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sábado, 30 de abril de 2011

Roma festeja beatificação de João Paulo II

** = A expectativa é de que mais de 1 milhão de pessoas acompanhem a cerimônia hoje (a partir das 5 horas, horário de Brasília); delegação brasileira é encabeçada por 6 cardeais. = **


José Maria Mayrink - O Estado de S.Paulo

##= "Santo subito!" O papa Bento XVI - ou o Espírito Santo, ele diria - ouviu o apelo da multidão que, exatos 6 anos e 28 dias atrás, levantou faixas e cartazes na Praça de São Pedro, para pedir que Karol Wojtyla, o carismático João Paulo II, fosse declarado santo o mais rápido possível. Menos de quatro semanas após a morte do amigo polonês, o papa autorizou, em 28 de abril de 2005, a abertura da causa de beatificação e canonização, dispensando o cumprimento do prazo mínimo de cinco anos para início do processo, estabelecido por João Paulo II, na constituição apostólica Divinus perfectionis magister (Mestre divino da perfeição), de 25 de janeiro de 1983.
Rolando /AE - 4/7/1980
Rolando /AE - 4/7/1980
Histórico. João Paulo II em visita a Aparecida, em 1980

A mesma súplica - Santo súbito!, Santo já! - vai se levantar outra vez em Roma, a partir do momento em que Bento XVI proclamar João Paulo II beato ou bem-aventurado, dando-lhe a honra dos altares, em culto embora limitado, mas a um passo da canonização. Mesmo antes da solenidade de hoje, o postulador da causa já vinha pedindo aos devotos que comunicassem todos os fatos, especialmente a obtenção de graças e eventuais milagres, que possam dar a Karol Wojtyla o título de santo.

Centenas de milhares de católicos, provavelmente mais de 1 milhão, assistirão em Roma à cerimônia de beatificação. Quando João Paulo II morreu, em 2005, mais de 3 milhões de pessoas acompanharam seu velório e sepultamento. Desta vez, a peregrinação incluirá bispos de todas as partes do mundo, muitos deles nomeados e até ordenados por João Paulo II. É o caso de d. Vicente Zico, que aos 84 anos, já aposentado, atravessou o Atlântico para participar da festa. Ele morava em Roma, em 1980, quando o papa o nomeou arcebispo coadjutor de Belém, no Pará.
A festa de beatificação, que começou ontem com uma vigília de oração promovida pela diocese de Roma no Circo Máximo, nas ruínas do estádio que durante o Império Romano reunia 200 mil espectadores nas corridas de bigas, terá seu ponto alto na missa presidida por Bento XVI, a partir das 10 horas (5 horas de Brasília), na Praça de São Pedro. À tarde, os restos mortais de João Paulo II ficarão expostos para veneração, até o último devoto, na Basílica de São Pedro. Fechando as cerimônias, o secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, celebrará amanhã missa de ação de graças, na mesma praça.
Ontem à tarde, a polícia fechou a praça, obrigando as pessoas a se retirarem. Pela manhã, policiais haviam interditado para o trânsito as ruas de acesso ao Vaticano. Os fiéis só poderão entrar na praça quatro horas antes do início da missa de beatificação. Dezenas de peregrinos haviam se abrigado, com suas mochilas, sob a colunata de Bernini, onde pretendiam passar a noite.
Brasil. A delegação brasileira é encabeçada por seis cardeais: Odilo Scherer (São Paulo), Raymundo Damasceno Assis (Aparecida), Geraldo Majella Agnelo (arcebispo emérito de Salvador), Cláudio Hummes (prefeito emérito da Congregação para o Clero), Serafim Fernandes Araújo (arcebispo emérito de Belo Horizonte) e José Freire Falcão (emérito de Brasília). A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é representada pelo arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, e o governo brasileiro, pelo vice-presidente, Michel Temer.
Portugal destaca-se pela ligação de João Paulo II com Nossa Senhora de Fátima. Foi em 13 de maio de 1981, festa da santa, que o terrorista turco Mehmet Ali Agca atirou no papa, enquanto ele percorria em carro aberto a Praça de São Pedro. O episcopado português convocou para o dia 13 deste mês uma comemoração nacional em Fátima, em ação de graças pela beatificação.

Outra presença marcante é a dos poloneses, que enchem o Vaticano de música e alegria, sacudindo suas bandeiras vermelho e brancas. Os peregrinos vêm principalmente de Cracóvia, onde o novo beato foi padre, bispo e cardeal, e de Wadowice, a cidade onde ele nasceu.

PARA LEMBRAR

Atentado ocorreu em 81
O terrorista Mehemet Ali Agca, 52 anos, autor do atentado contra João Paulo II em 13 de maio de 1981, vive em liberdade desde janeiro de 2010, depois de ter cumprido 29 anos de prisão, na Itália e na Turquia. "Eu sou o Cristo eterno", declarou numa carta entregue à imprensa pelo seu advogado, ao sair da cadeia. Condenado à pena perpétua na Itália, foi anistiado pelo presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi em junho de 2000. Ao voltar à Turquia, onde nasceu, foi preso pelo assassinato de um jornalista, crime cometido em 1979.

Até hoje não se descobriu por que Ali Agca atirou em João Paulo II, na Praça de São Pedro. No ano passado, disse que o atentado foi planejado no Vaticano, por ordem do cardeal Agostino Casaroli, então secretário de Estado da Santa Sé.

João Paulo II visitou o terrorista na prisão em dezembro de 1983, meses depois de ter afirmado que o havia perdoado.

 

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