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Brasil Índice nunca foi tão baixo desde agosto de 1998; última vez que a taxa teve variação negativa foi em junho de 2006.
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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve deflação de 0,23% no mês de junho, a primeira em 11 anos, puxada pelas contas de luz e alimentos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (7). O resultado é o mais baixo para um mês de junho desde o início do Plano Real.
A última vez que o índice teve variação negativa foi em junho de 2006, quando a taxa caiu 0,21%. O IPCA nunca foi tão baixo desde agosto de 1998, quando a taxa atingiu -0,51%.
(Foto: G1 )
Na história recente do Brasil, constantemente marcada por inflação alta, só houve deflação no IPCA por no máximo três meses seguidos. Isso aconteceu entre julho e setembro de 1998. Entenda o que é deflação e quando ela é um problema.
Segundo economistas ouvidos pelo G1, o alívio nos preços na economia em junho é reflexo da recessão que freou o consumo dos brasileiros, além de fatores sazonais, que fazem o mês ter taxas historicamente mais baixas.
Nos últimos 12 meses até junho, o índice ficou com variação positiva de 3,00%, abaixo dos 3,60% referentes aos 12 meses imediatamente anteriores, e abaixo da meta central do governo, de 4,5% ao ano. É a menor taxa para o período desde março de 2007, quando ficou em 2,96%.
Habitação tem a maior queda em junho
Em junho, os três grupos que, juntos, concentram 59% das despesas domésticas, foram os que tiveram as quedas mais intensas: alimentação (-0,50%), habitação (-0,77%) e transporte (-0,52%).
“Foram estes três grandes grupos que trouxeram a inflação para -0,23%”, diz a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos,Habitação, que tem participação de 15% nos cálculos do IPCA, foi o grupo que teve a maior queda no mês, influenciada pelas contas de luz. Mais barata em 5,52%, a energia exerceu o mais intenso impacto negativo, de -0,20 ponto percentual, segundo o IBGE.
(Foto: G1 )
No grupo transportes, houve deflação de 0,52%. Os combustíveis se destacam pela queda de 2,84%, diz o IBGE. O litro da gasolina ficou 2,65% mais barato diante de duas reduções de preços, autorizadas pela Petrobrás, nas refinarias, cujos reflexos nas bombas se concentraram no IPCA do mês.
Queda dos alimentos no mês
No grupo alimentação e bebidas, que domina 26% das despesas das famílias, houve queda de 0,50%, puxada pelos alimentos para consumo em casa, mais baratos em 0,93%.
O IBGE pesquisa 153 itens alimentícios para consumo em domicílio. Destes, 100 tiveram queda nos preços em junho na comparação com o mês anterior. “Isso significa que 65% dos itens pesquisados tiveram queda nos preços.
Daí vem a pergunta: o consumidor sentiu? Ele pode ter sentido [a queda no preço] do tomate, que caiu 19,22%. Mas essa queda que a gente vê nos alimentos não significa que ele voltou ao preço de antes”, ponderou Eulina.
Apesar do feijão-carioca ter exercido o maior impacto no IPCA do mês, com a subida brusca de 25,86% em seus preços, a maioria dos alimentos passou a custar menos de maio para junho, como o tomate (-19,22%), a batata-inglesa (-6,17%) e as frutas (-5,90%).
Embora essa queda de 0,56% ter bastante influência no índice, ela é pequena para que o consumidor sinta no bolso. O que se sente é que a situação não ficou ainda pior
Houve queda nas 13 regiões pesquisadas. Nos últimos 12 meses, a queda no país para este grupo de consumo é de 0,56%. Questionada se o brasileiro sente essa queda nos alimentos, Eulina ponderou que depende se ele teve aumento ou não na renda.
“Embora essa queda de 0,56% ter bastante influência na composição do índice, ela é pequena para que o consumidor sinta no bolso. O que se sente é que a situação não ficou ainda pior”, apontou.
A pesquisadora destacou ainda que a demanda no consumo de alimentos segue impactada pela crise econômica, considerando o desemprego e a perda de rende. Isso tem reflexo direto na inflação. "A gente está vendo de fato uma safra recorde de alimentos, mas a demanda está bastante reprimida."
Menor taxa para o 1º semestre
O primeiro semestre do ano fechou em 1,18%, bem menos do que os 4,42% registrados em igual período de 2016, diz o IBGE. Considerando-se todos os primeiros semestres, é o resultado mais baixo da série histórica.
(Foto: G1 )
Dos 373 itens que o IBGE monitora, 173 apresentaram variações negativas no primeiro semestre, enquanto no ano passado houve 142 itens com deflação. A coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, lembrou que desde janeiro o IPCA apresentava queda.
“Janeiro deste ano já começou com 112 variações negativas, contra 64 do primeiro semestre de 2016, e terminou com 173, ficando sempre acima de 100 variações negativas. Isso significa que, ainda que devagar, os preços estão caindo”, destacou a pesquisadora do IBGE.
O principal destaque do primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado ficou com a alimentação no domicílio. Enquanto em 2016 este grupo de consumo acumulou alta de 8,79%, neste ano ele ficou em queda de 1,08%.
Já na alimentação fora de casa, no ano passado o primeiro semestre teve variação acima de 3% em 12 das 13 regiões pesquisadas, enquanto neste ano somente três tiveram alta acima dos 3%. No índice geral do país, a alimentação fora de casa encerrou o período em 1,99%, contra 4,70% no mesmo período do ano passado.
Das 13 regiões pesquisadas pelo IBGE, todas tiveram variação acima de 7% no primeiro semestre de 2016, enquanto neste ano todas elas registraram variação negativa.
Perspectiva para julho
Para a composição do índice de julho, o IBGE aponta que ele sofrerá influência do reajuste das taxas de agua e esgoto que tiveram aumento em Porto Alegre (4,5%), em Fortaleza (12,90%) e Salvador (8,80%). Também houve elevação nas tarifas de energia elétrica em Porto Alegre (5,84%), São Paulo (5,57%) e Curitiba 7,09%
Além disso, em todo o país, a bandeira deixa de ser verde e passa a ser amarela. Outro reajuste a nível nacional que vai impactar no índice é o aplicado no transporte interestadual de 9%.
O cálculo do IPCA leva em conta os preços de pagamentos à vista no comércio, nos aluguéis e compras de imóveis, nos serviços públicos e no setor de serviços nas principais cidades brasileiras. O IBGE coleta informações de famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos.
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