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DAVOS (Suíça) - O Brics — nomeação que abrange Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países que marcaram o sucesso do mundo emergente — perdeu o brilho no Fórum Econômico Mundial de Davos. Por causa da desaceleração destes países, alguns empresários já duvidam do futuro de seus integrantes.
É o fim do Brics? Economistas e um ministro ouvidos pelo GLOBO relativizaram as críticas e avaliaram que cada nação terá de lidar com os próprios desafios. Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, em Nova York, reagiu assim:
— Com certeza não são mais o que eram, e o entusiasmo é menor. Mas tudo é exagerado aqui.
Falam neste ano que o Brics acabou. Mas é claro que não! — afirma, classificando a ideia como “visão de curto prazo” e apostando que Brasil e os parceiros de Brics terão uma década de crescimento acelerado.
Ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), o americano John Lipsky diz que o declínio do Brics e a retração dos investidores são fatos consumados.
Se estes países se levantam ou não no longo prazo, afirma, dependerá das políticas que adotarem:
— Os mercados do Brics já tiveram declínio. Mas, no longo prazo, a questão será o desempenho destes países, que enfrentam desafios diferentes — diz. — Ninguém chegou a uma conclusão sobre todos os países emergentes.
Para ele, os investidores deixaram de ver o Brics como um bloco de oportunidades e estão diferenciando os países.
— Isso não está acontecendo somente com o Brics, mas também com outros grandes mercados emergentes.
Por sua vez, P. Chidambaram, ministro das Finanças da Índia — que teve o menor crescimento em uma década (5%) e enfrenta problemas nas finanças públicas —, reagiu lembrando o avanço das iniciativas capitaneadas pelo bloco.
— Por que isso tem que levar à conclusão de que países do Brics atingiram o seu limite? Estamos avançando no trabalho para um criação de um banco do bloco. Acho que há bastante compromisso no Brics (para avançar).
Corrupção no brasil preocupa
Chidambaram reconhece que seu país tem problemas estruturais, mas diz que muito da desaceleração veio de fatores externos. Num debate ontem, ele previu que a Índia vai crescer 6% em 2014 e 2015 até atingir, “passo-a-passo”, o seu potencial de 8% ao ano.
A expectativa está afinada com a de Jeffrey Sachs, para quem o crescimento de Brasil, Rússia, Índia e China vai ultrapassar a expansão dos países ricos “em vários pontos percentuais” nos próximos dez anos. Em relação ao Brasil, ele se diz otimista, mas chama a atenção para os problemas do país:
— O Brasil tem uma economia diversificada e cada vez mais sofisticada, que exporta aviões. Tem alta tecnologia, pessoas inteligentes e é uma economia muito grande com produtividade alimentar e recursos naturais — lembrou. — Mas crescimento de 2% é, sim, baixo.
As pessoas estão insatisfeitas com a governança no Brasil. Foram às ruas (protestar), e o colapso de Eike Batista foi uma grande coisa. Houve muito entusiasmo em relação à economia brasileira, que não está se materializando.
Chocado com os escândalos de corrupção, ele afirmou esperar ouvir da presidente Dilma Rousseff, que neste ano irá ao Fórum de Davos pela primeira vez, “a mensagem de que o Brasil vai ser governado de forma correta e que em dez anos não haverá tantos ministros renunciando por conta de corrupção”.
Lipsky também destacou o potencial do país e os desafios que tem de enfrentar.
— O crescimento é uma questão nos anos que virão. Depende também da economia global — ponderou, frisando que o Brasil precisa elevar a qualidade da educação para melhorar a produtividade.
É o fim do Brics? Economistas e um ministro ouvidos pelo GLOBO relativizaram as críticas e avaliaram que cada nação terá de lidar com os próprios desafios. Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, em Nova York, reagiu assim:
— Com certeza não são mais o que eram, e o entusiasmo é menor. Mas tudo é exagerado aqui.
Falam neste ano que o Brics acabou. Mas é claro que não! — afirma, classificando a ideia como “visão de curto prazo” e apostando que Brasil e os parceiros de Brics terão uma década de crescimento acelerado.
Ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), o americano John Lipsky diz que o declínio do Brics e a retração dos investidores são fatos consumados.
Se estes países se levantam ou não no longo prazo, afirma, dependerá das políticas que adotarem:
— Os mercados do Brics já tiveram declínio. Mas, no longo prazo, a questão será o desempenho destes países, que enfrentam desafios diferentes — diz. — Ninguém chegou a uma conclusão sobre todos os países emergentes.
Para ele, os investidores deixaram de ver o Brics como um bloco de oportunidades e estão diferenciando os países.
— Isso não está acontecendo somente com o Brics, mas também com outros grandes mercados emergentes.
Por sua vez, P. Chidambaram, ministro das Finanças da Índia — que teve o menor crescimento em uma década (5%) e enfrenta problemas nas finanças públicas —, reagiu lembrando o avanço das iniciativas capitaneadas pelo bloco.
— Por que isso tem que levar à conclusão de que países do Brics atingiram o seu limite? Estamos avançando no trabalho para um criação de um banco do bloco. Acho que há bastante compromisso no Brics (para avançar).
Corrupção no brasil preocupa
Chidambaram reconhece que seu país tem problemas estruturais, mas diz que muito da desaceleração veio de fatores externos. Num debate ontem, ele previu que a Índia vai crescer 6% em 2014 e 2015 até atingir, “passo-a-passo”, o seu potencial de 8% ao ano.
A expectativa está afinada com a de Jeffrey Sachs, para quem o crescimento de Brasil, Rússia, Índia e China vai ultrapassar a expansão dos países ricos “em vários pontos percentuais” nos próximos dez anos. Em relação ao Brasil, ele se diz otimista, mas chama a atenção para os problemas do país:
— O Brasil tem uma economia diversificada e cada vez mais sofisticada, que exporta aviões. Tem alta tecnologia, pessoas inteligentes e é uma economia muito grande com produtividade alimentar e recursos naturais — lembrou. — Mas crescimento de 2% é, sim, baixo.
As pessoas estão insatisfeitas com a governança no Brasil. Foram às ruas (protestar), e o colapso de Eike Batista foi uma grande coisa. Houve muito entusiasmo em relação à economia brasileira, que não está se materializando.
Chocado com os escândalos de corrupção, ele afirmou esperar ouvir da presidente Dilma Rousseff, que neste ano irá ao Fórum de Davos pela primeira vez, “a mensagem de que o Brasil vai ser governado de forma correta e que em dez anos não haverá tantos ministros renunciando por conta de corrupção”.
Lipsky também destacou o potencial do país e os desafios que tem de enfrentar.
— O crescimento é uma questão nos anos que virão. Depende também da economia global — ponderou, frisando que o Brasil precisa elevar a qualidade da educação para melhorar a produtividade.
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