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domingo, 15 de dezembro de 2013

Empresas usam superexposição de usuários na web para ganhar dinheiro

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5/12/2013 - 03h05
Postado às 14h55
REINALDO CHAVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Fazer "selfies", ou seja, tirar fotos de si mesmo com celulares ou webcam, virou moda. Até os chefes de Estado Barack Obama (EUA), David Cameron (Reino Unido) e Helle Thorning-Schmidt (Dinamarca) se juntaram para fazer uma na semana passada, durante uma homenagem a Nelson Mandela.

Se as pessoas querem registrar sua presença até em cerimônia de homenagem a um líder morto, há espaço para negócios com o fenômeno.

Enquanto o Instagram, o aplicativo mais famoso para postar autorretratos, começa a implementar anúncios, empreendedores brasileiros tateiam diferentes modelos de negócio para faturar com a exposição dos usuários.

O publicitário Felipe Venetiglio, 30, criou o aplicativo Dujour, que permite que os usuários mostrem aos seguidores como estão vestidos no dia. "As pessoas adoram receber avaliações sobre se estão no caminho certo ou não [com o vestuário]. O aplicativo só torna essa comunicação mais rápida", diz.
Raquel Cunha/Folhapress
Felipe Venetiglio criou aplicativo de 'looks do dia'
Felipe Venetiglio criou aplicativo de 'looks do dia'
O app, que tem 115 mil usuários, é gratuito, mas fatura com marcas que desejam divulgar conteúdo na rede. Nas próximas semanas, será implementado um sistema em que as pessoas poderão acessar lojas on-line parceiras para comprar itens que viram no aplicativo -não está definido com quanto a Dujour vai ficar de cada venda.

Marcelo Pimenta, organizador do Laboratório de Start-ups da ESPM, diz que as empresas devem ter cuidado ao adotar esse tipo de método. "As companhias precisam criar estratégias para cada perfil de consumidor e, antes, saber o que eles desejam, principalmente em relação à privacidade", afirma.

Ele identifica três perfis básicos: os que gostam de se expor e buscam prestígio, os que têm interesses comerciais ou profissionais e aqueles só topam aparecer mediante alguma recompensa.

A Hookit, uma rede social de moda e design, aposta nesse último grupo. A página estimula os usuários a mostrar, em sites como o Facebook, produtos dos quais gostam. Em troca, ficam com uma comissão de ao menos 2% se um de seus amigos comprar o item na loja on-line indicada.

"Há uma predisposição das pessoas em revelar seus gostos. A ferramenta só estimula isso", afirma o presidente-executivo Vinícius Dambros, 35. Por enquanto, o sistema ainda tem participação limitada: são 600 usuários e dez e-commerces parceiros.

Pimenta diz que a publicidade tradicional perdeu credibilidade. "Hoje, as pessoas acreditam nas recomendações de amigos." Portanto, é preciso fazer com que os clientes sinalizem que estão usando seu produto.

Pensando nessa lógica, a empresa Recomind criou um sistema para que os internautas troquem contatos de prestadores de serviços, como diaristas, manicures e até médicos. No site, amigos contam que precisam de ajuda e recebem indicações de profissionais, que são avaliados.

A empresa fatura com o subsídio de empresas que pagam pela criação de perfis de profissionais de seus setores no site. O presidente-executivo Juliano Martinez, 30, classifica essas páginas como um "LinkedIn de pedreiro".

A companhia, que recebeu investimento de R$ 1 milhão do Buscapé, começou a funcionar em meados do ano passado e tem 30 mil usuários e 180 mil recomendações.

Lucas de Paula Lima, sócio da agência digital DBR, conta que empresas que desejam explorar o conteúdo produzido pelos usuários sobre a sua marca devem monitorar as redes e identificar quais são os internautas que influenciam os outros -e propor parcerias. "Também é importante mensurar que tipos de compartilhamentos geram engajamento e aumento de vendas", diz.

Thiago Di Fiore, 27, sócio da produtora de filmes Contém Conteúdo, resolveu criar este ano sua distribuidora, a Maff, usando uma loja que funciona dentro do Facebook. Ele aposta na "viralização" (popularização) gerada pelos comentários dos usuários para divulgar o produto -ele dá desconto para quem postar na rede social que efetuou uma compra.

"Recebi mensagens da Paraíba, de uma turma do ensino médio que assistiu um dos nossos filmes sobre a obra de Machado de Assis, incluindo vídeos com comentários dos alunos", conta.
Raquel Cunha/Folhapress
Thiago Di Fiore usa comentários de usuários para vender mais vídeos
Thiago Di Fiore usa comentários de usuários para vender mais vídeos

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