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sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Em missão histórica, Japão tenta nesta sexta (19) se tornar o 5º país do mundo a pousar na Lua

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Alunissagem do módulo não tripulado SLIM está prevista para ocorrer às 12h20 no horário de Brasília. Até hoje, só os EUA, a antiga União Soviética, a China e a Índia pousaram na Lua.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 19 de janeiro de 2024 às 06h00m

#.*Post. - N.\ 11.083*.#

Impressão artística do módulo SLIM cruzando a superfície lunar. — Foto: JAXA/Divulgação
Impressão artística do módulo SLIM cruzando a superfície lunar. — Foto: JAXA/Divulgação

O Japão tenta chegar à Lua nesta sexta-feira (19). E, se tudo der certo com o SLIM (módulo de pouso inteligente para investigar a Lua, na sigla em inglês), a missão será histórica.

🚀🌕 Isso porque o país pode se tornar a 5ª nação do mundo a pousar no nosso satélite natural. Até então, somente os Estados Unidos, a antiga União Soviética, a China e a Índia já alcançaram esse marco.

Segundo a Jaxa, a Agência Espacial Japonesa, a alunissagem (termo para um pouso lunar) está programada para acontecer às 12h20 no horário de Brasília.

E as expectativas da agência são altas, pois a a missão vai determinar a capacidade do país de realizar um pouso de alta performance na superfície lunar (entenda mais abaixo).

Apelidado de Moon Sniper (Atirador Lunar), o módulo do Japão vai tentar fazer nesta sexta o pouso mais preciso até ao momento já feito na Lua. Vai ser na cratera Shioli, perto do equador do nosso satélite natural.

Se der certo, esse vai ser outro marco importante para o país. Pois pousar no solo lunar é uma tarefa muito díficil, ainda mais com tanta precisão como almeja o Japão.

A expectativa da Jaxa é fazer um pouso num local com apenas 100 metros de diâmetro, numa região próxima de encostas.

A título de comparação, pousos mais convencionais têm uma precisão de poucos a dezenas de quilômetros, algo que limita a exploração em locais específicos, com bastantes rochas, por exemplo.

O sucesso dessa missão assinalaria a transição de uma era de "aterrissar onde pudermos" para uma era de "aterrissar onde quisermos" em futuras missões lunares, disse a Jaxa em um comunicado.

Lançamento do foguete H-IIA, em 7 de setembro de 2023, com o módulo de pouso lunar SLIM, em 7 de setembro de 2023, do Centro Espacial Tanegashima, numa ilha ao sul do Japão. — Foto: STR/JIJI Press/AFP
Lançamento do foguete H-IIA, em 7 de setembro de 2023, com o módulo de pouso lunar SLIM, em 7 de setembro de 2023, do Centro Espacial Tanegashima, numa ilha ao sul do Japão. — Foto: STR/JIJI Press/AFP

'20 minutos de terror'

O SLIM tem cerca de 1,7 metro de comprimento, 2,7 metros de largura e 2,4 metros de altura. Ou seja, é bem compacto. Por isso, a brincadeira com o seu nome em inglês (um acrônimo que quer dizer magro).

Mas, apesar do seu tamanho diminuto, o seu pouso pode trazer alguns desafios.

Ao meio-dia no horário de Brasília, o módulo começará sua trajetória de decidia acionando seus "olhos inteligentes", um sistema que utiliza algoritmos, imagens e mapas pré-carregados na sonda para determinar exatamente onde ela está acima da superfície lunar.

Isso é crucial já que o terreno de pouso é bem inclinado, e a missão precisa evitar obstáculos, como rochas. (Veja na imagem abaixo.)

"A perspectiva é a de que o início da desaceleração até o pouso na superfície lunar seja um angustiante período de 20 minutos de terror, deixando todos sem fôlego", disse Kushiki Kenji, Gerente de Subprojeto da missão.

Como será o pouso do módulo. — Foto: JAXA/Divulgação
Como será o pouso do módulo. — Foto: JAXA/Divulgação

Erros acontecem, mas o Japão é uma potência espacial muito experiente – conduziu operações espaciais muito complicadas durante muitos anos, disse à Reuters Bleddyn Bowen, professor associado da Universidade de Leicester especializado em política espacial.

🕗 Após o pouso, a Jaxa levará cerca de um mês para verificar se o SLIM alcançou os seus objetivos de alta precisão.

Além disso, a sonda irá desacoplar dois mini-robôs, um veículo saltador do tamanho de um forno de micro-ondas e um rover do tamanho de uma bola de beisebol, desenvolvidos em colaboração com a gigante de tecnologia Sony.

Estes dispositivos serão responsáveis por capturar imagens do módulo, proporcionando uma nova perspectiva da superfície lunar.

Corrida lunar

Essa não será a primeira vez que o Japão tenta chegar à Lua. No começo do ano passado, uma sonda da empresa japonesa ispace tentou fazer uma alunissagem, mas perdeu a comunicação minutos antes de completar o feito.

Também em 2023, a Índia fez uma tentativa, mas, desta vez, depois de alguns fracassos, bem-sucedida. Já este ano, o módulo Peregrine, que poderia ser o primeiro dos Estados Unidos a fazer um pouso suave na Lua desde 1972, também tentou um pouso, mas não conseguiu por causa de um vazamento de combustível.

E toda essa corrida tem uma explicação: facilitar o acesso aos recursos naturais e científicos que estão orbitando a 384.400 km de distância da Terra.

O polo sul da Lua, por exemplo, - longe da região equatorial alvo da Slim - está cheio de crateras e trincheiras profundas, mas é bastante visado devido a várias razões científicas e exploratórias.

Isso porque as regiões polares da Lua têm crateras permanentemente na sombra, onde as temperaturas são extremamente baixas, permitindo que o gelo de água se acumule e permaneça estável ao longo do tempo.

Evento de divulgação dos nomes da tripulação da Artemis II, em Houston, no Texas. — Foto: NASA
Evento de divulgação dos nomes da tripulação da Artemis II, em Houston, no Texas. — Foto: NASA

E a Nasa já confirmou que há água nesse estado nas partes iluminadas e sombreadas da lua, mas sua origem ainda é algo que intriga os cientistas. Impactos de cometas antigos e atuais, micrometeoritos gelados e interações com o vento solar são algumas das hipóteses levantadas.

Se a água em forma de gelo existir em quantidades suficientes, ela poderia ser uma fonte de água potável para exploração lunar e ajudar a resfriar equipamentos.

Também o gelo poderia ser decomposto para produzir hidrogênio como combustível e oxigênio para respirar, apoiando missões a Marte ou mineração lunar.

Aqui é importante lembrar que isso pode parecer papo de ficção científica nos dias de hoje, mas a exploração da Lua e de outras regiões do espaço é algo que vem sendo discutido seriamente.

Um exemplo disso são as missões Artemis, dos Estados Unidos, que visam principalmente explorar o nosso satélite natural. Mas os objetivos de longo prazo da Nasa são ainda mais ambiciosos. No futuro, a agência espera que o programa ajude no desenvolvimento da ciência astronômica que permitirá a exploração humana de Marte.

E missões lunares como essa do Japão oferecem uma oportunidade perfeita para a testagem de ferramentas, equipamentos e tecnologias que podem ser úteis numa viagem tripulada ao planeta vermelho.

Índia pousa foguete em região inexplorada da Lua

Por Roberto Peixoto, g1

No canto direito da foto, desenho mostra a sonda SLIM, da agência especial japonesa, pousada na Lua — Foto: Reprodução/Jaxa
No canto direito da foto, desenho mostra a sonda SLIM, da agência especial japonesa, pousada na Lua — Foto: Reprodução/Jaxa

Em uma missão histórica, o Japão conseguiu pousar uma sonda não-tripulada na Lua nesta sexta-feira (19), tornando-se a 5ª nação do mundo a conseguir esse feito, segundo dados iniciais da agência Jaxa, a Agência Espacial Japonesa.

Até então, somente os Estados Unidos, a antiga União Soviética, a China e a Índia tinham alcançado esse marco.

🚀🌕 A sonda SLIM (módulo de pouso inteligente para investigar a Lua, na sigla em inglês) fez uma alunissagem (termo para um pouso lunar) bem-sucedida por volta das 12h20 no horário de Brasília, segundo a Jaxa.

A agência ainda está confirmando a conexão com o módulo lunar para saber se o pouso foi de fato bem-sucedido.

A transmissão ao vivo da missão foi suspensa, mas uma coletiva de imprensa anunciará mais detalhes em breve.

As expectativas da agência eram altas, pois a missão vai determinar a capacidade do país de realizar um pouso de alta performance na superfície lunar.

Apelidado de Moon Sniper (Atirador Lunar), o módulo do Japão tinha como objetivo conseguir o pouso mais preciso até ao momento já feito na Lua.

🕗 A Jaxa, no entanto, levará cerca de um mês para verificar se o SLIM alcançou os seus objetivos de alta precisão.

O pouso estava programado para ocorrer na cratera Shioli, perto do equador do nosso satélite natural. Se tiver dado certo, esse será outro marco importante para o país. Pois pousar no solo lunar é uma tarefa muito difícil, ainda mais com tanta precisão como almejava o Japão.

A expectativa da Jaxa era fazer um pouso num local com apenas 100 metros de diâmetro, numa região próxima de encostas.

Impressão artística do módulo SLIM cruzando a superfície lunar. — Foto: JAXA/Divulgação
Impressão artística do módulo SLIM cruzando a superfície lunar. — Foto: JAXA/Divulgação

A título de comparação, pousos mais convencionais têm uma precisão de poucos a dezenas de quilômetros, algo que limita a exploração em locais específicos, com bastantes rochas, por exemplo.

Antes da missão, a Jaxa soltou um comunicado afirmando que "o sucesso dessa missão assinalaria a transição de uma era de 'aterrissar onde pudermos' para uma era de 'aterrissar onde quisermos' em futuras missões lunares".

Lançamento do foguete H-IIA, em 7 de setembro de 2023, com o módulo de pouso lunar SLIM, em 7 de setembro de 2023, do Centro Espacial Tanegashima, numa ilha ao sul do Japão. — Foto: STR/JIJI Press/AFP
Lançamento do foguete H-IIA, em 7 de setembro de 2023, com o módulo de pouso lunar SLIM, em 7 de setembro de 2023, do Centro Espacial Tanegashima, numa ilha ao sul do Japão. — Foto: STR/JIJI Press/AFP

Sonda compacta

O SLIM tem cerca de 1,7 metro de comprimento, 2,7 metros de largura e 2,4 metros de altura. Ou seja, é bem compacto. Por isso, a brincadeira com o seu nome em inglês (um acrônimo que quer dizer magro).

Ao meio-dia no horário de Brasília, o módulo começou sua trajetória de descida acionando seus "olhos inteligentes", um sistema que utiliza algoritmos, imagens e mapas pré-carregados na sonda para determinar exatamente onde ela está acima da superfície lunar.

Isso era crucial já que o terreno de pouso era bem inclinado, e a missão precisava evitar obstáculos, como rochas. (Veja na imagem abaixo.)

Como será o pouso do módulo. — Foto: JAXA/Divulgação
Como será o pouso do módulo. — Foto: JAXA/Divulgação

Após o pouso, a sonda irá desacoplar dois mini-robôs, um veículo saltador do tamanho de um forno de micro-ondas e um rover do tamanho de uma bola de beisebol (veja foto abaixo), desenvolvidos em colaboração com a gigante de tecnologia Sony.

Mini-robô que será desprendido da sonda SLIM — Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters
Mini-robô que será desprendido da sonda SLIM — Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters

Estes dispositivos serão responsáveis por capturar imagens do módulo, proporcionando uma nova perspectiva da superfície lunar.

Corrida lunar

Essa não foi a primeira tentativa do Japão de chegar à Lua. No começo do ano passado, uma sonda da empresa japonesa ispace tentou fazer uma alunissagem, mas perdeu a comunicação minutos antes de completar o feito.

Também em 2023, a Índia fez uma tentativa, mas, desta vez, depois de alguns fracassos, bem-sucedida. Já neste ano, o módulo Peregrine, que poderia ser o primeiro dos Estados Unidos a fazer um pouso suave na Lua desde 1972, também tentou um pouso, mas não conseguiu por causa de um vazamento de combustível.

E toda essa corrida tem uma explicação: facilitar o acesso aos recursos naturais e científicos que estão orbitando a 384.400 km de distância da Terra.

O polo sul da Lua, por exemplo, - longe da região equatorial alvo da Slim - está cheio de crateras e trincheiras profundas, mas é bastante visado devido a várias razões científicas e exploratórias.

Isso porque as regiões polares da Lua têm crateras permanentemente na sombra, onde as temperaturas são extremamente baixas, permitindo que o gelo de água se acumule e permaneça estável ao longo do tempo.

Evento de divulgação dos nomes da tripulação da Artemis II, em Houston, no Texas. — Foto: NASA
Evento de divulgação dos nomes da tripulação da Artemis II, em Houston, no Texas. — Foto: NASA

E a Nasa já confirmou que há água nesse estado nas partes iluminadas e sombreadas da lua, mas sua origem ainda é algo que intriga os cientistas. Impactos de cometas antigos e atuais, micrometeoritos gelados e interações com o vento solar são algumas das hipóteses levantadas.

Se a água em forma de gelo existir em quantidades suficientes, ela poderia ser uma fonte de água potável para exploração lunar e ajudar a resfriar equipamentos.

Também o gelo poderia ser decomposto para produzir hidrogênio como combustível e oxigênio para respirar, apoiando missões a Marte ou mineração lunar.

Aqui é importante lembrar que isso pode parecer papo de ficção científica nos dias de hoje, mas a exploração da Lua e de outras regiões do espaço é algo que vem sendo discutido seriamente.

Um exemplo disso são as missões Artemis, dos Estados Unidos, que visam principalmente explorar o nosso satélite natural. Mas os objetivos de longo prazo da Nasa são ainda mais ambiciosos. No futuro, a agência espera que o programa ajude no desenvolvimento da ciência astronômica que permitirá a exploração humana de Marte.

E missões lunares como essa do Japão oferecem uma oportunidade perfeita para a testagem de ferramentas, equipamentos e tecnologias que podem ser úteis numa viagem tripulada ao planeta vermelho.

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