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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Embaixador brasileiro na Síria chega ao Líbano em meio a tensão

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Funcionários de Embaixada são retirados do país; chefe da missão descreve cenário de 'guerra aberta' no país.

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20/07/2012 06h36 - Atualizado em 20/07/2012 09h20

Da BBC

Pneus são queimados em barricada em Damasco  (Foto: AP)
Pneus são queimados em barricada em Damasco
(Foto: AP)

O embaixador do Brasil na Síria, Edgard Casciano, e funcionários da Embaixada do Brasil em Damasco deixaram a capital síria na manhã desta sexta-feira rumo a Beirute, capital do Líbano, por via terrestre.


A retirada dos diplomatas ocorreu em meio a uma intensificação dos confrontos entre rebeldes e tropas leais ao governo do presidente Bashar al-Assad.
Por telefone, um diplomata contou que a estrada de Damasco até a fronteira estava razoavelmente segura nas primeiras horas da manhã.


'Não vimos movimentação de militares nem rebeldes. Chegamos à fronteira em segurança', disse. No momento que falava com a BBC Brasil, o diplomata, que pediu para não ter seu nome revelado, disse que o grupo já estava em território libanês.


Segundo ele, o posto de fronteira da Síria com o Líbano que o comboio cruzou estava sob controle de forças do governo e repleto de sírios querendo deixar o país.
'Vi muitos cidadãos estrangeiros, inclusive diplomatas de outras embaixadas saindo da Síria para Líbano', contou.
Ontem, Casciano contou por telefone à BBC Brasil que a violência na capital síria havia se intensificado e que funcionários da Embaixada brasileira haviam sido orientados a não ir trabalhar na quinta-feira.

Ele disse que, a partir de quarta-feira, a capital passou a viver seus dias mais violentos desde o início da crise, há mais de um ano, com intensos tiroteios que deixaram as ruas completamente desertas.


'O perigo é real. É impossível pôr os pés na rua. É uma situação extremamente problemática', disse o embaixador.
Ele contou que os tiroteios e explosões eram tão intensos na noite de quarta-feira que não conseguiu dormir.
'Helicópteros sobrevoavam constantemente e dava para ouvir muitas explosões que, pela intensidade, eram consequência de armas pesadas'.


'AK-47'
Há quatro anos em Damasco, Casciano disse que a situação na capital é muito tensa e já não há garantias de segurança para as embaixadas estrangeiras no bairro.

'Até cogitamos que o governo brasileiro enviasse agentes de segurança para proteger a Embaixada. Mas com o aeroporto fechado, a ideia foi deixada de lado'.
O embaixador também falou que os combates respingaram em seu bairro na capital, com balas perdidas atingindo a vizinhança e até a sua casa.


'Uns dias atrás, eu achei balas de rifles AK-47 em meu jardim. Ninguém está seguro na cidade', afirmou.
A ofensiva do Exército Livre da Síria (ELS) contra tropas leais ao governo em Damasco começou no domingo e já entrou em seu sexto dia. Vários bairros nos subúrbios ao sul da capital já foram tomados por rebeldes.


Na quarta-feira, um atentado suicida matou o ministro de Defesa, seu vice e o cunhado do presidente Bashar al-Assad. O paradeiro do líder sírio ainda é desconhecido, já que ele não fez nenhuma aparição pública desde o atentado ao quartel-general das forças de segurança do país.
O governo vem mobilizando mais tanques e tropas em direção à capital e, segundo analistas, antecede uma grande batalha pela cidade.


De acordo com a ONU, mais de 16 mil pessoas já morreram no país desde o início da revolta, há mais de um ano, que exige a renúncia do presidente Bashar al-Assad.


Brasileiros
Casciano disse ser difícil prever atualmente o número de brasileiros no país, pois vários deles já deixaram a Síria sem informar a representação em Damasco.

'Quase todos têm também a nacionalidade síria e não expressavam o desejo de sair do país. Mas com o agravamento da situação, vários saíram da Síria sem avisar. Alguns foram para Beirute [capital do Líbano], outros voltaram ao Brasil', afirmou.


Segundo ele, a maioria dos brasileiros registrados é da região de Damasco, mas há uma comunidade na região de Latakia e Tartous, na costa da Síria, reduto de alauítas (grupo muçulmano sunita ao qual pertence Assad) e cristãos.
'Naquela região da costa, a situação é bem menos tensa, com poucos combates entre rebeldes e governo. Então não fomos contatados ainda por brasileiros'.


Em contrapartida, o setor consular da embaixada vinha registrando um grande aumento no pedido de visto de turista por parte de cidadãos sírios.
'Muitos têm parentes no Brasil e desejam sair do país momentaneamente'.


Segundo o embaixador, o atual clima seria de 'guerra aberta' na Síria. 'A guerra em Damasco os deixou extremamente apavorados', afirmou.

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