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INTERNACIONAL -
G1 visitou platô desértico onde estão as antenas; veja fotos e imagem
360°.
Alma é o maior projeto astronômico a funcionar na superfície
terrestre.
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13/03/2013 14h23 - Atualizado em 13/03/2013 17h35
Batizado de Alma (sigla em que significa “grande conjunto milimétrico/submilimétrico do Atacama ) o projeto é resultado de quase três décadas de planejamento, discussões e negociações.
A um custo de US$ 1,4 bilhão, é o maior projeto astronômico já executado em terra – em volume de investimento, só perde para telescópios que funcionam no espaço. Ao todo, são 20 os países envolvidos, entre eles o Brasil, em menor proporção (veja a situação brasileira abaixo, e o Chile, que oferece seu território como sede do empreendimento.
Veja no final da reportagem uma imagem em 360º das antenas a 5 mil metros.
Antenas com peso de 100 toneladas podem se deslocar
sobre o platô de Chajnantor (Foto: Dennis Barbosa/G1)
O Alma consiste num conjunto de 66 antenas (atualmente 57 já estão operando
ou estão no local, prontas para operar, sendo que as 9 restantes devem estar
funcionando ainda este ano) que captam ondas emitidas por corpos frios em
lugares muito longínquos do universo, com as quais se espera obter novas
informações sobre a origem de estrelas e planetas, bem como sobre a presença de
partículas orgânicas em lugares a bilhões de anos-luz da Terra.
O presidente chileno Sebastián Piñera deu
o
comando para o início oficial das operações
do Alma, e falou em estimular turismo astronômico
em seu país (Foto: Dennis Barbosa/G1)
As antenas instaladas no alto da cordilheira, em local próximo a San Pedro de
Atacama, no Chile, podem ser deslocadas numa área com raio de 16 km sobre o
platô de ar rarefeito. Elas captam ondas de tamanho milimétrico e
submilimétrico, em frequências invisíveis ao olho humano – o sistema, portanto
não é ótico. “O Alma sintetiza um telescópio de 16 quilômetros, o que seria
impossível construir”, explica Thijs de Graauw, diretor do projeto.comando para o início oficial das operações
do Alma, e falou em estimular turismo astronômico
em seu país (Foto: Dennis Barbosa/G1)
A grande aposta desse enorme complexo é que as antenas, que podem ser mudadas de lugar, combinam de forma sincronizada as informações que capturam, funcionando como um imenso espelho do espaço.
Conjunto de 66 antenas terá capacidade de ver
objetos escuros a bilhões de anos-luz (Foto: Dennis Barbosa/G1)
Há dois modos principais de funcionamento desse conjunto. As antenas podem
ficar espalhadas pelo terreno, com maior distância entre si, quando o objetivo é
focar num ponto mais específico do espaço e analisá-lo de forma detalhada, ou
também é possível agrupá-las todas numa área central, com o que se tornam uma
poderosa ferramenta para produzir imagens amplas do céu.
Supercomputador é responsável por combinar
as
informações detectadas pelas antenas
(Foto: Dennis Barbosa/G1)
A mudança de configuração é feita por um supercaminhão transportador com 28
rodas, capaz de percorrer o terreno acidentado do platô andino carregando as
antenas, que pesam dezenas de toneladas.informações detectadas pelas antenas
(Foto: Dennis Barbosa/G1)
Além da logística arrojada e do supercomputador que junta as informações, cada antena do observatório também consiste em um complexo artefato tecnológico. Para receber com mais pureza o sinal dos objetos interestelares, alguns dos equipamentos são resfriados a 4 Kelvin (-269° C).
A localização do Alma, em território chileno, perto das fronteiras da Bolívia e da Argentina, é estratégica: o ar rarefeito da grande altitude fazem com que a interferência da umidade da atmosfera seja menor.
Sistemas de correção anulam eventuais desvios nas imagens que o ar ainda possa causar.
Os sinais captados pelas antenas são remetidos a um supercomputador, um dos mais rápidos que existem no mundo atualmente, que junta as informações e as remete a um centro de operações que fica 2 mil metros montanha abaixo.
O Alma foi criado numa parceria entre o ESO (Observatório Europeu do Sul), o NAOJ (Observatório Astronômico Nacional do Japão) e o NRAO (Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA).
As antenas do Alma podem ter 7 ou 12 metros de
diâmetro, e possuem em seu interior um sistema de refrigeração de criogênio que
permite que supercondutores sejam resfriados a apenas 4 graus acima do zero
absoluto (Foto: Dennis Barbosa/G1)
Primeiros resultadosJunto com a inauguração oficial do Alma, foi divulgada a publicação de três artigos com os primeiros resultados produzidos pelo complexo, dois deles na revista "Nature" e um no "Astrophysical Journal".
Os pesquisadores descobriram que algumas galáxias longínquas se encontram mais longe do que se supunha. Elas são formadoras de estrelas e, com isso, concluiu-se que uma fase de formação intensa desses corpos celestes ocorreu há 12 bilhões de anos, quando o universo tinha menos de 2 bilhões de anos - um bilhão de anos mais cedo do que o que se pensava anteriormente.
Mais do que isso, os cientistas detectaram água em uma destas galáxias, o que configura o registro mais distante desse tipo de molécula no espaço.
Encontrar moléculas essenciais para a existência de vida, como água e compostos orgânicos, é uma das missões do Alma. O equipamento, no entanto, poderá apenas detectar a presença desses ingredientes, e não confirmar efetivamente a existência de vida extraterrestre.
Em 2010, o Brasil assinou sua entrada como membro do ESO e, portanto, também é “sócio” do Alma. No entanto, sua condição de membro ainda depende de ratificação do Congresso Nacional. Ao ratificar sua entrada, o país passará a contribuir financeiramente com o ESO e empresas brasileiras poderão fornecer produtos e serviços ao Alma e a outros observatórios.
Apesar de não ser um integrante efetivo do grupo, no entanto, cientistas brasileiros já podem propor observações no novo observatório inaugurado nesta quarta. Esses pedidos, assim como os de astrônomos de outros países, passam pela análise de um corpo técnico para avaliar sua relevância. Toda a informação produzida no Alma é disponibilizada gratuitamente à comunidade científica após um ano.
Veja abaixo o platô de Chajnantor em 360° (Imagem:ESO)
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