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Equipamento irá monitorar satélites velhos na órbita da Terra e gerar mapa. Dados serão gerados do Observatório Pico dos Dias, em Brazópolis, MG.
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Samantha Silva-Do G1 Sul de Minas05/04/2017 00h05 - Atualizado em 05/04/2017 00h05
Postado em 05 de abril de 2017 às 08h20m
Telescópio russo PanEos instalado no Observatório Pico dos Dias, em Brazópolis (Foto: LNA/Divulgação)
A cerimônia acontece no Observatório Pico dos Dias, onde o equipamento foi instalado, a partir das 15h. É o primeiro telescópio deste tipo instalado no Brasil, que também é o primeiro país a receber o projeto da Rússia.
O investimento no projeto foi de cerca de R$ 10 milhões feito todo pela Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos). Parte da verba, utilizada no Brasil para construção do prédio que abriga o telescópio e logística da obra, foi gerenciada pela Fundação de Apoio à Indústria de Itajubá (Fupai-MG), onde fica a sede do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA).
Os russos forneceram o equipamento e fizeram a instalação do telescópio. A obra teve início em novembro do ano passado, e em março, as primeiras imagens de teste já foram geradas.
"Já existem muitos pedaços desses no espaço, e tanto a Nasa [agência espacial norte-americana] quanto a Agência Espacial Russa viram que é urgente ter um mapa detalhado desses detritos espaciais. Por que? Você coloca um satélite novo [no espaço], que custou milhões de reais, aí vem um pedaço de detrito desse, bate no seu satélite e destrói ele”, completa Castilho.
Chamado de Panoramic Electro Optical System (PanEos), o telescópio russo foi planejado para rastrear esse tipo de lixo espacial. Ao determinar a órbita desses detritos com precisão, a agência russa gera um mapa de área segura para lançamento de novos satélites.
O acordo entre as Roscosmos e a AEB para instalação do telescópio no Brasil foi assinado no dia 7 de abril de 2016 em Brazópolis. Segundo Castilho, a Rússia já tinha um acordo desde 1997 com a Agência Espacial Brasileira para uso pacífico do espaço, na área de satélites, e como eles precisavam de um telescópio no hemisfério sul, eles procuraram primeiro o Brasil.
“Foram oferecidas algumas opções de locais onde poderia ser instalado o telescópio. Eles avaliaram vários quesitos, como infraestrutura, a facilidade de chegar, qualidade [para geração das imagens], porque fica numa montanha mais alta, e escolheram o Pico dos Dias.”
Instalação
Logo após a assinatura do acordo em 2016, os dois países iniciaram a instalação do telescópio em Brazópolis. Empresas brasileiras ficaram com a construção do prédio que abriga o equipamento, fazendo a estrutura de concreto e a parte de alvenaria.
Já as peças e equipamentos que fazem parte do telescópio vieram todos da Rússia.
Segundo Castilho, a carga chegou ao Brasil em outubro de 2016 e a montagem teve início no dia 20 de novembro. No começo deste ano, duas equipes russas se revezaram instalando a parte eletrônica, óptica e computadores do telescópio. As primeiras imagens de testes foram geradas no final de março – na imagem abaixo, é possível ver uma delas.
“Não teve nenhum atraso, concluiu-se da melhor forma possível, sem contratempos. Tudo dentro do cronograma”, ressalta Castilho. "A partir dessa semana, junto com a delegação russa que está vindo para a cerimônia, vem também um técnico especializado no equipamento da Rússia para treinar a equipe brasileira para já operar o telescópio, e assim, começar a fazer as imagens [do mapa].”
Mapeamento
O telescópio instalado no Brasil vai trabalhar junto com outro equipamento praticamente idêntico que já está instalado na Rússia, nas montanhas Altai na Sibéria, a cerca de 15 mil quilômetros de distância e a 73 graus de latitude de diferença. O observatório onde o telescópio foi instalado no Brasil fica a 1.864 metros de altitude entre os municípios de Brazópolis e Piranguçu, no Sul de Minas Gerais.
Castilho explica que os dois telescópios vão fazendo imagens em sequência de várias partes do céu, e todo pedaço de detrito que aparecer é mapeado. Com os equipamentos localizados nos dois hemisférios, é possível fazer imagens de uma área maior e completar a órbita dos detritos com mais precisão. As lentes do telescópio permitem observar objetos até a magnitude 17 com exposições de 30 segundos, ou seja, detectando detritos espaciais de poucos centímetros.
Imagem teste gerada pelo telescópio russo PanEos em Brazópolis; lentes permitem ver objetos no espaço de poucos centímetros (Foto: PanEos/LNA/Divulgação)
Projetos futuros
Este é o quinto telescópio instalado no Observatório Pico dos Dias, em Brazópolis, mas como explica Castilho, todos os equipamentos brasileiros têm um campo de visão pequeno. A contrapartida do acordo é que o telescópio russo vai permitir pesquisas no Brasil que ainda não eram possíveis, como localização de estrelas variáveis, novos asteroides e supernovas que aparecerem.
“Como serão feitas muitas imagens do céu, a Agência Espacial Russa só vai procurar pelos detritos espaciais, mas o LNA vai ficar com cópias dessas imagens. Qualquer astrônomo brasileiro que quiser usar essas imagens pra pesquisar em astronomia, vai poder. Então a contrapartida deles pra nós é oferecer essas imagens para pesquisas científicas."
Assim que o telescópio russo começar a funcionar, Castilho conta que será feita uma análise das primeiras imagens para verificar a qualidade delas e avaliar as possibilidades de pesquisa.
“Pra gente ver a diferença da quantidade de luz que chegou da estrela e o ruído de fundo, e perceber até que estrela que dá pra observar, qual o tamanho que a estrela fica na imagem”, explica. Essas informações serão publicadas posteriormente no site do LNA e ficarão disponíveis para que os astrônomos brasileiros possam usá-las.
Colaboração científica
Castilho ressalta ainda que o projeto reforça o acordo do Brasil na área de ciência com o BRICS (grupo político de cooperação formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que foi assinado no fim de 2015 pelos ministros de ciência dos cinco países.
Telescópio semelhante ao do projeto que já está instalado na Rússia (Foto: Arquivo Altai Asia Central)
Na cerimônia desta quarta-feira, estarão presentes representantes da Roscosmos, da Agência Espacial Brasileira, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil e outras autoridades da região.
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