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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Na Jordânia, seguindo os passos de T.E. Lawrence

 

TURISMO  & LAZER



Boa viagem...paraíso antagônico em meio ao desgaste do tempo!...
Ruínas que se eternizam na história da Humanidade!



Joana Dale
 

A camelada, no deserto de Wadi Rum, na Jordânia, tem em média duas horas de duração e termina ao pôr do sol/ Foto de Joana Dale


]=*=:=*=[ AMÃ - Sem petróleo, o governo da Jordânia investe no turismo. Os 92.300 quilômetros quadrados do país do Rei Abdullah II e da popular Rainha Rania reúnem um mix de passeios em sítios arqueológicos, experiências gastronômicas, programas de bem-estar, mergulhos em importantes capítulos da História e atrações religiosas. Da aventura no deserto de Wadi Rum - recém-reconhecido pela Unesco como patrimônio mundial - ao luxo dos resorts do Mar Morto, há um novo mundo a se conhecer. E o Brasil está começando a descobrir os encantos da Jordânia. Entre 2009 e 2010, o número de turistas brasileiros no país localizado no coração do Oriente Médio aumentou em quase 80% - ainda que não chegue a dez mil visitantes por ano. Uma parte da crescente popularidade se deve às cenas da novela "Viver a vida" (2009), gravadas em Petra, o mais famoso cartão-postal jordaniano. Mas deve-se levar em consideração também os novos voos ligando o Brasil ao Oriente Médio, que começaram em 2007 e aumentam a cada ano, e a hospitalidade do povo de diferentes crenças religiosas, que vive em relativa paz em meio a vizinhos em constante tensão.


Passeio de camelo, giro de jipe e banquete beduíno no deserto

A inesquecível experiência de passar 24 horas no deserto de Wadi Rum - nomeado patrimônio mundial pela Unesco há cerca de um mês - começa com um cinematográfico passeio de camelo antes do pôr do sol. Após se acomodar no acolchoado arreio do alto mamífero ruminante, a camelada é só alegria. Um guia local faz às vezes de puxador e cuida para que os animais andem na linha das dunas de areia, entre formações rochosas monumentais, de até 1.750 metros de altura. Em duas horas de percurso, dá para se ter uma mostra da imensa beleza natural - e única - que garantiu ao chamado Vale da Lua a conquista do título do órgão da ONU. No total, são 740 quilômetros quadrados de área protegida.

A camelada na Jordânia, no deserto de Wadi Rum/ Foto de Joana Dale

O passeio termina estrategicamente ao pé de uma rocha específica, a eleita pelos beduínos que ali residem como uma espécie de camarote para assistir ao pôr do sol. Máquinas fotográficas a postos, lá pelas 19h, a enorme bola de jogo se esconde atrás das pedras. Os tons de amarelo, laranja, rosa e vermelho dominam o show natural do cartão-postal, que ganha cada vez mais status para figurar ao lado de Petra e Jerash como os principais destinos turísticos da Jordânia. Antes de anoitecer, vale a pena tirar o sapato e descer surfando pelas dunas rumo ao acampamento de sua escolha.



Os quatro principais alojamentos estão erguidos em volta de uma rocha. O "hotel" mais famoso chama-se Captain's Desert Camp - reza a lenda que até Kate Middleton, quando solteira, já se hospedou ali. As tendas ficam lado a lado, formando um semicírculo, com opções de acomodações simples, duplas e triplas. O banheiro é coletivo. As cabanas têm o luxo disponível no deserto: camas com lençóis brancos, velas e tapetes para cobrir o chão de areia. Para quem quiser menos aventura, há opções de cama e café nos arredores do Centro de Visitantes de Wadi Rum, onde nota-se uma maior concentração de carros e ônibus que fazem o traslado de turistas, a maioria vinda de Petra, a 120 quilômetros.

Os beduínos sabem que camelar gasta energia e preparam um banquete com o melhor da culinária local para receber os visitantes. O ritual começa nos fundos do terreno, onde se chega através de um caminho desenhado por velas abrigadas em saquinhos de papel. O clima é de mistério. Munido de uma pá, o beduíno-chef começa a cavar o jantar. Menu da noite: carneiro assado por quatro horas embaixo da terra. Para acompanhar a receita milenar, cebolas, cenouras, batatas e arroz branco. Cada item do cardápio tem um andar cativo na churrasqueira subterrânea. O resultado final é algo divino. Para beber, muita água e refrigerante - vale lembrar que o acampamento no deserto é um dos poucos lugares turísticos do país que segue à risca o Corão, proibindo o consumo de bebida alcoólica.

Beduínos carregam as malas dos hóspedes no acampamanto no deserto de Wadi Rum/ Foto de Joana Dale

Mas a festa está garantida com o inebriante som da viola árabe e de um simpático tambor. Aqui cabe uma explicação: o descoladíssimo guia Ibrahim El-Wahsh, de família beduína, sugeriu que o nosso grupo vestisse roupas típicas nessa noite. Logo na chegada a Amã, claro, todas as mulheres compraram um vestido adequado: uma longa e bordada bata. O ato seria uma espécie de reverência, em respeito à cultura local. Devidamente paramentados, ou não, os turistas costumam arriscar passos da dança local em volta da fogueira. Mas por mais acostumados à música que sejam, até os brasileiros cortam um dobrado para entrar no ritmo. Os mais tímidos normalmente preferem ficar acomodados no conforto dos sofás, esperando por uma estrela cadente ou conferindo a Via Láctea.



A hora de dormir é a parte mais complicada dessa experiência antropológica. É preciso raça para encarar o banheiro coletivo e doses extras de fair play para enfrentar o calor. Em agosto, até as noites são quentes em Wadi Rum, e os termômetros passam fácil dos 40º C. Os meses de setembro e novembro prometem temperaturas mais agradáveis. Já em dezembro, o frio é de lascar, e esse programa não é recomendado de forma alguma.

Em uma estrelada noite de junho, fez muito calor dentro da tenda, feita com lã de camelo. Mas, sem energia elétrica, o jeito é tentar relaxar na cama, apagar a vela que fica na cabeceira e se proteger dos mosquitos com o dossel pendurado no teto. O toque de recolher acontece por volta da meia-noite. Se der vontade de usar o toalete na madrugada, a iluminação no caminho é natural: luz da Lua. Mesmo com o corpo cansado, porém, o sono demorou a chegar para esta repórter, talvez por falta de costume de dormir num quarto sem porta, talvez pela adrenalina do dia.

Mas o fato é que não há muito tempo para dormir no deserto. Uma boa é levantar às 6h, comer um pãozinho árabe e partir para outro passeio. Existem opções por terra ou pelo ar. Chapéu, filtro solar e água mineral são itens de primeira necessidade. Para quem é fã dos esportes de aventura, há voos de balão, ultraleve e escaladas para apreciar a paisagem lunar de diversos ângulos. Se faltar disposição, a alternativa pode ser a caminhonete com tração nas quatro rodas e motorista beduíno particular. Com emoção e duas horas de duração, o giro de carro passa por mais um bocado de montanhas esculpidas pela ação do vento. Uma das paradas obrigatórias é na Burdah Rock Bridge, um dos maiores arcos naturais do planeta, com 35 metros de altura.

A segunda escala acontece nas locações do épico "Lawrence da Arábia" (1962), de David Lean, que conta a história de T.E. Lawrence na Revolta Árabe contra os otomanos. Um desenho do herói esculpido na rocha ocre dá as boas-vindas aos visitantes. Em uma tenda, os nômades do deserto vendem pashiminas, cachecóis, colares, caixinhas de madeira, entre outros suvenires locais. Hospitaleiros, os anfitriões oferecem um delicioso chá beduíno (uma receita caseira, a base de chá preto e canela) antes de os turistas irem embora - eles explicam que não há nada melhor do que chá bem quente para enfrentar o calor que faz na Jordânia.

Ácaba: de Wadi Rum para o Mar Vermelho, sem escalas

Não é uma miragem: o itinerário da viagem pela Jordânia segue do deserto diretamente para o mar, sem escalas. E não é qualquer mar. Estamos falando do Mar Vermelho, com acesso pelo porto de Ácaba, cidade de veraneio preferida dos jordanianos, localizada no extremo sul do país. A principal atração local está embaixo da gelada água azul-turquesa. Os recifes de corais são riquíssimos, e podem ser vistos tanto por mergulhadores profissionais quanto pelos mergulhadores de ocasião, equipados com snorkel. Nos sítios marinhos mais próximos da costa, poucos são os cardumes de peixinhos coloridos. Em compensação, as espécies de corais fluorescentes valem o mergulho.

Em um passeio de barco com cerca de quatro horas de duração, além de conferir a flora e a fauna locais, é possível avistar Arábia Saudita, Egito e Israel - nem que seja de binóculo ou através do zoom da câmera fotográfica. A região é uma importantíssima rota comercial entre Europa, Ásia e África há mais de cinco mil anos. Entre o movimento de navios de carga e passageiros, o cenário remete a uma famosa passagem da Bíblia, quando o Mar Vermelho teria se aberto para Moisés e para os hebreus que fugiam do Egito para a Terra Prometida.

Além de duas paradas para mergulho, o pacote do passeio de barco inclui um almoço a bordo. Normalmente, é o próprio comandante que faz o churrasco enquanto os turistas estão dentro d'água. O menu é leve e saboroso: peixe, frango, pão árabe, pastinhas de homus e iogurte e salada de tomate e repolho roxo. No mais, a boa é encontrar uma sombrinha para curtir o cenário e o vento no rosto.

De volta ao porto no Golfo de Ácaba, a melhor opção é continuar dentro da água, desta vez na piscina de um dos grandes resorts da cidade - afinal, o calor em Ácaba é quase insuportável, atingindo os 45°C fácil, fácil. O conforto é garantido nas áreas de lazer dos grandes hotéis, de cadeias como Marriott e Kempinski. Neste último, o visitante pode nadar na piscina de borda infinita revestida em mármore, de frente para o Mar Vermelho, ao lado de muçulmanas vestidas em burquínis e suas famílias.

Os mercados de Ácaba oferecem delícias como as pistaches/ Foto de Joana Dale

Se os bufês internacionais dos resorts não fazem a sua cabeça, uma opção para comer em Ácaba é o Captain's Restaurant. Os garçons vestidos de marinheiro servem o melhor peixe da região, acompanhado de legumes cozidos. O serviço à la carte tem também kaftas e outros pratos típicos do país.



Zona de livre comércio, Ácaba é um dos melhores lugares da Jordânia para fazer compras nos mercadinhos locais, os chamados souks. Os preços são bem mais em conta do que em outros cartões-postais. Vale comprar narguilé (o problema depois é carregar na mala...), objetos de decoração, roupas e especiarias. Nos lindos armazéns, encontra-se toda sorte dos perfumados e levemente picantes temperos que fazem diferença na culinária local, como zaatar e sal de limão, entre outros segredinhos. Pistaches, amêndoas e doces árabes também saem a preço de banana.

Cidade rosa é a maior relíquia da Jordânia

Maior relíquia da Jordânia, Petra ficou cerca de cinco séculos escondida do mundo ocidental. Redescoberta pelo viajante suíço Johann Ludwig Burckhardt, em 1812, a cidade esculpida na pedra foi eleita uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo em 2007. O sítio arqueológico reúne monumentos com influências arquitetônicas gregas, romanas, indianas na localidade onde os primeiros registros de ocupação datam de 600 anos antes de Cristo. Protegida pelas montanhas de Wadi Musa, a 260 quilômetros ao sul de Amã, Petra revela a destreza dos nabateus, pastores nômades que ali se estabeleceram 200 anos a.C., que moldaram a cidade de forma bela e inteligente, com reservatórios de água usados para o abastecimento durante a seca e para o armazenamento nas cheias. Uma aula de arquitetura.

A sugestão dos guias locais é que o visitante conheça primeiro a cidade cor-de-rosa a luz de velas. É necessária certa precisão para encarar o percurso de um quilômetro e meio do chamado Petra by night sem nenhum tropeção, afinal, o chão é bastante irregular. Quando ninguém mais aguenta caminhar na penumbra, eis que surge o Tesouro, grandioso templo de 43 metros de altura iluminado por cerca de 1.800 velas. Nesse momento, os presentes são convidados a se acomodar nos tapetes estendidos no chão e ganham um chá servido em copo de plástico. Para completar o clima zen, um beduíno começa a tocar uma delicada flauta como um mantra. Após o show, que acontece três vezes por semana, a volta para o hotel parece ser bem mais leve.

Com o sol como testemunha, o mesmo caminho sinuoso do Siq (fenda) parece inédito, revelando inscrições milenares e cavernas a cada três passos. Se à noite não houve flash capaz de ajudar na tarefa de fotografar o Tesouro, de dia é possível captar todos os ângulos do mais importante ícone da Jordânia, mundialmente famoso após virar cenário do filme "Indiana Jones - A última cruzada" (1989). Dromedários estrategicamente estacionados em frente ao cartão-postal ajudam a compor os retratos. É possível entrar no Tesouro e circular por três salas construídas, possivelmente, para ser o túmulo de um rei nabateu. Arqueólogos ainda trabalham nas escavações do grande museu a céu aberto: calcula-se que apenas 20% do parque arqueológico de 250 mil metros quadrados tenham sido revelados até hoje.

Petra, na Jordânia, foi redescoberta em 1812 por um viajante suíço/ Foto de Joana Dale

Avançando além-Tesouro, há mais de 800 tumbas e cavernas esculpidas nas pedras do caminho usado por comerciantes no passado - hoje, cerca de 300 beduínos têm licença para habitar as cavernas. Nas imediações da chamada Rua das Fachadas, o segundo monumento mais famoso de Petra é o Monastério, criado para sediar banquetes em homenagem a um rei nabateu. Para se chegar ao paraíso, no entanto, é preciso subir 800 degraus (o equivalente a uma hora, embaixo do sol a pino). Quem sobe não se arrepende. A vista lá de cima, dizem, é privilegiada.



Entre a contemplação de um monumento e outro, o visitante pode fazer meia dúzia de estratégicas paradas nas tendas de comércio local, que vendem panos, garrafinhas de areia decoradas no mesmo estilo das encontradas no Nordeste do Brasil e, importantíssimo, água mineral gelada. Para uma refeição completa, há o restaurante do Crowne Plaza, com um bufê que mescla pratos típicos e internacionais. Recomenda-se almoçar cedo e com moderação, para retomar a caminhada antes das 15h, o pico do calor. Além das barracas de suvenires, há apenas poucas e concorridíssimas árvores de pistache para se abrigar do sol.

Não se culpe se depois de subir e descer por cerca de sete quilômetros der preguiça de voltar a pé. Há dezenas de burricos e cavalos para fazer o caminho de volta até o Tesouro. De lá, riquixás oferecem o serviço de transporte até a entrada do parque, passando com desenvoltura pelos caminhos sinuosos da fenda. Como se vê, é preciso muita disposição para desbravar Petra. Mas cada pinguinho de suor vale a pena.

Até a balada em Petra é histórica: o bar mais animado da cidade foi montado em uma caverna de mais de dois mil anos. Anexo ao Petra Guesthouse, o Cave Bar reúne turistas do mundo inteiro dentro da caverna ou em mesinhas ao ar livre. Parece que depois de explorar os monumentos, todo mundo tem a mesma ideia para encerrar a experiência: tomar uma cerveja, fumar narguilé e dançar música árabe executada ao vivo.

Jerash, a cidade romana mais bem conservada fora da Itália

Assim como Petra, Jerash também ficou escondida da Humanidade por séculos após ter sido devastada por um terremoto. Portais, colunas, templos, teatros e arenas que fazem da cidade o conjunto arquitetônico romano melhor conservado no mundo, fora da Itália, foram restaurados nos últimos 70 anos. A 48 quilômetros ao norte de Amã, Jerash é o segundo ponto turístico mais visitado do país. A sensação de estar passeando por algum lugar do passado não é à toa: a ocupação humana na localidade é de mais de 6.500 anos.

Após passar por um centrinho comercial, onde é possível se abastecer de água gelada e de panos palestinos para proteger a cabeça do sol, a caminhada de três horas tem o ponto de partida no Arco de Adriano, construído para homenagear o imperador que lá esteve no ano de 129. Tudo é grandioso. Cada pedrinha saliente respira história na Praça Oval, cercada por colunas do século I.

Jerash, na Jordânia, passou séculos escondida embaixo da terra/ Foto de Joana Dale

O passeio segue pelos 800 metros de extensão da Rua Cardo, ladeada por pilastras. No meio do caminho, entre ruínas milenares, encontramos a Catedral, uma igreja bizantina do século IV. O templo foi construído após o episódio conhecido como milagre dos porcos de Gadarene. Foi ali que Jesus Cristo teria encontrado um homem louco que vivia nos túmulos perto da entrada da cidade e expulsado os maus espíritos de seu corpo, passando-os para porcos que fugiram em direção à morte nas águas do Lago de Genesaré.



Depois de subir e descer em vias sinuosas calçadas de pedras irregulares, a visita termina no hipódromo, palco de uma luta de gladiadores. A encenação com um elenco de 45 atores vestidos em armaduras é um tanto quanto inusitada para mostrar as técnicas de guerra do Império Romano, com direito a sangue feito com suco de tomate. O segundo ato é uma corrida de bigas, de sete voltas no hipódromo de 245 metros de comprimento por 52 metros de largura. Para encerrar, há duelos entre dez gladiadores. Canastrão, um dos últimos fortões mexe os músculos numa tentativa de conquistar as mulheres da plateia. A diversão é garantida em 45 minutos de show.

Mar Morto tem água salgada e lama negra para relaxar

O Mar Morto fica a 400 metros sob o nível do mar, próximo ao rio Jordão/ Foto de Joana Dale

Após se aventurar no deserto de Wadi Rum, mergulhar nas profundezas do Mar Vermelho, desbravar as preciosidades arquitetônicas de Petra e caminhar pelas ruínas históricas de Jerash, todo mundo merece momentos de dolce far niente às margens do Mar Morto. Não é por acaso que 99% dos itinerários de viagem pela Jordânia terminam nesse estratégico ponto da terra, localizado a cerca de 400 metros abaixo do nível do mar. As energias podem e devem ser recarregadas com uma flutuação básica nessas salgadíssimas águas - devido à concentração de 31,5% de sal, ninguém consegue encostar o pé no fundo do mar.



E nem é bom tentar: se a água atingir os olhos, pode causar irritações. No mais, leve um jornal ou revista para tirar a clássica foto boiando lendo alguma coisa. Mas ninguém consegue ficar muito tempo ali, já que a água é bem forte e faz qualquer mordidinha de mosquito arder muito. Homens, um recado, jamais façam a barba um dia antes de conhecer o Mar Morto.

Após a primeira boiada, chega a hora de se besuntar com a lama negra que ativa a circulação e nutre a pele. Coberto de lama, dos pés ao rosto, é recomendável ficar dez minutos exposto ao sol. Depois, é voltar para as águas salgadas - que concentram alto teor de magnésio, sódio e potássio - e sentir a pele macia como a de um recém-nascido.

Duas ou três noites no Mar Morto são o suficiente. Fora da praia, o turista tem a oportunidade de curtir as piscinas que mais parecem parques aquáticos e os spas dos resorts estrelados da região. São quatro as opções de hospedagem: Keimpinski, Mövenpick, Marriott e Mar Morto Resort. O Mövenpick ganhou fama também por promover animadas noitadas embaladas por dança do ventre. A bailarina, pasmem, é uma brasileira sarada de Chapecó, Santa Catarina, que faz dois shows por dia e mora lá há quatro anos.

Do profano ao sagrado, reserve uma das manhãs no Mar Morto para ir ao encontro do Rio Jordão. A cerca de 30 minutos de ônibus ou carro dos resorts, o local é visitado diariamente por peregrinos. Jordânia e Israel até hoje ainda não se decidiram se o lado do rio onde Jesus Cristo teria recebido o batismo pertence ao território jordaniano ou israelense, e a Bíblia também não deixa isso claro. O fato é que os dois países dispõem de saídas que encontram as águas. Na ala jordaniana, por US$20, é possível fazer o ritual completo do batismo vestido em uma bata branca. Se o turista não quiser comprar a vestimenta, tudo bem também. É possível mergulhar com a roupa do corpo ou apenas botar o pé ou a mão na água. Mas não vá esperando um rio com águas cristalinas. O Rio Jordão tem cor barrenta e lembra um açude.

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