Em entrevista à GloboNews, o médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonçalo Vecina alertou para o desmatamento na floresta, onde a quantidade de vírus existentes pode levar a outras epidemias.
Por GloboNews
05/08/2020 08h45 Atualizado há 2 horas
Postado em 05 de agosto de 2020 às 10h50m
Próxima epidemia ‘já está a caminho’, alerta médico sobre desmatamento na Amazônia
"Nós estamos agredindo a Amazônia. Na Amazônia, tem uma quantidade de vírus imensa. A próxima epidemia, com o nível de agressão que nós estamos fazendo ao meio ambiente, já está a caminho", afirmou Vecina.
"Nós temos que estar cuidando disso desde agora. E cuidar disso
significa identificar esses agentes o mais cedo possível e desenvolver
remédios e vacinas o mais cedo possível", acrescentou o médico.
"Portanto, investimento em ciência continuamente – ciência básica e
ciência aplicada – será fundamental. Espero que os nossos próximos
governantes – porque desse já não falo mais – tenham essa consciência e
façam esse investimento, para que nós estejamos preparados para a
próxima crise, que virá", completou Vecina.
As declarações do médico foram feitas depois que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, recuou da proposta de diminuir a meta de preservação da Amazônia.
Em maio, o ministro defendeu "passar a boiada" e "aproveitar o momento" em que o foco da sociedade e da mídia está voltado para o coronavírus para mudar regras de proteção ambiental.
Febre hemorrágica brasileira
Febre hemorrágica reaparece no Brasil após 20 anos
"Alguns [vírus] nós já conhecemos", lembrou Vecina. "Tem um vírus lá
[na Amazônia], chamado sabiá, que é um vírus mortal terrível", lembrou
Vecina.
O vírus sabiá é o causador da febre hemorrágica brasileira, uma doença rara e de alta letalidade. Ele reapareceu no Brasil em janeiro deste ano, em São Paulo, o primeiro caso depois de 20 anos. (Veja vídeo acima).
O sabiá pertence à mesma família do vírus causador da febre de Lassa,
que é endêmica em alguns países do oeste africano, como Benin, Gana,
Guiné, Libéria, Mali, Serra Leoa, Togo e Nigéria.
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