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Ex-presidente critica medidas de austeridade em países atingidos pela crise
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Com muita dificuldade para falar, Lula deixou o tradicional improviso de lado e leu o seu discurso de aproximadamente 20 minutos.
- Faz sete meses que eu não falo. Espero que eu não tenha desaprendido - brincou lula antes de começar o discurso.
O ex-presidente chegou ao palco com a bengala e amparado pelo ministro Fernando Pimentel. Ele sentou ao lado do governador Sérgio Cabral e, em vários momentos, parou o discurso para beber água. A assessoria do ex-presidente explicou que o uso da bengala foi providencial por conta da longa duração do evento e que Lula, de fato, está fazendo fisioterapia para recuperar a musculatura das pernas, após perder 18 quilos durante o tratamento contra o câncer.
- Durante o tratamento, ele não fez exercícios físicos e isso colaborou para a perda de massa muscular - justificou um assessor.
O governador do Rio deixou o evento antes do fim sem falar com a imprensa. Desde o final de semana, o ex-governador Anthony Garotinho tem divulgado vídeos e fotos de Cabral com secretários e empresários, feitas em uma viagem a Paris, em 2009.
Diante da saia justa de Cabral, Lula alfinetou os adversários do governador sem citar nomes.
- Quero dizer ao Paes e ao Sérgio Cabral que tudo que foi feito no meu governo era obrigação do governo federal de recuperar o que os outros tinham destruído ao longo dos tempos no Rio de Janeiro - disparou Lula, referindo-se ao ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho e ao ex-prefeito Cesar Maia (DEM).
No discurso, Lula criticou as medidas de austeridade em países atingidos pela crise. Segundo o ex-presidente, as vítimas da crise econômica mundial – a população dos países atingidos – estão sendo punidas enquanto os culpados – o sistema financeiro – são premiados.
- Os governos pedem austeridade, reduzem salários e aumentam prazos para aposentadoria e ao mesmo tempo aprovam pacotes e mais pacotes de ajuda àqueles que causaram a crise.
Lula destacou a necessidade de um maior intercâmbio comercial do Brasil com os países africanos. Segundo ele, as exportações brasileiras para a África saltaram de 2,4 bilhões em 2002 para 12,2 bilhões em 2011.
- Não podemos ver os países africanos como simples fornecedores de minérios, gás e petróleo. Queremos transferir tecnologia. Podemos fazer muito mais do que está sendo feito agora.
O ex-presidente disse ainda que o PIB do continente africano cresce a taxas robustas e deve terminar 2012 com alta de 6%. Como exemplos de desenvolvimento, ele disse que atualmente os países africanos têm 300 milhões de pessoas na classe média, 430 milhões de usuários de celulares e 100 milhões de usuários da internet.
Lula deixou a mesa principal do evento amparado novamente por Pimentel e foi para a plateia, onde assistiu a um dos painéis do seminário. No intervalo, Lula se levantou e seguiu para a área reservada às autoridades novamente amparado por Pimentel e por mais dois seguranças.
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