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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Qualcomm anuncia fábrica de chips para smartphones e internet das coisas no Brasil

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Em parceria com taiwanesa, planta deve ficar na região de Campinas (SP) e receber US$ 200 milhões em investimentos. 

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Por Helton Simões Gomes, G1

Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, anuncia fábrica de chips em Campinas (Foto: Marcelo Brandt/G1)Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, anuncia fábrica de chips em Campinas (Foto: Marcelo Brandt/G1)

A americana Qualcomm e a taiwanesa USI anunciaram nesta segunda-feira (5) a criação de uma parceria (joint venture) para construir na região de Campinas (SP) uma fábrica e um centro de desenvolvimento de semicondutores, voltada a Internet das Coisas (IoT) e smartphones.

A Qualcomm também anunciou que pretende criar um centro, em parceria com universidades, para que municípios possam discutir como implantar soluções de cidades inteligentes.

O desenvolvimento de componentes para smartphones já deve começar em março, diz a Qualcomm. Já a fabricação dos semicondutores deve demorar um pouco mais.

A área em que a fábrica ficará na região de Campinas ainda não está definida, mas a estimativa é que a planta comece a operar em 2020. Essa será a primeira unidade na América Latina da USI, um braço da taiwanesa AES.
O investimento será de US$ 200 milhões em cinco anos. As duas empresas esperam criar entre 800 e 1 mil vagas de emprego.

Os semicondutores dentro dos aparelhos eletrônicos têm um valor importante, e o Brasil não participava dessa cadeia, diz Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm para América Latina.

Steinhauser diz que a aproximação entre Qualcomm e governo federal, que culmina no anúncio da fábrica, ocorre desde 2012. Após receberem alguns benefícios dos governos federal e estadual, as duas empresas resolveram tirar a planta do papel.
Executivos da Qualcomm e USI durante apresentação de projeto de nova fábrica de chips em Campinas (Foto: Marcelo Brandt/G1)Executivos da Qualcomm e USI durante apresentação de projeto de nova fábrica de chips em Campinas (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Semicondutor
O produto a ser feito pela fábrica é uma novidade no mundo.

Ele é um módulo que contém toda a eletrônica presente em um smartphone, pois já agrega em um só componente mais de 400 elementos eletrônicos que executam funções diferentes de um smartphone. Entre as atividades executadas pelo chip, há desde a identificação da radiofrequência até as capacidades de GPS.
Qualcomm produzirá chip para smartphones em Campinas (Foto: Helton Simões Gomes/G1)Qualcomm produzirá chip para smartphones em Campinas (Foto: Helton Simões Gomes/G1)

Isso traz várias vantagens: simplifica o desenho e a fabricação, porque toda a parte complexa está lá dentro, diz Steinhauser. Por ser compacto, o módulo permite que os aparelhos feitos com ele sejam mais finos.
Na nossa indústria, todo mundo que apostou contra a integração perdeu, diz Cristiano Amon, CEO da Qualcomm.

Em vez de copiar o que vem sendo feito na Ásia, a gente resolveu inovar. Talvez, com isso, o Brasil possa vir a ser um polo, diz Steinhauser. O módulo vai atender às empresas instaladas no Brasil, mas pode abastecer outros mercados.

Segundo Steinhausen, não ter capacidade instalada para fabricar chips, faz com que o Brasil gaste US$ 20 bilhões importando esses componentes de fora. Além disso, limita a formação de profissionais. Não temos mão de obra qualificada, Steinhauser.

Vácuo em chips no Brasil
Quando o acordo entre governo federal e as empresas foi firmado em março de 2017, o ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab, comentou que parte dos US$ 200 milhões investidos seria financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os valores do empréstimo e do investimento individual de cada empresa não foram detalhados.

O Brasil sempre teve um campo fabril de celulares. Sempre teve uma política de manter um parque industrial de eletrônica, diz Amon.
Para ele, a tecnologia trazida pela Qualcomm pode fazer o Brasil passar a fazer tecnologia de ponta, seja em IoT ou em componentes para redes móveis, como 4G e 5G.

A gente compara a transformação do 4G para o 5G como aquela que a sociedade enfrentou com a chegada da eletricidade, diz Amon.
Quando for instalada, a planta da Qualcomm não terá muitas companheiras. São poucas as iniciativas do Brasil na fabricação de semicondutores. Alguns exemplos são:
  • A empresa estatal Ceitec S.A., que fica em Porto Alegre (RS) e é vinculada ao MCTIC;
  • a pré-operacional Unitec (ex-Six Semicondutores, de Eike Batista), de Ribeirão das Neves (MG);
  • HT Micron, de São Leopoldo (RS);
  • Instituto Eldorado, de Campinas (SP);
  • Smart Modular Technologies, de Atibaia (SP).
  • Internet das Coisas
Os semicondutores produzidos pela Qualcomm no Brasil serão instalados em celulares e em eletrônicos da chamada Internet das Coisas. Estes últimos são capazes de falar com outros aparelhos para extrair alguma informação ou dar alguma ordem.

A Qualcomm intensificou sua presença nesta área em janeiro deste ano. Durante a CES 2018, a empresa lançou uma plataforma conectada de áudio para que fabricantes usem em seus alto-falantes inteligentes.

Além de oferecer recursos técnicos, como cancelamento de eco, a plataforma permite que os dispositivos equipados com ela também rodem assistentes pessoais de Amazon (Alexa), Google (Assistente) e Microsoft (Cortana). Essas companhias fizeram dos comandos de voz uma nova frente de batalha no mundo da tecnologia.

A IoT é poder conectar todas as coisas. Com isso, você vê uma proliferação de alto-falantes até fazer com que todas as coisas possam estar conectadas com o celular, comenta Amon. 
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