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Edward Snowden tomou cuidado ao falar com repórter sobre
espionagem.
Em conversa com códigos, agente disse que sabia do
risco que ele corria.
Analista de uma empresa de defesa dos
EUA, Edward Snowden, de 29 anos, foi fotografado em quarto de hotel de Hong Kong no sábado
(9) (Foto: Ewen MacAskill/The Guardian/Reuters)
Edward Snowden usou o nome "Verax" (em latim, “narrador da
verdade”) para conversar com o repórter do jornal "Washington Post" Barton
Gellman sobre dados secretos
de espionagem do governo dos Estados Unidos em cima de ligações telefônicas.
O ex-agente de inteligência, de 29 anos de idade, disse que
sabia dos grandes riscos que estava assumindo em expor um programa de
monitoramento de registros de telefone e internet projetado pelo governo dos EUA para monitorar
possíveis ameaças de terrorismo.
A maioria das pessoas nos países desenvolvidos
gasta pelo menos algum tempo interagindo com a internet, e governos estão
abusando dessa necessidade em segredo para estender seus poderes além do que é
necessário e apropriado.
Edward Snowden
"A internet é, em princípio, um sistema para o qual você se
revela para desfrutar totalmente, o que a diferencia de, por exemplo, um tocador
de música", escreveu, justificando o motivo do vazamento.
"É uma TV que te assiste. A maioria das pessoas nos países
desenvolvidos gasta pelo menos algum tempo interagindo com a internet, e
governos estão abusando dessa necessidade em segredo para estender seus poderes
além do que é necessário e apropriado."
Mesmo depois de muitas vezes com o jornalista, Snowden disse
que não estava pronto para revelar o seu nome, informou o jornal na noite de
domingo.
"Eu sei que terei reprimendas pelo que fiz, e que a revelação
desta informação ao público marca o meu fim", escreveu ele no início de maio,
antes de fazer seu primeiro contato direto.
Ele alertou que mesmo os jornalistas que buscavam a sua
história estavam em risco.
A comunidade de inteligência dos EUA, escreveu ele, "certamente
vai matá-lo se eles acham que você é o único que pode parar esta divulgação e
torná-los o único proprietário da informação."
Snowden, que estava em Hong Kong quando as informações foram
reveladas, estava em lugar desconhecido nesta terça-feira (11).
Ele se antecipou ao provável pedido de extradição que poderia
ser feito pelas autoridades americanas.
Eu sei que terei reprimendas pelo que fiz, e que
a revelação desta informação ao público marca o meu fim."
Edward Snowden
Para efetivar seu plano, Snowden pediu uma garantia de que o
"Washington Post" iria publicar - dentro de 72 horas - o texto completo, em um
apresetação de slide, descrevendo um programa de vigilância secreta que reunia
equipes de inteligência da Microsoft, Facebook, Google e outros de empresas do
Vale do Silício.
Ele também pediu também que o jornal publicasse on-line uma
chave criptográfica que ele poderia usar para provar a uma embaixada estrangeira
de que ele era a fonte do documento.
Gellman disse o "Post" não faria qualquer garantia sobre ele e
revelou a história apenas duas semanas depois, na quinta-feira.
"Você não pode proteger a fonte", escreveu. "Mas se você me
ajudar a tornar a verdade conhecida, eu vou considerar isso uma troca justa. Eu
não tenho salvação."
"Talvez eu seja ingênuo", disse.
"Mas acredito que, nesse ponto da história, o grande dano à
nossa liberdade e modo de vida vem do razoável medo de que os poderes
oniscientes do Estado sejam contestados por nada mais que documentos
políticos."
O jornal, antes de revelar as informações de Snowden, procurou
funcionários do governo para saber sobre o dano potencial à segurança nacional e
acabou por publicar apenas quatro, dos 41 slides do ex-agente da CIA.
Conseguimos sobreviver a ameaças maiores da nossa
história (...) que alguns grupos terroristas desorganizados e estados
desonestos, sem recorrer a esses tipos de programas."
Edward Snowden
Snowden respondeu sucintamente: "Eu lamento que nós não fomos
capazes de manter este projeto unilateral".
Snowden também fez contato com Glenn Greenwald, do jornal “The
Guardian”, mas continuou os contatos com o "Post".
Quando Snowden foi questionado sobre questões de segurança
nacional, ele respondeu:
“Conseguimos sobreviver a ameaças maiores da nossa história
(...) que alguns grupos terroristas desorganizados e estados desonestos, sem
recorrer a esses tipos de programas.
Não é que eu não ache importante uma
investigação, mas eu me oponho (...) a este tipo de vigilância em massa (...)
Isso me parece uma ameaça maior para as instituições da sociedade livre do que
relatórios de inteligência não conseguidos, não importa o que eles custem."
"Analistas (e o governo em geral) não são más pessoas, e não
querem pensar em si próprios como tal", disse, questionado sobre as motivações
governamentais para fazer a escuta.
Na tarde de domingo, como seu nome foi lançado ao mundo,
Snowden entrou em contato com o jornalista do "Washington Post" de uma sala de
um hotel Hong Kong, não muito longe de uma base da CIA no consulado dos EUA.
"Nunca aconteceu nada parecido comigo ", escreveu ele. "Eu fui
espião por quase toda a minha vida. Eu não gosto de ser o centro das atenções.”
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