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Fora o design, SUV baseado no Duster não tem grandes diferenciais sobre os diversos rivais; maior pecado é a transmissão ultrapassada nesta versão.
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O Renault Captur é o sétimo SUV compacto a ser lançado no Brasil em 2 anos. Antes dele, vieram Honda HR-V, Jeep Renegade, Peugeot 2008, Jac T5, Nissan Kicks e, mais recentemente, Hyundai Creta.
Os dois primeiros inauguraram esta nova e animada fase para o segmento, deixando para trás, inclusive em vendas, os pioneiros Ford EcoSport e Renault Duster.
Em vez de mexer no SUV que já tinha, tática que será adotada pela Ford, a Renault preferiu lançar um novo carro, feito a partir do Duster, e rebaixar o veterano à condição de seu utilitário de “entrada”.
Pena não ter apostado ao menos em motores e transmissão mais modernos.
Ele quer ser 'sensual'
Como fazer o Captur se destacar entre tantos concorrentes, chegando “por último”? A resposta da montadora é: com design.
O SUV não é um modelo completamente inédito. Trata-se de uma evolução do Captur europeu, lançado em 2013 com base na mais recente geração do Clio vendida lá (não confundir com a que era ofertada no Brasil, bastante defasada).
Nessa reformulação, a Renault preferiu usar a plataforma do Duster, maior, mas não abriu mão do desenho francês, alterando apenas alguns detalhes. A grade frontal, semelhante à de Sandero e Logan e de acordo com identidade atual dos carros da marca foi mantida.
O “C” que as luzes de LED formam na moldura do farol de neblina, na grade inferior, são a assinatura do Captur. Junte a isso linhas que pretendem passar a ideia de um carro robusto, mas elegante. Ou, como chega a exagerar a Renault, sensual.
Gostos à parte, faz sentido que a montadora levante a bandeira do visual. É o que destaca o Captur da longa fila de rivais. Mesmo depois de experimentá-lo, fica difícil pinçar outro elemento que faça o carro se sobressair.
O SUV da Renault está encaixado, inclusive no preço, na realidade de seus rivais: carros que misturam características de vários segmentos, que são voltados para a cidade -apesar do apelo de utilitários- e que “surfam” na onda do interesse de uma clientela que ainda compra carro zero.
De onde vem
De onde vem
O Captur que chega às lojas no Brasil, produzido no Paraná, estreou primeiro na Rússia, no ano passado. Além de pequenas alterações visuais, ele tinha uma letra diferente no nome em relação ao europeu: Kaptur.
O projeto de desenvolver um SUV para fora de Europa surgiu bem antes, em 2012, perto do lançamento do Captur original. À frente estava o brasileiro Antonio Fleischmann, que comanda os projetos da Renault para a América Latina. Ele explica por que o Captur que o Brasil terá não vai ser aquele baseado no Clio europeu:
“(O Captur europeu) não servia, nem o tamanho, nem o conjunto mecânico. Então, escolhemos a plataforma do Duster”
Por isso, o modelo tem o maior comprimento e distância entre-eixos na comparação com os “jovens” SUVs. Ele é um pouco mais baixo e seu porta-malas é menor que o do “irmão” mais velho, mas supera os concorrentes atuais.
É um Duster ‘gourmet’?
Não é muito justo resumir o Captur a um Duster “gourmetizado”. Houve modificações também em freios, suspensão e, de acordo com Fleischmann, na estrutura –que, no Duster, foi duramente criticada pelo Latin NCap em 2015.
Inexistente no SUV mais antigo, o controle de estabilidade é de série no novato. O item de segurança deverá ser obrigatório para carros novos a partir de 2020, mas foi ignorado na versão básica do Creta, por exemplo. Há ainda airbags laterais.
O painel do Captur é sóbrio, com controles bem distribuídos: nada de botão do retrovisor “perdido” no console central de Duster. A central MediaNav, sensível ao toque e talvez a fácil de usar no segmento, é boa herança, mas alguns rivais têm sistemas mais modernos.
O nível de acabamento poderia ser um diferencial gritante entre Captur e Duster: infelizmente, não é.
A parte “gourmet” aparece em detalhes como a chave-cartão, que tem o mesmo funcionamento das presenciais: permite acionar o botão de partida e trancar ou destravar o carro remotamente. Ela é uma característica da Renault e aparece em outros modelos na Europa.
Europa.
O maior pecado
Seu principal pecado frente os outros é o conjunto mecânico da configuração mais cara, que, por ora, deve ser a mais procurada, segundo a montadora: a 2.0 automática (R$ 88.490).
Nesta versão, o motor igual ao do Duster é combinado com uma caixa automática já ultrapassada, de 4 marchas. A Renault diz que ela sofreu ajustes em relação ao Duster, mais ainda deixa a desejar.
Não há previsão de adotar, por exemplo, a transmissão de dupla embreagem e 6 marchas que o Duster recebeu no exterior. E nem de casar o motor 2.0 com o câmbio CVT. A opção que terá esse tipo de transmissão será a 1.6, mas daqui a 3 meses.
Ao volante
Ao volante
O G1 experimentou a versão 2.0 em um trajeto de cerca de 100 km entre São Paulo e a Estrada Velha de Santos.
Bancos confortáveis e suspensão que filtra bem a buraqueira tornam a jornada agradável. Quem busca um SUV pela posição de dirigir vai gostar do Captur.
A direção, porém, podia ser mais leve, problema já visto no Duster e na picape Oroch.
Para a montadora, o conjunto desta versão 2.0 deve satisfazer o tipo de público que o Captur visa: acima dos 40 anos, que busca um carro para a família.
De fato, o motor não é o mais potente da categoria, mas seus 148 cv não deveriam ser um problema, exceto pela ultrapassada transmissão. As trocas de marcha continuam sem agilidade, incomodando principalmente nas retomadas.
Conclusão
Conclusão
Sem grandes diferenciais, o Captur pode se tornar uma aspiração de quem é fã do estilo da Renault e não coloca desempenho em primeiro lugar. Mas faltam armas para entrar na dura briga do HR-V e do Renegade. Com essas versões, talvez nem mesmo supere o próprio Duster em vendas tão cedo.
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