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quinta-feira, 25 de junho de 2020

BDS: como é o novo sistema de navegação por satélite chinês que quer concorrer com o americano GPS

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Nova aposta chinesa pretende superar o concorrente ao prometer, com 35 satélites e investimento de US$ 10 bilhões (quase R$ 54 bilhões em valores atuais), uma melhor e mais precisa cobertura de navegação global que a do GPS. 
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Por BBC  
25/06/2020 12h49  Atualizado há 3 horas 
Postado em 25 de junho de 2020 às 16h20

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China pretende completar sua independência civil e militar do sistema americano GPS — Foto: Getty Images/BBC
China pretende completar sua independência civil e militar do sistema americano GPS — Foto: Getty Images/BBC

Com a entrada em órbita do último satélite do sistema Beidou-3, a China deu seu passo final para obter a cobertura global de seu próprio sistema de navegação, o BDS.

O país asiático busca independência do Sistema de Posicionamento Global, conhecido por sua sigla em inglês GPS, criado e administrado pelo governo dos Estados Unidos e usado em quase todo o mundo.
A nova aposta chinesa pretende superar o concorrente ao prometer, com 35 satélites e investimento de US$ 10 bilhões (quase R$ 54 bilhões em valores atuais), uma melhor e mais precisa cobertura de navegação global que a do GPS.
A independência do GPS é algo que a Rússia também alcançou com seu sistema GLONASS. A União Europeia também tem sua própria navegação, o Galileo.

Especialistas afirmam que o BDS ainda precisa ser posto à prova. Desenvolver e operar um sistema global de navegação por satélite é muito difícil, afirmou em entrevista à BBC Brian Weeden, diretor da Secure World Foundation, um think tank com sede na capital americana, Washington.

O lançamento do Beidou-3, o último do projeto, havia sido programado para a semana passada, mas houve atrasos por problemas técnicos no foguete Longa Marcha 3B.

Ele entrou em órbita na terça-feira (23/6) logo depois de deixar o Centro de Lançamento de Satélites Xichang, localizado em um vale rodeado de montanhas no sudoeste da China.
A informação do sistema BDS é usado por forças militares da China, a exemplo dos submarinos — Foto: Getty Images/BBC
A informação do sistema BDS é usado por forças militares da China, a exemplo dos submarinos — Foto: Getty Images/BBC

Não houve nenhuma falha, o lançamento foi um completo sucesso, afirmou o comandante Yin Xiangyuan à televisão estatal chinesa, segundo a agência de notícias EFE.

Quais são as vantagens do BDS?
O programa espacial da China se expandiu rapidamente nos últimos 20 anos, à medida que Pequim destinava mais recursos para desenvolver seus próprios sistemas de alta tecnologia do país.

Beidou (Ursa Maior, em chinês) é considerado um passo significativo porque dará acesso a informações de geolocalização tanto para atividades militares quanto para civis.
O Sistema de Navegação por Satélite Beidou, ou BDS, é composto por uma constelação de satélites lançados ao espaço ao longo de três fases.
China espera atrair mais países para seu sistema de geolocalização ao ampliar sua capacidade — Foto: Reuters/BBC
China espera atrair mais países para seu sistema de geolocalização ao ampliar sua capacidade — Foto: Reuters/BBC

A primeira, Beidou-1, tem três satélites operando desde 2000. A Beidou-2 melhorou a capacidade a partir de 2011, com mais 10 satélites para cobrir a região Ásia-Pacífico.

Com o acréscimo de mais 22 satélites do programa Beidou-3 a partir de 2015, o sistema alcançará cobertura global neste ano e superará o GPS em diversos pontos.

Um é a disponibilidade de satélites. O BDS conta com 35, seguido do GPS (32), do GLONASS (26) e do Galileo (26).
Pequim assegura que seu sistema terá uma precisão de localização de 10 centímetros. A do GPS é de 30 centímetros.
O BDS também oferece serviços de comunicação graças a uma maior largura de banda, além de incorporar relógios atômicos mais estáveis e precisos, segundo a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial.

Os telefones celulares de fabricantes chineses como Huawei e OnePlus já têm acesso ao sistema BDS.

Os serviços de posicionamento por ponto preciso, conhecidos como PPP, estão em funcionamento em milhares de táxis, ônibus e automóveis particulares, além das Forças Armadas chinesas.
Com o lançamento do foguete Longa Marcha 3B, a China colocou em órbita o satélite número 35 de seu sistema BDS — Foto: Reuters/BBC
Com o lançamento do foguete Longa Marcha 3B, a China colocou em órbita o satélite número 35 de seu sistema BDS — Foto: Reuters/BBC

Yang Changfeng, um dos líderes do projeto, afirmou ao jornal estatal chinês Global Times que seu sistema é compatível com o GPS, o GLONASS e o Galileo, e os usuários podem escolher o que tiver a melhor cobertura.
Segundo Pequim, mais de 200 países pediram à China acesso às tecnologias BDS.

Oportunidade de negócios
Desenvolvido originalmente para o Exército chinês a fim de reduzir a dependência do GPS, o BDS se converteu em uma oportunidade comercial para a China à medida que sua cobertura se expandiu.

Três dezenas de países que integram o ambicioso projeto da Nova Rota da Seda da China já contam com acesso ao BDS.

Certamente há um aspecto de que isso tem a ver com a expansão da influência, mas também passa pela segurança econômica, afirmou à BBC Alexandra Stickings, do Instituto Real de Serviços Unidos para Estudos de Defesa e Segurança. A principal vantagem de ter seu próprio sistema é a segurança de acesso, no sentido de que não depende de outro país. Os Estados Unidos poderiam negar acesso a usuários de algumas regiões em tempos de conflito, por exemplo.

Para Blaine Curcio, fundador da Orbital Gateway Consulting, uma consultoria do mercado de satélites sediada em Hong Kong, é provável que vejamos uma maior bifurcação do mundo em dois campos: pró-China e pró-EUA.
Programa de satélites da China teve mais de US$ 10 bilhões de investimento — Foto: Reuters/BBC
Programa de satélites da China teve mais de US$ 10 bilhões de investimento — Foto: Reuters/BBC

A partir dessa perspectiva, aqueles que se tornam pró-China podem ser mais propensos a desconfiar dos serviços de navegação por satélite dos Estados Unidos e da União Europeia, afirmou Curcio à BBC.
Apesar da sofisticação tecnológica, especialistas como Brian Weeden afirmam que o sistema BDS tem pelo menos um ponto fraco: um processo de transmissão bidirecional envolvendo satélites que enviam sinais para a Terra e dispositivos que transmitem sinais de volta.
Isso pode comprometer a precisão e requer mais largura de banda do espectro. Os dispositivos GPS, por exemplo, não precisam transmitir sinais para os satélites.

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