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Astrônomos usaram dados do telescópio Hubble para medir a distância de estrelas em galáxia vizinha e afirmaram que a velocidade de expansão do universo é 9% mais alta do que a medição feita anteriormente.
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Por Vitor Muniz*, G1
Postado em 28 de abril de 2019 às 14h00m
Postado em 28 de abril de 2019 às 14h00m
Astrônomos responsáveis pelo telescópio Espacial Hubble descobriram que o universo está se expandindo a uma velocidade mais rápida do que os cientistas esperavam. Segundo informações publicadas nesta quinta-feira (25) no "Astrophysical Journal", medidas tomadas pelo telescópio mostram que a velocidade de expansão é 9% acima de medições feitas anteriomente.
Ao encontrar a nova discrepância nos resultados, cientistas afirmam que apenas novas teorias serão capazes de explicar o fenômeno da taxa de expansão. Isso porque as chances de que a diferença registrada tenha sido um acidente é de apenas uma em 100 mil.
Um dos responsáveis pela pesquisa é Adam Riess, ganhador do Nobel de física em 2011 e professor da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Em um comunicado da instituição, ele afirmou que a divergência na medição dos números não aconteceria apenas por um acaso instrumental ou observacional.
"Esse descompasso tem crescido e agora chegou a um ponto que é realmente impossível descartar como uma casualidade. Essa disparidade não poderia acontecer plausivelmente apenas por acaso" , diz o pesquisador Adam Riess.
Como se mede a expansão do universo?
Para fazer a medição, os astrônomos e astrofísicos usam telescópios que analisam a luz das estrelas. Atualmente, apenas o telescópio Hubble e o satélite Planck podem realizar essa medição, que é considerada uma das principais etapas para a compreensão da história do universo a partir do Big Bang, explosão ocorrida há cerca de 14 bilhões de anos que deu origem à expansão do cosmo.
Para este estudo, o Hubble analisou a luz de 70 estrelas pulsantes em nossa galáxia vizinha, a Grande Nuvem de Magalhães. Essas estrelas pertencem a uma classe chamada "cefeidas", e a variação da luz emitida pelo brilho delas permitiu que os cientistas determinassem sua distância.
Para refinar esses dados, os resultados do Hubble foram comparados com dados da mesma galáxia obtidos pelo Projeto Araucária, que envolve instituições do Chile, Estados Unidos e Europa.
Com o resultado obtido, os pesquisadores descobriram que o universo está se expandindo a uma velocidade de 74 quilômetros por segundo por megaparsec – uma unidade de medida que equivale a 3,3 milhões de anos-luz.
Isso quer dizer uma galáxia que esteja a 3,3 milhões de anos-luz de nós vai aparentar estar se movendo a uma velocidade que é 74 quilômetros por segundo mais rápida do que a nossa, porque a expansão do universo faz espaço entre as galáxias aumentem com o decorrer do tempo.
Esse aumento de 9% se deve ao fato de que a medição anterior era de 67 quilômetros por segundo por megaparsec. Esse registro foi feito pelo satélite Planck considerando observações sobre o início do universo feitas 380 mil anos após o Big Bang.
Mas o que pode explicar essa aceleração?
Muitas teorias cresceram diante da descoberta, mas, de fato, nenhuma é exata. Os cientistas responsáveis pelo projeto levantaram a teoria de que a causa do descompasso seria por conta da incidência inesperada de energia escura no universo jovem, ou seja, o universo que existe antes da formação estelar e que pode ser o responsável por acelerar a expansão do universo.
Por mais que ainda não haja uma resposta precisa sobre a causa dessa expansão, o principal objetivo da equipe é reduzir a incerteza da descoberta para 1%. No momento, a medida feita pelo satélite Planck apresenta uma incerteza de 1,9%.
Dados não discordam entre si
Apesar de ajudar a aumentar a precisão da medida, Riess explica que os dois números não discordam entre si. Isso porque o telescópio Hubble e o satélite Planck estão medindo duas coisas "fundamentalmente" diferentes.
"Uma é uma medida de quão rápido o universo está se expandindo hoje, como nós o vemos. A outra é uma previsão baseada na física do universo primitivo e em medidas de quão rápido ele deveria estar se expandindo", explicou Adam Riess.
"Se esses valores não concordam, torna-se uma probabilidade muito forte de que estamos perdendo alguma coisa no modelo cosmológico que conecta as duas eras."
Sob orientação de Ana Carolina Moreno*
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