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Status de conservação do mamífero passa de 'vulnerável' para 'em perigo'.
ONG diz que Fifa ofereceu verba baixa para preservação da espécie.
Tatu-bola do zoológico do Rio de Janeiro com o mascote da Copa, Fuleco (Foto: Esther Nazareth/RioZoo)
A mudança ocorre após cientistas calcularem que entre 2002 e 2012 houve redução de 30% do total de exemplares desta espécie, distribuídos entre os biomas Caatinga e Cerrado. Ainda não se sabe o tamanho da população existente no país, pois são necessários mais estudos para se chegar a esse dado.
A espécie foi escolhida pela Fifa para ser o mascote oficial da Copa do Mundo de 2014, batizado de Fuleco. O nome, escolhido pelo público, mistura as palavras futebol + ecologia.
Porém, segundo organizações ambientais, a intenção inicial do órgão máximo do futebol mundial de promover a preservação da espécie ao torná-la um dos símbolos da Copa teria sido deixada de lado.
Não é justo para a sociedade brasileira”, disse Rodrigo Castro, secretário-executivo da Associação Caatinga, organização não-governamental que sugeriu a escolha desse tatu para mascote.
Castro sugere que uma das provas da não importância dada ao tatu-bola ocorreu no último dia 12, quando o mascote não apareceu na cerimônia de abertura, realizada na Arena Corinthians, em São Paulo. Procurada pelo G1, a Fifa não enviou resposta.
'Oferta insuficiente'
O porta-voz da Associação Caatinga afirma que, na última semana, um representante da Fifa entrou em contato com a ONG para propor uma doação. Segundo ele, a verba foi recusada por ser insuficiente à realização de trabalhos de pesquisa e conservação da espécie.
O valor exato não foi divulgado, mas, segundo Castro, equivalia a pouco menos de 5% do investimento total necessário para executar o Plano de Ação Nacional do Tatu-bola, criado pelo Ministério do Meio Ambiente para reverter a mortalidade de espécimes. O montante exigido para este plano é de R$ 6,2 milhões, distribuídos em cinco anos.
“A proposta foi rejeitada porque não contribuiria de forma mínima para a proteção do tatu-bola. É insuficiente para as ações”, explica. De acordo com Castro, ainda haverá novas negociações com a Fifa, apesar delas terem sido travadas por enquanto.
"Nós havíamos proposto à Fifa que uma parte das vendas dos bonecos do Fuleco fosse revertida para atividades de conservação ou ainda divulgar o projeto de preservação nas redes sociais da entidade, dando a oportunidade do mundo saber quem é o tatu-bola. Mas não houve êxito", complementa.
Bola como defesa
Tatu-bola se defende de predadores enrolando seu corpo. A carapaça do animal lembra uma bola de futebol. (Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Mark Payne-Gill/NaturePL)
O animal consegue ficar nesta posição de defesa por mais de uma hora, até que a situação de perigo passe. Porém, o instinto de defesa do tatu-bola o deixa frágil para caçadores, que ainda procuram espécimes pelo Nordeste e Centro-Oeste do país para consumo.
De comportamento arredio, a espécie é diferente dos outros tatus porque ela não cava buracos. Assim, fica vulnerável aos humanos por não conseguir se esconder.
Plano de ação
De acordo com o ministério do Meio Ambiente, a espécie integra a lista nacional de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Sua população está distribuída por nove estados brasileiros, na Caatinga e no Cerrado, que perdem vastas áreas de vegetação devido à expansão urbana, às queimadas e à produção de carvão vegetal.
Segundo informações do governo federal, o Cerrado já perdeu 48,5% de sua cobertura vegetal original, enquanto a Caatinga tem preservada apenas 54% de mata nativa.
Se nada for feito agora, Rodrigo Castro afirma que o tatu-bola pode desaparecer da natureza em até 25 anos.
Devido a isso, foi lançado em maio o Plano de Ação Nacional do Tatu-bola, que tem o objetivo de aumentar a população deste animal em cinco anos. Segundo Ugo Vercillo, coordenador-geral de manejo para conservação do ICMBio, entre as ações de preservação estão previstas o retorno do monitoramento anual do desmatamento da Caatinga e o aumento da fiscalização contra a caça.
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