resistente. As manobras do Ministério da Fazenda para fechar as contas públicas prejudicam a imagem do país.
A nota de risco do Brasil pode ser rebaixada por agências internacionais. Cada vez mais, investidores retiram dólares do mercado brasileiro, o que encarece a moeda americana e bate na inflação porque aumenta o preço dos importados. Se o rating brasileiro for rebaixado, essa situação piora.
Para completar o quadro de ano complicado, haverá eleições. Os economistas ouvidos pelo GLOBO não acreditam em qualquer controle de gastos neste período. A Copa do Mundo é outra ameaça aos preços.
Com a possibilidade de ganhar mais com a demanda turbinada pelos turistas, comerciantes aumentam os preços. O efeito em cadeia bate diretamente à porta do Comitê de Política Monetária (Copom) que é responsável por controlar a inflação.
- Você imagina quanto custará uma Coca-Cola em um posto de gasolina no Rio? Vão pedir o quê: R$ 15? - supõe o economista- chefe da corretora Gradual, André Perfeito.
Ameaça dos preços administrados
A preocupação com os preços no Brasil transcende fronteiras. Na semana passada, a revista “The Economist”, a publicação mais influente no mundo econômico, disse que a inflação é um “bicho-papão” para o Brasil.
A edição disse que Tombini foi muito rápido na hora de colocar a culpa da surpresa inflacionária no fim do ano - em dezembro, a taxa de 0,92% foi a maior em dez anos - no câmbio, salários e tarifas de transporte.
Para Perfeito, entretanto, o presidente do BC começa a recuperar a credibilidade, arranhada no ano passado. Os juros vêm subindo desde abril, passando de 7,25% para 10,5% ao ano, o que fez aumentar a confiança de que o BC combaterá a inflação com mais força.
Ideia reforçada pelos sinais dados pela autoridade monetária de que pode subir ainda mais a taxa para conter a inflação. Isso derruba uma das maiores bandeiras da presidente Dilma Rousseff: a dos juros baixos.
Novos perigos para a economia são citado pelos especialistas. Eles lembram que não há mais coordenação no trabalho de combater a alta dos preços com o Ministério da Fazenda, como visto no início do governo Dilma Rousseff. Hoje, enquanto o BC tenta controlar a inflação, a Fazenda aumenta gastos.
A política fiscal influencia o trabalho do BC. Além de ser combustível para os preços, causa barulho no exterior. As agências de risco têm alertado que o governo brasileiro pode não continuar a reduzir a dívida pública por gastar demais.
Só esses avisos já mexem com o dólar. Fazem a moeda americana aumentar e isso traz mais inflação. O BC já usou suas principais armas para conter a alta da moeda americana e até estabeleceu uma “ração diária” de dólares para o mercado financeiro e, assim, segurar o câmbio.
No entanto, para o economista-chefe da corretora NGO, Sidney Nehme, chegará a hora em que o Banco Central terá de intervir com mais força, pois o que fez até agora foi emprestar dinheiro para os bancos colocarem no mercado.
Sérgio Vale, economista da MB Associados, lembra outra dificuldade para o Banco Central conseguir cumprir a meta de inflação, de 4,5% podendo chegar a 6,5%: as tarifas de serviços públicos.
Ao contrário do ano passado, quando o governo reduziu a conta de luz e negociou para que as prefeituras adiassem o aumento da passagem de ônibus, a fatura deste ano dos chamados “preços administrados” será mais salgada. A estimativa é que chegue a 4,5%. Em 2013, ficou em 1,5%. Esse aumento se perpetua, por causa do alto índice de indexação da economia brasileira.
- Cada vez mais fica claro que a taxa não deve voltar para os patamares anteriores e, por isso, o risco de repasse para preços fica cada vez maior e espalhado - critica o analista.
Os problemas que rondam o presidente Alexandre Tombini e sua equipe vão além da inflação resistente. As manobras do Ministério da Fazenda para fechar as contas públicas prejudicam a imagem do país.
A nota de risco do Brasil pode ser rebaixada por agências internacionais. Cada vez mais, investidores retiram dólares do mercado brasileiro, o que encarece a moeda americana e bate na inflação porque aumenta o preço dos importados. Se o rating brasileiro for rebaixado, essa situação piora.
Para completar o quadro de ano complicado, haverá eleições. Os economistas ouvidos pelo GLOBO não acreditam em qualquer controle de gastos neste período. A Copa do Mundo é outra ameaça aos preços.
Com a possibilidade de ganhar mais com a demanda turbinada pelos turistas, comerciantes aumentam os preços. O efeito em cadeia bate diretamente à porta do Comitê de Política Monetária (Copom) que é responsável por controlar a inflação.
- Você imagina quanto custará uma Coca-Cola em um posto de gasolina no Rio? Vão pedir o quê: R$ 15? - supõe o economista- chefe da corretora Gradual, André Perfeito.
Ameaça dos preços administrados
A preocupação com os preços no Brasil transcende fronteiras. Na semana passada, a revista “The Economist”, a publicação mais influente no mundo econômico, disse que a inflação é um “bicho-papão” para o Brasil.
A edição disse que Tombini foi muito rápido na hora de colocar a culpa da surpresa inflacionária no fim do ano - em dezembro, a taxa de 0,92% foi a maior em dez anos - no câmbio, salários e tarifas de transporte.
Para Perfeito, entretanto, o presidente do BC começa a recuperar a credibilidade, arranhada no ano passado. Os juros vêm subindo desde abril, passando de 7,25% para 10,5% ao ano, o que fez aumentar a confiança de que o BC combaterá a inflação com mais força.
Ideia reforçada pelos sinais dados pela autoridade monetária de que pode subir ainda mais a taxa para conter a inflação. Isso derruba uma das maiores bandeiras da presidente Dilma Rousseff: a dos juros baixos.
Novos perigos para a economia são citado pelos especialistas. Eles lembram que não há mais coordenação no trabalho de combater a alta dos preços com o Ministério da Fazenda, como visto no início do governo Dilma Rousseff. Hoje, enquanto o BC tenta controlar a inflação, a Fazenda aumenta gastos.
A política fiscal influencia o trabalho do BC. Além de ser combustível para os preços, causa barulho no exterior. As agências de risco têm alertado que o governo brasileiro pode não continuar a reduzir a dívida pública por gastar demais.
Só esses avisos já mexem com o dólar. Fazem a moeda americana aumentar e isso traz mais inflação. O BC já usou suas principais armas para conter a alta da moeda americana e até estabeleceu uma “ração diária” de dólares para o mercado financeiro e, assim, segurar o câmbio.
No entanto, para o economista-chefe da corretora NGO, Sidney Nehme, chegará a hora em que o Banco Central terá de intervir com mais força, pois o que fez até agora foi emprestar dinheiro para os bancos colocarem no mercado.
Sérgio Vale, economista da MB Associados, lembra outra dificuldade para o Banco Central conseguir cumprir a meta de inflação, de 4,5% podendo chegar a 6,5%: as tarifas de serviços públicos.
Ao contrário do ano passado, quando o governo reduziu a conta de luz e negociou para que as prefeituras adiassem o aumento da passagem de ônibus, a fatura deste ano dos chamados “preços administrados” será mais salgada. A estimativa é que chegue a 4,5%. Em 2013, ficou em 1,5%. Esse aumento se perpetua, por causa do alto índice de indexação da economia brasileira.
- Cada vez mais fica claro que a taxa não deve voltar para os patamares anteriores e, por isso, o risco de repasse para preços fica cada vez maior e espalhado - critica o analista.
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