O nome da planta significa "bênção" em árabe - mas os rivais dos Emirados Árabes Unidos chamam de ameaça à paz.
Por BBC
01/08/2020 12h11 Atualizado há 2 dias
Postado em 03 de agosto de 2020 às 09h15m
Os Emirados Árabes Unidos deram início às operações da primeira usina nuclear do mundo árabe, na costa do Golfo, a leste do Catar.
O processo de fissão nuclear começou em um dos quatro reatores da planta Barakah, que usa tecnologia sul-coreana.
A usina estava prevista para abrir em 2017, mas o lançamento foi adiado
diversas vezes devido a diferentes problemas de segurança.
Os Emirados Árabes Unidos, ricos em petróleo, querem que Barakah atenda a um quarto de suas necessidades de energia.
Há apenas duas semanas, os Emirados Árabes Unidos enviaram uma sonda em uma missão a Marte - outra iniciativa científica de ponta inédita para a nação do Golfo.
Os Emirados Árabes Unidos também estão investindo fortemente em energia solar - uma fonte abundante de energia da região.
Alguns especialistas em energia questionam a lógica de Barakah - que
significa "bênção" em tradução livre do árabe. Eles argumentam que a
energia solar é mais limpa, mais barata e faz mais sentido em uma região
atormentada por tensões políticas e terrorismo.
No ano passado, o Catar chamou a usina de Barakah de "uma ameaça flagrante à paz e ao meio ambiente regionais". O Catar é um amargo rival regional dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita.
Do outro lado do Golfo fica o Irã, hostil aos Emirados Árabes Unidos e
alvo de sanções dos EUA por seu controverso programa nuclear.
Paul Dorfman, chefe do instituto de pesquisas sobre iniciativas
nucleares Nuclear Consulting Group, escreveu no ano passado que "o
ambiente geopolítico tenso no Golfo torna a questão nuclear mais
controversa nesta região do que em outros lugares, já que a energia
nuclear oferece a capacidade de desenvolver e fabricar armas nucleares".
Em sua análise, o cientista que vive em Londres também levantou
preocupações sobre a segurança de Barakah por motivos técnicos,
destacando o risco de poluição radioativa no Golfo.
'Marco importante'
Os líderes dos Emirados Árabes Unidos saudaram o lançamento no sábado como um símbolo do progresso científico do país.
A planta de Barakah foi desenvolvida pela Emirates Nuclear Energy
Corporation (ENEC) e pela Korea Electric Power Corporation (KEPCO). A
energia será gerada por reatores de água pressurizada de 1.400
megawatts, chamados APR-1400 e projetados na Coréia do Su.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) - principal órgão de
supervisão da indústria nuclear - elogiou Barakah em um tweet, dizendo
que a Unidade 1 da usina "alcançou sua primeira criticalidade" - isto é,
a geração de uma reação em cadeia de fissão controlada.
"Este é um marco importante em direção às operações comerciais e à
geração de energia limpa. A AIEA tem apoiado [os Emirados Árabes Unidos]
desde o início de seu programa de energia nuclear".
O líder de Abu Dhabi, príncipe herdeiro Mohammed bin Zayed al-Nahyan,
twittou seus parabéns "a esse marco no roteiro para o desenvolvimento
sustentável".
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