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quarta-feira, 27 de maio de 2020

Com pandemia do coronavírus, Brasil fecha 1,1 milhão de vagas de trabalho entre março e abril

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Apenas em abril, foram fechados 860,5 mil postos de trabalho, o pior resultado para um único mês em 29 anos, segundo dados do Caged divulgados pelo Ministério da Economia. 
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Por Alexandro Martello, G1 — Brasília  
27/05/2020 11h03  Atualizado há 2 horas 
Postado em 27 de maio de 2020 às 13h15m  


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Brasil fechou 860,5 mil vagas de emprego formal em abril
Brasil fechou 860,5 mil vagas de emprego formal em abril

A economia brasileira fechou 1,1 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada entre os meses de março e abril, informou nesta quarta-feira (27) o Ministério da Economia.

Os números, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), são os primeiros a trazer o retrato do impacto da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho brasileiro. A pandemia foi decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março. O Brasil registrou a primeira morte pelo vírus no dia 17 de março.

A pandemia levou governos a adotarem medidas de restrição e isolamento social para reduzir a velocidade do avanço da doença. Essas medidas exigiram o fechamento de grande parte do comércio no país - no início, apenas setores considerados essenciais foram autorizados a permanecer funcionando, como supermercados e farmácias - e também de fábricas, o que provocou a suspensão de contratos de trabalho e também a demissão de trabalhadores.

Os reflexos da pandemia do novo coronavírus estão empurrando a economia mundial para uma forte recessão. No Brasil, estimativa mais recente dos economistas dos bancos é de uma queda de quase 6% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
Miriam Leitão: ‘PIB de 4,7% é a maior recessão da história brasileira em 120 anos'
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De acordo com o Caged, em março, quando os efeitos da crise do coronavírus começaram a ser sentidos, foram fechadas 240.702 vagas formais no país.

Já no mês de abril, a eliminação de vagas de trabalho formais se acelerou: foram 860.503 postos fechados, o pior resultado da série histórica da Secretaria Especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia, que tem início em 1992.

Com isso, foi a maior demissão registrada em um único mês em 29 anos.
O resultado de abril vem da diferença entre as contratações (598.596) e as de demissões (1.459.099) registradas no mês.

O setor de serviços foi o que mais demitiu.
Foram fechadas -362.378 vagas neste setor apenas no mês de abril (leia mais abaixo).

Resultado do Caged - meses de abril
Fonte: Ministério da Economia

Em janeiro e fevereiro deste ano, respectivamente, o governo contabilizou a abertura de 113.155 e de 224.818 vagas com carteira assinada na economia brasileira.

No fim de março, o Ministério da Economia havia suspendido a divulgação do Caged porque empresas haviam deixado de enviar informações, principalmente referentes às demissões de trabalhadores formais, o que poderia comprometer a qualidade dos dados. E pediu que as empresas retificassem e reenviassem as informações.

O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, avaliou que o Caged revelou "números duros" e que "reflete a realidade de pandemia que vivemos."

Entretanto, ele avaliou que o impacto do coronavírus no mercado de trabalho brasileiro foi, até momento, menor do que o visto em outros países, como os EUA, onde o número de pedidos de seguro desemprego já passava de 38 milhões na semana passada.

Bianco citou o programa de manutenção do emprego adotado pelo governo brasileiro que, informou, contou com a adesão de mais de 1 milhão de empresas e beneficiou 8 milhões de trabalhadores (veja detalhes mais abaixo).

A preservação [dos empregos] é algo para se comemorar. Temos de olhar o copo meio cheio e não o copo meio vazio. Estamos preservado empregos e renda, afirmou ele.

Parcial do ano
Os números oficiais do governo mostram também que, nos quatro primeiros meses deste ano, foram fechados 763.232 empregos com carteira assinada.

No acumulado deste ano, ainda de acordo com a área econômica, foram contratados, com carteira assinada, 4.999.981 trabalhadores, e foram fechadas 5.763.213 vagas formais.

Esse é o pior resultado, para esse período, desde o início da série histórica disponibilizada pelo Ministério da Economia - que começa em 2010. Deste modo, é o maior número de demissões para o período de janeiro a abril, ao menos, em 11 anos.

Por setores
Os números do governo revelam que, em abril, houve fechamento de vagas em todos os cinco setores da economia. Mas, no acumulado do ano, houve abertura de vagas no setor de agricultura.

No mês de abril, o setor que mais demitiu foi o de serviços. Já na parcial deste ano, o comércio registrou o maior número de desligamento de trabalhadores.
  • Indústria: -195.968 vagas em abril; e -127.886 empregos na parcial do ano
  • Serviços: -362.378 empregos em abril; e -280.716 vagas no acumulado do ano
  • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: -4.999 vagas em abril; e +10.032 empregos no ano
  • Construção: -66.942 empregos em abril; e -21.837 vagas no acumulado do ano
Comércio: -230.209 vagas em abril; e -342.748 empregos formais de janeiro a abril
Com lojas fechadas, vendas pela internet crescem 30% em três semanas
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Dados regionais
Segundo o governo, houve fechamento de vagas formais, ou seja, com carteira assinada, em todas as regiões do país de janeiro a abril deste ano.
  • Sudeste: -448.603 vagas
  • Sul: -106.838 empregos formais
  • Centro-Oeste: -20.464 vagas
  • Norte: -20.771 empregos
  • Nordeste: -190.081 vagas formais
Programa de Manutenção do Emprego
Para tentar evitar uma perda maior de empregos, o governo federal baixou, no começo de abril, uma Medida Provisória que autorizou a redução da jornada de trabalho com corte de salário de até 70% num período de até três meses.

A medida tem força de lei e já recebeu o aval do Supremo Tribunal Federal, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias para se tornar uma lei em definitivo.

O Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda prevê que o trabalhador permanecerá empregado durante o tempo de vigência dos acordos e pelo mesmo tempo depois que o acordo acabar. Os números do Ministério da Economia mostram que, até esta quarta-feira (27), mais de 8,1 milhões de trabalhadores aderiram ao programa.

Quando lançou o programa no dia 1º de abril, o governo estimou atender atender 24,5 milhões de trabalhadores formais. Ou seja, três vezes mais do que o número de acordos fechados até o momento.

Procurada pelo G1 na semana retrasada , a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho informou, naquele momento, que as previsões estavam mantidas e avaliou, em nota, que "o desempenho do programa é bastante satisfatório".

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