Pesquisadores analisam a 'árvore genealógica' do vírus e indicam três possíveis datas para o 'nascimento' da linhagem causadora da Covid: 1948, 1969 e 1982.
Por G1
31/07/2020 05h01 Atualizado há 4 horas
Postado em 31 de julho de 2020 às 09h05m
Uma parceria internacional entre cientistas tenta determinar a origem do novo coronavírus
(Sars CoV-2). Divulgado na última edição da revista "Nature
Microbiology", um estudo indica que a linhagem causadora da Covid-19
pode estar em circulação entre os morcegos há décadas.
Participaram da pesquisa especialistas dos Estados Unidos, Bélgica,
Reino Unido e China. Para chegar ao resultado, o grupo tentou recriar a
"árvore genealógica" do vírus.
- Estudo que analisou 781 coronavírus aponta relação de 96,2% entre Sars-Cov-2 e vírus do morcego-ferradura
- O 'álibi científico' que pode inocentar os morcegos da pandemia de coronavírus
Como há uma troca fácil de material genético entre os vírus, os
cientistas dizem que não é simples descobrir esse caminho. Além disso,
"regiões diferentes do genoma do vírus podem ter ancestrais diferentes",
segundo Maciej F. Boni, autor principal do estudo e pesquisador pela
Universidade Estadual da Pensilvânia.
Para superar esse obstáculo, Boni e seus colegas usaram três técnicas
diferentes para identificar partes do genoma do vírus que permaneceram
estáveis, que não passaram por essas trocas genéticas.
Após comparar o Sars-CoV-2 com genomas de vírus do mesmo subgênero
(sarcovírus), as três técnicas indicam que ele compartilha uma linhagem
ancestral com seu parente mais próximo conhecido, catalogado como
RaTG13. Cada técnica fornece uma data provável para a separação: 1948,
1969 e 1982.
Os cientistas também alertam que podem ter existido mais linhagens de
coronavírus com características apropriadas para infectar humanos. Além
disso, como os vírus têm alta capacidade de trocar material genético,
"será difícil identificar um com potencial para causar grandes problemas
aos humanos antes que os surtos surjam", afirmam os autores.
Eles ressaltam a necessidade da criação de uma "rede global de sistemas
de vigilância de doenças humanas em tempo real", como o que identificou
os casos incomuns de pneumonia em Wuhan em dezembro de 2019.
O estudo também sugere que o novo coronavírus pode ter sido transmitido
diretamente do morcego para o ser humano, embora não descarte a
possibilidade de que os pangolins possam ter agido como um hospedeiro
intermediário.
"As evidências atuais são consistentes com o vírus ter evoluído em morcegos, dando origem a variantes capazes de se replicar no trato respiratório superior de humanos e pangolins", cita trecho do artigo.
Seleção natural
Outra pesquisa, ainda não publicada em nenhuma revista científica, aponta que a seleção natural do Sars-CoV-2 nos morcegos é que fez com que o vírus se tornasse "altamente capaz" de infectar humanos.
Os cientistas, de universidades na Escócia, Estados Unidos e Bélgica,
chegaram à conclusão depois de comparar o novo coronavírus com vírus
semelhantes que infectavam morcegos – do mesmo subgênero que o
Sars-CoV-2, dos sarbecovírus.
"Surpreendentemente, o Sars-CoV-2 não precisou de adaptação significativa para humanos desde o início da pandemia de Covid-19", escreveram os pesquisadores.
Os cientistas lembraram que, desde que o genoma do novo coronavírus começou a ser sequenciado, não foram observadas muitas mutações
nele em humanos; apesar disso, o vírus pareceu "surgir" dos morcegos já
com uma habilidade adaptada para infectar células humanas.
Comparando as linhagens, eles perceberam que o vírus antecessor mais
próximo do Sars-CoV-2, que infectava os morcegos, já tinha mudanças na
proteína usada para infectar as células hospedeiras. Essas mudanças,
apesar de serem aleatórias, acabaram sendo benéficas para o vírus.
Os vírus de RNA, como o novo coronavírus, são muito competentes em
"trocar" de espécie hospedeira, explicam os cientistas, passando por
adaptações, por seleção natural, que permite que eles infectem novas
células hospedeiras de maneira eficiente.
A pesquisa ainda precisa passar pela revisão de outros cientistas (a
chamada "revisão por pares" ou, em inglês, "peer review") para ser
validada e publicada em revista científica.
China confina quase meio milhão perto de Pequim por novo surto de Covid-19
OMS vai mandar equipe à China para pesquisar origem do novo coronavírus
CORONAVÍRUS
------++-====-----------------------------------------------------------------------=================--------------------------------------------------------------------------------====-++------
Nenhum comentário:
Postar um comentário