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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Para encontrar os maias em Cancún


TURISMO & LAZER






PARAÍSO QUE TODOS BUSCAM!... POUCOS ENCONTRAM!

 


Regina Alvarez (regina.alvarez@bsb.oglobo.com.br)




<**''''**> CANCÚN - Praias paradisíacas, noites quentes embaladas por ritmos caribenhos e o acesso às melhores grifes internacionais a preços sem taxas são alguns dos atributos que transformaram Cancún no primeiro destino dos brasileiros que viajam ao México.
Mas a península banhada pelo Mar do Caribe, povoada de resorts de luxo, também pode ser o ponto de partida para uma outra emocionante viagem: um passeio pela milenar cultura maia, que guarda tesouros ainda pouco explorados pelos turistas brasileiros, como uma incrível cidade de 1.500 anos debruçada no mar azul-turquesa. Percorrendo os 130 quilômetros da Riviera Maia, chega-se a Tulum, único sítio arqueológico encontrado à beira-mar.

Na mesma rota estão o parque ecoarqueológico de Xcaret; as ruínas de Cobá, onde há a mais alta pirâmide erguida pelos maias, e os Cenotes, poços naturais de águas cristalinas que dão acesso a rios subterrâneos.



 
Ruínas (com praias) de uma civilização

O parque arqueológico de Tulum tem praia própria e também dá acesso a outras, no México/ Foto de Regina Alvarez

Fica fácil imaginar o deslumbramento dos espanhóis ao se depararem com Tulum, único sítio arqueológico encontrado à beira do mar e primeiro centro urbano da civilização maia descoberto pelos conquistadores. Diante das ruínas de uma fortaleza imponente, que salta da vegetação exuberante; da areia branca e da água azul-turquesa do Caribe, a sensação é fazer parte de um cartão-postal. É aquela imagem perfeita, com a vantagem de ser real. Construída por volta do ano 900, a cidade protegida por espessa muralha abrigava uma parte da elite do povo maia e era usada como porto e alfândega para o comércio de mercadorias com a América Central.


Diante das ruínas, dá para viajar ao passado ouvindo histórias do povo que viveu muito à frente do seu tempo: a incrível precisão na arquitetura, os conhecimentos avançados de engenharia, astronomia e astrologia e o misticismo presente em cada detalhe das edificações. O guia Neftali, um mexicano de língua presa, se orgulha da descendência maia. Ao longo do trajeto de 130 quilômetros entre Cancún e Tulum, percorrido em cerca de duas horas de ônibus, o guia vai apontando as pequenas choupanas com cobertura de sapê que ainda hoje servem de moradia para o seu povo.


No forte, ele nos conta como a imponente edificação com muros de cinco metros de espessura e acessos estreitos de cerca de um metro era perfeita para proteger a cidade dos invasores. Nas torres, pequenas janelas voltadas para o mar eram iluminadas por fogueiras à noite, transformando-se em faróis para que os navegadores encontrassem a única fenda que os levaria ao porto em segurança, sem risco de choque com a extensa barreira de corais que acompanha a costa.


As ruínas de Tulum ficam num parque com acesso e visitação controlados. Os turistas podem fotografar à vontade, mas câmeras de vídeo só entram com autorização prévia. A praia dentro do parque pode ser usada pelos visitantes, mas é vigiada por salva-vidas, que saltam sobre o banhista que acender um cigarro. Do parque, caminhando por cerca de dez a 15 minutos, chega-se a outras praias espetaculares, abertas ao público e com infraestrutura. Um passeio de Cancún até Tulum custa cerca de US$ 50 por pessoa, se contratado em uma agência. Quem quiser economizar pode ir de ônibus regular até a cidade e de lá pegar um táxi para o parque e as praias. É passeio para um dia inteiro.


Antiga capital maia, Chichen Itzá fica a três horas de Cancún e tem atrações como a pirâmide de Kukulcán, perto de Cancún/ Foto de Regina Alvarez

Os sítios arqueológicos do império maia são um espetáculo a parte em uma viagem a Cancún. A 170 quilômetros da cidade, na direção da Riviera Maia, mas já no meio da selva, encontra-se outro monumento pouco conhecido dos turistas brasileiros. Nas ruínas de Cobá está a pirâmide de Nohoch Mul. Com 42 metros, é mais alta do que Kukulcán, em Chichen Itzá, e a única que ainda pode ser escalada.


Na região cheia de lagoas azuis também encontramos Xel-Há, o parque considerado uma das maravilhas do México. Refúgio natural de mais de 400 espécies de plantas, aves e peixes, oferece atrações para um dia inteiro de passeio, com esportes aquáticos e bufê de comidas típicas.


Para concluir em grande estilo esse roteiro de imersão na mais antiga civilização pré-colombiana, a sugestão é uma visita às ruínas de Chichen Itzá e à pirâmide de Kukulcán. A capital do império maia - fundada por volta do ano 450 e patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1998 - reúne um impressionante conjunto de monumentos e é cheia de simbolismos e sinais do poder e influência daquela civilização. Distante cerca de 200 quilômetros de Cancún, o trajeto até Chichen Itzá leva em média três horas.


Esportes aquáticos com tartarugas gigantes e golfinhos
  
Entrada para o rio subterrâneo do Parque Xcaret: turistas vão de coletes salva-vidas e levam equipamentos do snorkel para mergulhar/ Foto de Regina Alvarez

A sensação ímpar de se deixar levar pela correnteza de um rio subterrâneo de água verdes e translúcidas ou a experiência lúdica de nadar com golfinhos são algumas das atrações do Parque Xcaret, santuário ecoarqueológico a uma hora de Cancún. O lugar fica na Riviera Maia, que ainda é pouco conhecida pelos viajantes. Dos turistas que viajam a Cancún, apenas 5% se hospedam nessa área.


No parque só é permitido o uso de protetores e cremes biodegradáveis. A exigência é para preservar os peixes do rio subterrâneo que deságua em Xcaret. É por ali que começa o passeio e nem precisa saber nadar para embarcar nessa aventura. Coletes salva-vidas e equipamentos de snorkel são distribuídos aos turistas que compram o pacote com direito ao mergulho, ao custo médio de US$ 90.


O dia passa ligeiro com tantas coisas para explorar. No "pequeno braço de mar", tradução maia da palavra Xcaret, as praias são lindas, com coqueiros e quiosques cobertos com palha santa-fé. Dá também para praticar snuba (combinação de mergulho e snorkel) ou sea trek, que permite andar debaixo d'água sem saber mergulhar.


Um aquário repleto de corais, peixes, esponjas, estrelas-do-mar e outras espécies marinhas traz à tona as belezas do Mar do Caribe. Em pequenos riachos, tartarugas gigantes oferecem seu próprio espetáculo, junto com arraias e outras espécies que habitam a região.


Túmulos coloridos retratando os gostos dos mortos no cemitério dos descendentes maias, que fica dentro de Xcaret, perto de Cancún/ Foto de Regina Alvarez

Um cemitério usado ainda hoje pelos descendentes dos maias reúne obras de arte popular. Os túmulos são coloridos, como tudo no México, e retratam com muita criatividade o estilo de vida e os gostos dos mortos. Tem sepultura em forma de carro, de cama, de igreja e até uma feita com tampinhas de garrafas de cerveja. As réplicas coloridas de uma igreja e de uma fazenda maia são um espetáculo, desde a delicadeza do quarto dos "ninhos" até a representação da árvore da vida, símbolo de fertilidade na cultura milenar.


O parque oferece almoço, incluído nos pacotes, e os restaurantes dispõem de bons serviços e comida saborosa. Nesse intervalo da refeição, uma dica é visitar a loja próxima aos restaurantes que vende roupas e arte a preços atrativos. Uma camisa com estampa da fauna e flora locais, tudo a ver com o espírito da viagem, sai por US$ 15.


O dia acaba em Xcaret com um espetáculo grandioso. Em uma arena que acomoda até seis mil pessoas, os espectadores acompanham, à luz de velas, a apresentação do "México espetacular", um show com 180 atores que se revezam no palco por mais de duas horas. A viagem começa há três mil anos, com representação do jogo de pelotas, a disputa de vida ou morte dos maias; passa pelo embate com os espanhóis, na chegada dos conquistadores ao continente, e chega aos dias de hoje com um mosaico das tradições folclóricas mexicanas. 

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