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segunda-feira, 20 de março de 2023

Economista vencedor do Nobel diz que Brasil sobreviveu a uma 'pena de morte' ao se referir aos juros

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Norte-americano Joseph Stiglitz participa do seminário 'Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século 21', na sede do BNDES, no Centro do Rio.
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Por Carlos de Lannoy, TV Globo e g1 Rio

Postado em 20 de março de 2023 às 17h40m

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Economista vencedor do Nobel se refere à taxa de juros no Brasil como “chocante”Economista vencedor do Nobel se refere à taxa de juros no Brasil como “chocante”

Prêmio Nobel de Economia em 2001, o americano Joseph Stiglitz disse, nesta segunda-feira (20), que o Brasil vem sobrevivendo a uma pena de morte ao se referir à alta taxa de juros no país, que classificou como chocante.

"O problema que todo mundo fala aqui no Brasil, já ouvimos várias vezes, é a taxa de juros. A taxa de juros reais [entenda abaixo] de vocês é realmente chocante. Os números que vocês estão falando a respeito (...) são um tipo de taxa de juros capaz de matar qualquer economia. Na verdade, eu acho notável que o Brasil tenha sobrevivido ao que normalmente seria uma pena de morte.

A taxa de juros hoje está em 13,75% e a de juros reais atingiu 8,52% ao ano. A taxa de juros real é calculada com abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses, sendo considerada uma medida melhor para comparação com outros países.

Para Stigiltz, o Brasil sobreviveu porque conta com bancos estatais de desenvolvimento, como o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. A declaração foi feita na sede do BNDES, no Centro do Rio, onde ele participou do seminário Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século 21.

A taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75% desde agosto, e o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) decidiu mantê-la na última reunião, em fevereiro — a partir de então, o presidente Lula vem constantemente criticando o BC pela ata. O colegiado se reúne novamente a partir desta terça-feira (21), quando discutirá se altera ou não a taxa.

O americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001 — Foto: Reprodução/TV Globo
O americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001 — Foto: Reprodução/TV Globo

‘Não justifica’, diz Alckmin sobre taxa de juros
Geraldo Alckmin no BNDES — Foto: Reprodução/TV Globo
Geraldo Alckmin no BNDES — Foto: Reprodução/TV Globo

Também presente no evento, Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, também criticou a atual taxa de juros no país.

Não há nada que justifique 8% de juro real acima da inflação quando não há demanda explodindo e de outro lado quando o mundo inteiro está praticamente com juro negativo, declarou.

Apesar de criticar o patamar atual da taxa de juros, Alckmin afirmou que a inflação — que o Banco Central busca controlar por meio da taxa Selic — não pode voltar. Não pode voltar inflação. A inflação não é socialmente neutra: ela tira do mais pobre e põe para o mais rico, afirmou Alckmin.

O Brasil é o país com a maior taxa de juros reais (descontada a inflação) do mundo, segundo levantamento feito pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management em fevereiro. O país se mantém na liderança deste ranking desde maio do ano passado.

Alckmin elogiou a ancoragem fiscal, que deverá ser divulgada nos próximos dias, que contempla a curva da dívida, o superávit e o controle de gastos. Temos inúmeros desafios, entre eles imposto e o custo do dinheiro, os juros altos. Mas o governo Lula está muito empenhado em fazer a reforma tributária. Vai simplificar cinco tributos em um único imposto, o IVA, que vai reduzir o custo Brasil, explicou o vice-presidente.

O vice-presidente disse também estar muito otimista com o avanço da reforma tributária. Simplifica tributos e tira a cumulatividade. Vai estimular a exportação e também reduzir o custo Brasil, explicou.

Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante recebeu também José Pio Borges, presidente do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), e Josué Gomes, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Mercadante também criticou os juros altos, o que, segundo ele, deixa o cenário pouco competitivo para investimentos em energia limpa.

Nós estamos aguardando um novo arcabouço fiscal. O ministro [Fernando] Haddad pode esperar de mim e do banco total lealdade e parceria, ao contrário das especulações que são publicadas, disse Mercadante.

Nós não estamos aqui para outra razão, não temos expectativa de substituir ninguém, muito menos de competir; agora, não nos peçam para deixar de dizer o que nós pensamos e ajudar o governo a acertar, a encontrar o melhor caminho, a buscar as melhores práticas. É para isso que nós estamos aqui, prosseguiu.

Esse banco esteve historicamente e vai voltar. Aquele banco acanhado acabou. Ele vai debater, vai investir e vai impulsionar o crescimento do país, emendou.

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