Veja a evolução da confiança, expectativas de PIB, dólar, bolsa, desemprego, juros e inflação ao longo do ano.
Por G1
Postado em 17 de dezembro de 2019 às 17h50m
Postado em 17 de dezembro de 2019 às 17h50m
O ano de 2019 começou com expectativas positivas para a economia, com a promessa de reformas, melhora nas contas públicas, queda no desemprego e retomada do investimento e do crescimento.
Mas, ao longo dos meses, parte desse otimismo foi se dissipando. A demora maior que a esperada na aprovação da reforma da Previdência, aliada a diversas crises políticas, foi minando a confiança dos empresários e consumidores, e criando entraves à recuperação econômica do país.
O cenário externo não ajudou: a guerra comercial entre Estados Unidos e China "espirrou" aqui dentro, e prejudicou as contas externas brasileiras. A queda dos juros lá fora também trouxe suas consequências, contribuindo para a valorização do dólar frente ao real e ajudando a levar a cotação da moeda norte-americana a bater recordes históricos.
Mas houve boas notícias: ainda que favorecida pelo baixo crescimento econômico, a inflação perdeu força, e atingiu seus menores patamares em quase 20 anos. Sem pressão sobre os preços, o Banco Central também teve mais liberdade para reduzir a taxa básica de juros do país, a Selic, para o menor patamar desde 1999 – incentivando o crédito e o consumo.
A bolsa de valores se beneficiou desse movimento. Com a renda fixa rendendo menos, o mercado de ações se tornou mais atrativo para os investidores, que levaram o Ibovespa a bater sucessivos recordes, passando dos 110 mil pontos.
A esperada retomada do emprego, no entanto, ainda não aconteceu. Apesar da criação de vagas apontada pelo Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), a taxa de desemprego termina o ano nos dois dígitos, com a informalidade ainda acima de 40%.
Veja abaixo a evolução da economia brasileira em 2019 em 7 gráficos:
1) Confiança baixa
O ano começou com otimismo e confiança entre investidores e consumidores. A melhora dos dados econômicos no final de 2018, aliada a um novo governo com agenda econômica com promessas de mudanças e incentivos, fez os indicadores de confiança da Fundação Getúlio Vargas (FGV) começarem 2019 próximo aos 100 pontos, nos maiores patamares desde 2014.
As incertezas com relação à economia, no entanto, começaram a cobrar seu preço em pouco tempo. Em maio, sem sinais de retomada do emprego e da renda, a confiança dos consumidores atingiu seu ponto mais baixo. Na indústria, o "vale" foi alcançado em julho, enquanto os estoques se acumulavam nos depósitos.
2) Crescimento econômico frustrado
Assim como ocorreu em anos anteriores, as expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foram sendo reduzidas ao longo do ano. Em janeiro, os analistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, esperavam que o PIB chegasse ao final do ano com uma alta de cerca de 2,5%.
Mas, enquanto a reforma da Previdência patinava e o governo mantinha travadas outras medidas de incentivo à economia, o otimismo foi perdendo fôlego. Em agosto, as projeções atingiram seu pior nível, com o Focus apontando para uma estimativa de alta de 0,8% no PIB anual.
A partir daquele mês, com a aprovação da reforma da Previdência pela Câmara, houve uma leve inversão, e as estimativas voltaram a subir, ainda que de forma mais modesta. A expectativa, agora, é de uma alta próxima a 1% (o dado oficial sobre o PIB de 2019 só será divulgado em março).
3) Inflação baixa
Para os brasileiros que ainda têm vivos na memória os anos de alta desenfreada dos preços, 2019 foi um alento. A inflação não deu sustos em ninguém ao longo do ano – exceto pela alta nos preços das carnes a partir de novembro, resultado de um pico de exportações do produto para a China.
Em outubro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, considerado a inflação oficial do país) chegou a cair abaixo do piso estabelecido pelo governo, de 2,75%.
A má notícia é que esse comportamento da inflação se deve, em boa parte, ao baixo crescimento da economia: sem aumento da demanda, não houve pressão de alta sobre os preços. Com o crescimento abaixo do esperado, a inflação também caminha para fechar o ano menor do que o previsto – em janeiro, a estimativa era de uma taxa de cerca de 4%.
4) Desemprego resistente
Se a economia não cresce, empresas não investem e consumidores não compram, o resultado é sentido na pele pela população: o desemprego. Ao longo do ano, a taxa variou pouco, e se manteve acima de 11%. Chamou a atenção a persistência do desalento – pessoas que deixaram de procurar emprego por algum motivo –, que se manteve acima de 4%.
O ano foi marcado ainda pela alta informalidade, que bateu sucessivos recordes enquanto os brasileiros buscavam uma ocupação no trabalho por conta própria, na falta de vagas formais. A estimativa é que mais de 38 milhões de pessoas estejam nessa situação no final do ano.
5) Juros em queda
A inflação em queda, por outro lado, abriu espaço para a queda dos juros no país. A taxa básica de juros, a Selic, que começou 2019 em 6,5% ao ano, começou a cair em julho, e vai chegar ao final do ano em 4,5% – a menor desde que foi estabelecido o regime de metas de inflação no país. O recuo veio na contramão da alta esperada pelos economistas dos bancos, que viam a Selic a 7% no fim do ano.
O Banco Central usa essa taxa para auxiliar no controle de preços: se a inflação sobe, juros altos tornam o crédito mais caro e fazem contrair o consumo, refletindo em alta menor de preços. Com a inflação já baixa, os juros são reduzidos e ajudam a baratear o crédito, apoiando o consumo.
6) Recordes na bolsa
Juros mais baixos significam ganhos menores nos investimentos em renda fixa – e boa notícia para o mercado de ações, que se torna um destino mais atrativo para o investidor em busca de maiores retornos.
Ajudada ainda por outros fatores, como juros baixos também no exterior e um clima positivo nos mercados mundiais, a bolsa brasileira bateu sucessivos recordes em 2019. Em março, o Ibovespa, principal indicador do mercado, alcançou os 100 mil pontos pela primeira vez. E em dezembro, chegou aos 112 mil.
7) Maior cotação nominal do dólar da história
Se a trajetória de crescimento decepcionou, a alta do dólar espantou. A previsão do mercado no boletim Focus do início do ano era que a moeda norte-americana chegasse ao final de 2019 cotada ao redor de R$ 3,80, próxima ao patamar do encerramento de 2018.
Já em março, no entanto, a alta da moeda começou a ganhar força, e em maio voltou a fechar acima dos R$ 4. Já em novembro, bateu recordes nominais sucessivos – por enquanto, a maior cotação foi a de R$ 4,2584, em 27 de novembro.
A queda da taxa básica de juros mais uma vez foi uma das responsáveis: com a redução do rendimento das aplicações por aqui, em um cenário ainda de incertezas, os investidores buscaram opções lá fora, retirando dólares do país.
Incertezas sobre a economia mundial, como a guerra comercial entre China e Estados Unidos, e a piora das contas externas brasileiras, também ajudaram a desvalorizar o real frente ao dólar ao longo do ano.
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