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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Vendas do varejo crescem pelo 5º mês seguido, mas desaceleram em setembro

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Setor teve alta de 0,6% na comparação com agosto, abaixo do esperado, mas zerou as perdas no ano. Vendas de móveis, eletrodomésticos e material de construção lideram recuperação.  
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Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1  
11/11/2020 09h00 Atualizado há 2 horas
Postado em 11 de novembro de 2020 às 11h00


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Vendas no varejo registram a 5ª alta seguida
Vendas no varejo registram a 5ª alta seguida

O comércio varejista cresceu 0,6% em setembro, na comparação com agosto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do setor cravar a quinta alta seguida e zerar as perdas no ano, houve desaceleração frente às altas dos meses anteriores, em um movimento de acomodação após forte recuperação das perdas provocadas pela pandemia de coronavírus.

Em relação a setembro de 2019, o comércio cresceu 7,3%, na quarta taxa positiva consecutiva.

O IBGE também revisou o resultado de agosto para uma alta de 3,1% - a leitura inicial havia mostrado avanço de 3,4%. O crescimento de julho também foi revisado de 5% para 4,7%. Veja gráfico abaixo:

Vendas do comércio mês a mês — Foto: Economia G1
Vendas do comércio mês a mês — Foto: Economia G1

O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado. A mediana das estimativas de 30 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data apontava alta de 1,4% em setembro e avanço de 9% na análise anual.

Trata-se de uma diminuição do ritmo de crescimento nos volumes do varejo nacional. A desaceleração é natural e representa uma acomodação, porque as quedas de março e abril foram muito expressivas, o que fez com que os meses seguintes de recuperação também tivessem altas intensas. A desaceleração é como se a série estivesse voltando à normalidade, avaliou o gerente da PMC, Cristiano Santos. 
Setor sai do vermelho no acumulado no ano

No acumulado do ano, o varejo passou a registrar estabilidade (variação zero), após cinco meses no campo negativo. Em agosto, o varejo já tinha recuperado o patamar pré-pandemia.

A última vez que o comércio registrou cinco taxas mensais positivas seguidas foi em 2013.

Em 12 meses, passou a registrar avanço de 0,9%, alta acumulada de 0,5% em agosto, indicando um ganho de fôlego do setor.

Com a variação de 0,6% em setembro, o patamar do comércio varejista, que já havia atingido nível recorde em agosto, renovou máxima histórica no volume de vendas totais no país.

A receita nominal do varejo subiu 2,1% em setembro. Na comparação anual, subiu 3,7%. No acumulado no ano, tem elevação de 3,6%. E em 12 meses, passou a acumular alta de 4,2%.

Desempenho de cada atividade do varejo em setembro

Das 8 atividades pesquisadas, 3 registraram queda no volume de vendas em setembro, na comparação com agosto, com destaque para novo recuo (-0,4%) nas vendas de supermercados em meio à aceleração da inflação no país. Veja abaixo:

  • Combustíveis e lubrificantes: 3,1%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,4%
  • Tecidos, vestuário e calçados: -2,4%
  • Móveis e eletrodomésticos: 1%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 2,1%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: 8,9%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 1,1%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -0,6%
  • Veículos, motos, partes e peças: 5,2% (varejo ampliado)
  • Material de construção: 2,6% (varejo ampliado)

Pelo conceito varejo ampliado, que inclui "Veículos, motos, partes e peças" e de "Material de construção", o volume de vendas cresceu 1,2% em relação a agosto e 74% na comparação com setembro de 2019. No acumulado no ano e nos últimos 12 meses, ainda há queda, de 3,6% e de 1,4%, respectivamente.

Alta de 17,2% no 3º trimestre

Na passagem do 2º para o 3º trimestre deste ano, o comércio apresentou uma alta de 17,2%, a maior alta trimestral registrada desde 2014.

"Isso ocorreu, porque os trimestres anteriores apresentaram desempenho muito baixo", destacou o gerente da pesquisa.

No 2º trimestre, o setor havia registrado um tombo de 8,5% na comparação com os 3 primeiros meses do ano. Já no primeiro trimestre, houve queda de 1,9% na comparação com o 4º trimestre do ano passado.

Já em relação ao terceiro trimestre de 2019, houve avanço de 6,3%, a maior alta nesta base de comparação também desde 2014.

Móveis, eletrodomésticos e material de construção são destaques no ano

Embora o varejo tenha zerado as perdas no ano no índice geral, apenas 3 das 8 atividades registram avanço de vendas no ano: móveis e eletrodomésticos (9,4%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (6,5%) e supermercados (5,5%).

Apenas três das oito atividades do comércio varejistas apresentam avanço das vendas no acumulado do ano — Foto: Economia/G1
Apenas três das oito atividades do comércio varejistas apresentam avanço das vendas no acumulado do ano — Foto: Economia/G1

Já as maiores quedas foram nas vendas de tecidos, vestuário e calçados (-30,6%), livros, jornais, revistas e papelaria (-30,5%) e equipamentos e material para escritório e informática (-18,2%).

No varejo ampliado, as vendas de veículos, motos, partes e peças acumulam queda de 18,1% no ano, enquanto que a de material de construção cresceu 7,9%.

Vendas crescem em 14 das 27 unidades da federação

Em setembro, houve alta nas vendas em 14 das 27 unidades da federação, com destaque para Piauí (5,7%), São Paulo (2,1%) e Espírito Santo (1,8%). Por outro lado, pressionaram negativamente os resultados do Maranhão (-5,9%), Amapá (-5,5%) e Ceará (-4,4%).

Recuperação e perspectivas

Após o forte tombo da economia no 1º semestre, a atividade econômica vem mostrando reação no 3º trimestre, com o comércio se destacando como um dos setores com uma recuperação mais rápida, com as vendas alavancadas nos últimos meses pelo Auxílio Emergencial e pelo afrouxamento das medidas de contenção à pandemia.

Na semana passada, o IBGE mostrou que a indústria cresceu 2,6% em setembro, eliminando completamente as perdas registradas entre março e abril. No acumulado no ano, porém, ainda acumula perda de 7,2%.

Analistas apontam que o desemprego elevado e perspectiva de término dos programas de auxílio devem limitar o ritmo de recuperação da economia na virada de ano. Pesam também nas perspectivas para o país, as incertezas ainda elevadas sobre a evolução da pandemia de coronavírus e as preocupações com a saúde das contas públicas.

"A velocidade de retomada está diminuindo e por mais que o resultado do varejo seja surpreendente (estamos nos maiores valores da série) veremos necessariamente alguma desaceleração no 4º trimestre", avaliou o economista da Necton, André Perfeito.

O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) da Fundação Getulio Vargas, por exemplo, caiu 3,8 pontos em outubro, passando de 99,6 para 95,8 pontos, interrompendo uma sequência de 5 altas consecutivas.

A estimativa atual do mercado é de um tombo de 4,8% em 2020 e alta de 3,31% em 2021, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.

Pandemia do coronavírus acelera transformações no mercado de trabalho
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