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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Inflação oficial fecha 2017 em 2,95%

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É a primeira vez que o IPCA fica abaixo do piso da meta da inflação do Banco Central desde que o regime foi implantado no país, em 1999.

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Por Anay Cury e Daniel Silveira, G1
A inflação oficial do Brasil fechou 2017 em 2,95%, abaixo do piso da meta fixada pelo governo, de 3%, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (10). É a primeira vez que isso acontece desde que o regime de metas foi implantado no país, em 1999.
 



Inflação acumulada no ano tem o menor índice em 18 anos, aponta IBGE

Inflação acumulada

Em %

IPCAMeta central de inflação1998199920002001200220032004200520062007200820092010201120122013201420152016201702,557,51012,515

2016
Meta central de inflação: 4,5

Fonte: IBGE e Banco Central / Obs.: As metas de 2003 e 2004 foram alteradas durante o ano

O resultado de 2017 foi puxado principalmente pelo aumento de preços de botijão de gás (16%), planos de saúde (13,53%), creche (13,23%), gás encanado (11,04%), taxa de água e esgoto (10,52%), ensino médio particular (10,36%), energia elétrica residencial (10,35%) e gasolina (10,32%).

O que explica a forte desaceleração do IPCA em 2017 é o comportamento dos preços de alimentação e bebidas, que têm o maior peso no cálculo do índice. Com o aumento de 30% da safra, os alimentos ficaram 1,87% mais baratos e impediram que a inflação avançasse ainda mais.

Com isso, os preços dos alimentos consumidos em casa fecharam o ano em baixa de 4,85%, sob forte influência das frutas, cujos preços tiveram redução de 16,52%.

Veja a variação de preços

Em 2017, em %

-1,87-1,876,266,26-1,48-1,482,882,884,14,16,526,524,394,397,117,111,761,76Alimentação e BebidasHabitaçãoArtigos de ResidênciaVestuárioTransportesSaúde e Cuidados PessoaisDespesas PessoaisEducaçãoComunicação0-2,52,557,510

Educação
7,11

Fonte: IBGE 

Segundo o analista da Coordenação de Índices de Preços ao Consumidor Fernando Gonçalves, a partir de agora deverá ocorrer um realinhamento dos preços dos alimentos. Eles tiveram muitas quedas por conta da supersafra do ano passado. Não podemos dizer que a partir de agora há uma tendência de alta crescente, mas deve ocorrer um realinhamento desses preços. 

Ao longo de 2018, a inflação deve voltar à normalidade, de acordo com Gonçalves. Questionado sobre qual seria esta medida de normalidade, o analista explicou que não devem ocorrer fenômenos atípicos que deixem o índice muito elevado ou muito baixo.

Inflação por regiões 
Goiânia e Brasília registraram as maiores variações do IPCA: 3,76%, puxados pelos reajustes de energia elétrica (30,54%) e ônibus urbano (25%). O índice mais baixo foi o de Belém (1,14%), sob influência das quedas do feijão-carioca (-46,21%) e do açúcar cristal (-35,62%).


O resultado de 2017 ficou próximo à previsão do Banco Central. Em dezembro, um relatório da instituição estimou que a inflação de 2017 seria de 2,8% e à dos economistas consultados pelo boletim Focus. Na última pesquisa que mostrava as previsões para 2017, a inflação estava em 2,79%.

Alta de preços em dezembro
Em dezembro, o IPCA registrou a maior taxa mensal do ano inteiro: 0,44%. Em novembro, o índice chegou a 0,28%. O resultado foi puxado pelo preço dos alimentos, que voltaram a subir (0,54%), depois de sete meses consecutivos de queda. A alimentação consumida em casa passou de -0,72% para 0,42%.


Os principais impactos individuais no índice do mês partiram das passagens aéreas (22,28%) e da gasolina (2,26%). Juntos, os dois itens representaram 41% do IPCA de dezembro.

Futuro da Selic
O nível fraco de inflação mantém aberto o espaço para o BC continuar reduzindo os juros básicos depois de a Selic ter terminado o ano passado na mínima histórica de 7%, em meio ao ritmo gradual de recuperação econômica.


A expectativa em geral é de novo corte na taxa de 0,25 ponto percentual em fevereiro, como vem sendo indicado pelo BC, e os juros futuros já mostram apostas em nova redução em março.
A inflação ter fechado 2017 abaixo do piso da meta obrigaria o presidente do BC, Ilan Goldfajn, a redigir uma carta aberta para explicar o motivo desse quadro.


Entretanto, o BC costuma arredondar a segunda casa do resultado da inflação após a vírgula, o que levaria o IPCA de 2017 a ficar exatamente no piso. Questionado pela Reuters, o BC afirmou que ainda não poderia informar imediatamente se a carta seria divulgada ou não.

INPC
O IBGE também apresentou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) fechado de 2017, que chegou a 2,07%, a menor variação desde a implantação do Plano Real. Em dezembro, a taxa foi de 0,26%, acima da taxa de novembro, de 0,18%.


Esse índice é usado como referência para o reajuste dos benefícios previdenciários.
Com isso, pelo segundo ano consecutivo, o reajuste das aposentadorias e benefícios do INSS de quem ganha acima de 1 salário mínimo deverá ser superior ao aumento do salário mínimo, que teve reajuste de 1,81% e passou de R$ 937 para R$ 954 no dia 1º de janeiro – o menor aumento em 24 anos.


Em 2017, o reajuste para aposentados e pensionistas do INSS que recebem benefícios com valor acima de um salário mínimo foi de 6,58%, referente à variação do INPC de 2016.

Meta de inflação para 2018 e 2019
Para 2018, a meta central de inflação continua fixada em 4,5% ao ano, com os mesmos intervalos de tolerância de 2017: 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, o piso será de 3% e, o teto, de 6%.


A meta de 4,5%, entretanto, vai vigorar só até este ano. Já para 2019 e 2020, a meta central foi reduzida para 4,25% e 4%, respectivamente. Já o intervalo de tolerância foi mantido em 1,5 ponto percentual. Com isso, o Banco Central cumprirá a meta se a inflação oscilar entre 2,75% e 5,75%, em 2019, e entre 2,5% e 5,5%, em 2020.

Os analistas do mercado financeiro estimam uma inflação de 3,95% em 2018, segundo o último relatório Focus do Banco Central.
* Com Reuters
IBGE

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