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quinta-feira, 6 de março de 2014

Investimentos do governo devem ficar estagnados neste ano, estimam analistas


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Desembolsos do governo federal caíram de 1,35% para 1,31% do PIB no ano passado

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Cristiane Bonfanti (Email)
Publicado:Atualizado:
Postado em 07 de narço de 2014 às 07h50m

BRASÍLIA - Cruciais para o crescimento do país, os investimentos do Orçamento federal não deslancham. No anúncio dos cortes no Orçamento de 2014, no último dia 20, o governo prometeu executar este ano R$ 73,8 bilhões em investimentos, cerca de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). 

Dados do Tesouro Nacional mostram que os investimentos recuaram de 1,35% para 1,31% do PIB entre 2012 e 2013. O total efetivamente pago chegou a R$ 63,22 bilhões no ano passado. Analistas ouvidos pelo GLOBO estimam que esses gastos ficarão estagnados este ano, em relação ao anterior.

— A tendência é que essa rubrica fique estagnada, com resultado próximo de 1,3% do PIB, incluindo os investimentos do Minha Casa, Minha Vida. O governo prometeu que os investimentos cresceriam desde o início do mandato, mas não conseguiu aumentar nem os investimentos públicos, nem incentivar os privados — disse o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria.

Ele estima que, no fim do ano, a Formação Bruta de Capital Fixo, que mede a soma dos investimentos no país, ficará perto de 19% do PIB.

— Claro que as concessões vão ajudar a destravar os investimentos, pelo menos a médio prazo, mas elas não geram efeito imediato. Se os projetos forem bem-sucedidos, o impacto vai parecer daqui a três ou quatro anos — ressaltou.
Durante a divulgação dos cortes no Orçamento, a equipe econômica preferiu destacar números absolutos para mostrar uma alta nos investimentos pagos pelo governo ao longo dos anos. O total passou de R$ 52,6 bilhões, em 2011, para R$ 63,2 bilhões, no ano passado. Na ocasião, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou que deve haver alta dos investimentos públicos e dos privados em obras de infraestrutura.

Em 2013, maior parte foi ‘restos a pagar’
Na prática, além de os investimentos pagos terem estacionado, proporcionalmente ao PIB, em 2013, a maior parte diz respeito aos chamados “restos a pagar” — despesas de exercícios anteriores executadas no ano passado. 

Do total de R$ 63,2 bilhões desembolsados em 2013, R$ 36,98 bilhões foram de restos a pagar. Do orçamento de 2013, foram pagos R$ 26,23 bilhões, ou 24,4% do total aprovado pelo Congresso Nacional.

Uma análise dos dados do Tesouro mostra que as três pastas responsáveis pela maior parte das obras de infraestrutura também não conseguiram destravar os investimentos. Em 2013, no Ministério das Cidades, os desembolsos para essa finalidade passaram de 0,32% para 0,31% do PIB.

O Ministério dos Transportes, carro-chefe das obras de infraestrutura, permaneceu com os desembolsos no patamar de 0,21% no PIB no ano passado. O percentual é igual ao de 2012 e continua abaixo das despesas de 2009, ano da crise econômica mundial, quando a execução atingiu 0,27% do PIB. 

A pasta já havia visto os seus investimentos encolherem 0,12 ponto percentual do PIB em 2012. Entre as pastas responsáveis pelas obras de infraestrutura federais, o Ministério da Integração Nacional foi o único a registrar alta nos investimentos em 2013. O total efetivamente pago no ano passado subiu de 0,07% para 0,09%, e chegou a R$ 4,2 bilhões.

O pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV) Gabriel Leal de Barros, especialista em contas públicas, prevê que, este ano, os investimentos devem seguir a mesma dinâmica de 2013. Ele explicou que, como o governo tem pouca folga para realizar novos gastos, se houver novos ajustes, justamente as despesas dessa rubrica devem ser prejudicadas.

O diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes, disse que uma elevação nos investimentos não está no horizonte dos empresários. Estudo da CNI mostra que a intenção de investimento do setor caiu de 83% em 2013 para 78,1% neste ano, o menor percentual desde o início da série, em 2010. 

Ele explicou que os principais riscos em 2014 são a incerteza econômica, a reavaliação da demanda e o alto custo de financiamento.
No setor de máquinas e equipamentos, a utilização da capacidade instalada caiu de cerca de 85%, na última década, para atuais 72%. 

Carlos Pastoriza, diretor da Abimaq, associação que representa o segmento, disse que, em 2013, houve queda de 5,7% no faturamento real frente a 2012. A expectativa, disse ele, é que este ano haja variação zero.

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